Na Trybe, o emprego em tecnologia agora é auditado

Dos desenvolvedores formados no curso da edtech, 92% estão trabalhando com tecnologia; XP, Localiza e Méliuz são as principais contratantes

Concebida há três anos a partir de um modelo que depende da empregabilidade dos alunos, a Trybe quer mostrar que o sucesso dos estudantes não é uma mera peça de marketing. Avaliada em mais de R$ 1 bilhão, a edtech de programação fundada pelo mineiro Matheus Goyas acaba de lançar o primeiro relatório anual para contar a trajetória de seus desenvolvedores formados.

“Falta muita transparência nesse mercado, mas precisamos mudar isso para atrair quem almeja estudar”, disse Goyas ao Pipeline. Diante dessa constatação, a startup estabeleceu o compromisso de acompanhar a carreira de todos os alunos com um objetivo de criar um histórico de longo prazo sobre empregabilidade e evolução salarial.

A tarefa ficou mais fácil porque a vasta maioria dos estudantes — no fim deste ano, a startup vai alcançar a marca de mais de 2 mil alunos formados — opta pelo modelo de sucesso compartilhado da Trybe, o que viabiliza o acesso da startup às informações. Nessa modalidade, o estudante só paga depois de se formar, e apenas se estiver empregado (17% da renda bruta mensal fica para pagar o curso).

Auditado pela Grant Thornton, o primeiro relatório da Trybe mostrou um índice de empregabilidade de 92% na área de tecnologia. O estudo compreende 470 alunos formados nas nove primeiras turmas — todas encerradas até o fim do ano passado. A startup também abre a taxa de conclusão de curso, hoje em 76%. Ao todo, 159 pessoas desistiram da formação.

Além do alto índice de emprego, o que valida a tese da Trybe sobre o necessidade de formar desenvolvedores diante da escassez de profissionais de tecnologia no mundo, o relatório também mostra que os profissionais ganham renda ao longo do tempo. Mais da metade dos formados tiveram um aumento médio de 26% em menos de seis meses do primeiro emprego. O salário médio está em R$ 4,5 mil.

Os números também mostram que a Trybe foi relevante na geração dos empregos. Dos alunos que se formaram nas nove primeiras turmas, 67% foram contratados por empresas que chegaram até eles por intermédio da startup. Localiza, Méliuz e XP são os campeões de contratações de alunos da edtech.

Com o relatório, Goyas quer mostrar que os empregos criados são sustentáveis. No relatório do ano que vem, a base vai crescer e incorporar os mais de 2 mil desenvolvedores formados. “Em 2025 um estudante vai poder tomar a decisão de se matricular sabendo como pode ser futuro dele em cinco anos”, conta.

Enquanto mostra o sucesso de seu único produto, o fundador da Trybe reconhece que o ambiente se tornou mais adverso no mercado de inovação e tecnologia, o que afetou os planos da própria empresa. No mês passado, a startup demitiu 47 pessoas, 10% do quadro de funcionários.

Além das demissões, a startup suspendeu todos os novos projetos para poupar caixa. No ano passado, quando levantou US$ 27 milhões em uma rodada liderada por Base Partners e Untitled Investments, a Trybe pretendia utilizar os recursos para desenvolver novas soluções financeiras para sua fintech e lançar novos cursos.

Com a crise das startups, a empresa decidiu concentrar os esforços no curso de desenvolvimento web, o carro-chefe do negócio. “Temos bastante confiança em tudo o que estamos fazendo, mas é importante ser conservador porque não sabemos quando o mercado voltará a se abrir”.

Quando a turbulência passar, a Trybe quer estar pronta para voos maiores — e com uma montanha de dados a tiracolo para mostrar o histórico de sucesso dos alunos.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/na-trybe-o-emprego-em-tecnologia-agora-e-auditado.ghtml