Na HSM, mais uma peça para se consolidar como uma edtech

Pertencente ao grupo Ânima Educação, a empresa traz para o Brasil a gigante americana de ensino à distância Udemy for Business. O CEO, Reynaldo Gama, contou os detalhes com exclusividade ao Neofeed.

Reynaldo Gama, CEO da HSM

Em 2019, o executivo Reynaldo Gama estava no Cubo, do Itaú, quando recebeu o convite de Daniel Castanho, do Grupo Ânima. A empresa de educação, avaliada em R$ 2,7 bilhões na bolsa, tinha comprado a HSM, focada em eventos corporativos presenciais, e queria transformá-la em uma edtech. Não era uma missão trivial, mas Gama aceitou o desafio e começou um grande processo de transformação na empresa com mais de 30 anos de vida.

Ele criou um hub, batizado de Learning Village, concentrando várias startups ligadas a educação em um prédio no bairro paulistano da Vila Madalena, fechou parceria com a Singularity University e, praticamente, pivotou o negócio. Agora dá mais um passo na construção desse ecossistema. A plataforma de educação corporativa anuncia nesta quarta-feira, 23 de novembro, uma parceria com a gigante americana Udemy for Business.

“A gente quer se colocar no mercado como um ‘one stop shop’ e a Udemy for Businnes complementa isso”, diz Reynaldo Gama, CEO da HSM, com exclusividade ao NeoFeed. Ou seja, a empresa pretende se firmar como um grande balcão de cursos e programas focados no aperfeiçoamento profissional de executivos.

Fundada em 2010, na cidade de São Francisco, pelo engenheiro e empresário de tecnologia turco Eren Bali, a Udemy é uma das gigantes do ensino à distância. Aproximadamente, 50 milhões de pessoas, ao redor do mundo, já fizeram um dos 16 mil cursos oferecidos pela companhia californiana.

A HSM quer aproveitar o alcance global da Udemy para conquistar o mercado exterior. A internacionalização da marca começou a ser desenhada em meados de 2019, quando a plataforma trouxe para o Brasil a Singularity University, a famosa escola de negócios do Vale do Silício. “A partir desse momento, o mercado internacional começou a prestar atenção na gente”, conta Gama.

Hoje, a HSM é o sétimo country-partner da universidade americana no mundo – e o único na América Latina. O cardápio de produtos da HSM já é bastante vasto: 20 mil cursos e programas. Acrescentar mais modalidades não seria mais do mesmo? O CEO garante que não. A Udemy vem diversificar ainda mais o portifólio da empresa.

Os cursos da empresa de São Francisco tendem a ser mais baratos e são oferecidos em 14 idiomas. A título de comparação, os da SingularityU Brazil destinam-se sobretudo a executivos C-level e custam em torno de R$ 40 mil, por três dias e meio de imersão. “Queremos ampliar o acesso à educação executiva”, defende Gama. “E, hoje em dia, não há mais espaço para a pasteurização, o ensino tem de ser personalizado.”

Os programas oferecidos pela HSM vão de temas mais áridos como engenharia e data science ao aprimoramento dos chamados “soft skills”, como desenvolvimento pessoal e coletivo para o autoconhecimento ou elevação da consciência.

Há cursos assíncronos ou síncronos, virtuais ou presenciais. Alguns, como os da Udemy, seguem o modelo B2B (business-to-business), outros, o B2C (business-to-consumer) e ainda os B2B2C (business-to-business-to-consumer).

O Learning Village, hub da HSM em São Paulo

“A HSM é uma empresa de 35 anos, com alma de edtech”, define Gama. Até agora, a plataforma já atendeu mil clientes corporativos, 500 mil pessoas nos cursos presenciais e um milhão, nos virtuais. Entre 2019 e 2021, o número de pessoas capacitadas registrou um aumento de 197%.

O crescimento da companhia vem a reboque de uma mudança no mercado de educação: com o avanço de tecnologias e conhecimento, a formação de um profissional não se encerra com o diploma de pós-graduação. Sem data para acabar, o aprendizado é contínuo – o chamado “lifelong learning”. E, nessa área, a HSM não está sozinha.

Globalmente, o setor de educação corporativa movimenta cerca de US$ 395 bilhões, por ano, segundo a consultoria Azoth Analytics. No Brasil, a concorrência é acirrada. Estão na disputa com a HSM centros renomados como a Fundação Dom Cabral, a G4, a Startse e a Saint Paul Escola de Negócios, entre outros.

Lançada em 1976, a Fundação Dom Cabral, por exemplo, é a única brasileira entre as dez melhores escolas de negócios do mundo, no ranking elaborado anualmente pelo jornal inglês Financial Times.

A avaliação está baseada sobretudo na percepção de clientes e participantes, mas leva em consideração também crescimento de receita, quantidade e qualidade de parcerias e a diversidade do corpo docente. Já a Saint Paul é a única instituição das Américas a ter seu ensino à distância cerificado pela European Foundation for Management Development.

A G4 e a Startse, por sua vez, apostam em conteúdos da nova economia. Criada por Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi, Alfredo Soares, sócio da VTEX e CEO da Loja Integrada, e por Bruno Nardon, cofundador da Kanui e ex-CEO da Rappi, a G4 tem como foco os empresários de companhias de médio porte.

Sob o conceito de ensinar o beabá do que classifica como gestão 4.0, a empresa investe em cursos presenciais e online, com trilhas personalizadas, além de um portfólio que envolve ainda recursos como um marketplace e um pacote de softwares destinado a esse público.

Com a gestora Pátria como investidora, a Startse fez uma reestruturação da sua oferta durante a pandemia, ao dar mais peso à oferta de conteúdos online e ao lançamento de uma plataforma que reúne boa parte de seus conteúdos, inclusive no exterior, em países como Portugal.

FONTE: https://neofeed.com.br/blog/home/na-hsm-mais-uma-peca-para-se-consolidar-como-uma-edtech/