Nanotecnologia melhora ação de remédio contra leishmaniose

Um estudo feito na UFMG pode ajudar as vítimas da leishmaniose, já que usa a nanotecnologia para fazer com que o remédio contra a doença seja muito mais eficiente (foto: Pixabay)

Entre as doenças que mais preocupam, a leishmaniose, com certeza, é uma delas. A enfermidade tem alta incidência no Brasil e vêm sendo alvo de constantes estudos, em decorrência de sua elevada mortalidade. Por não existir um combate 100% efetivo contra o parasita Leishmania, responsável pela doença, mas sim, uma melhoria clínica, sem cura completa, um grupo de pesquisadores mineiros vêm utilizando a nanotecnologia como uma alternativa para a redução da toxicidade de medicamentos disponíveis.

Cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram um sistema que “entrega” o medicamento anfotericina B (AmpB), um dos principais fármacos usados no combate à leishmaniose, em qualquer parte do organismo humano. “Por meio da nanotecnologia, utilizamos moléculas de sulfato de condroitina e quitosana para servirem de arcabouço à incorporação da AmpB, o que permitiu diminuir, em termos significantes, a toxicidade da droga livre e mantêm sua eficácia contra o parasita”, explica Eduardo Antonio Ferraz Coelho, coordenador do estudo da UFMG. Além de ser menos tóxico, o sistema que usa nanopartículas visa também a um tratamento mais econômico para o governo e para a população, podendo ser disponibilizado na rede pública de saúde.

Segundo o pesquisador, isso só é possível graças ao uso do sulfato de condroitina e da quitosana, que são matérias-primas de baixo custo e já aprovadas para utilização em humanos, mas com outros fins. “Por esse motivo, imaginamos que o preço final do produto será bem menor em relação às formulações lipossomais contendo anfotericina B. Além disso, não é necessário nenhum equipamento sofisticado para a preparação de tal sistema de delivery [entrega] contendo a droga”, diz o cientista.

Os testes foram realizados em células humanas e a novidade é que o moderno mecanismo de tratamento poderá, também, ser implementado em cães infectados, já que a AmpB tem espectro de ação tanto em humanos quanto em animais. “Outras drogas, como o Milteforan, cujo uso é aprovado no Brasil para tratamento da leishmaniose visceral canina, também poderão ser incorporadas ao sistema de entrega contendo as nanopartículas. Com menor quantidade de tais drogas nas formulações, acredita-se que a toxicidade será significativamente reduzida, quando comparada à utilização das drogas comerciais na forma pura”, comenta Eduardo Coelho.

FONTE: REVISTA ENCONTRO