Mulheres estão liderando startups – mas estes desafios continuam

empreendedorismo brasileiro nas startups ainda está concentrado no sexo masculino. Aos poucos e ainda enfrentando muitos desafios, a presença de fundadoras mulheres em negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos está se tornando mais visível.

A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) mapeou mais de 12 mil empreendimentos e verificou que 84,3% dos empreendedores são do sexo masculino, contra 15,7% do sexo feminino. A falta de captação de recursos, de autoconfiança e de incentivo para a entrada no mercado de tecnologia continuam como desafios para que essa porcentagem aumente.

Fundadoras de startups
A plataforma de inovação Distrito fez um levantamento da porcentagem de mulheres em sociedades de startups brasileiras. A base também possui mais de 12 mil startups.

O setor que mais têm presença feminina é o de startups do setor jurídico (legaltechs), com 25% de mulheres sócias. O último é o de startups do setor financeiro (fintechs), com 11%. Mesmo assim, está justamente em uma fintech a única mulher fundadora entre os nove unicórnios brasileiros: Cristina Junqueira, do Nubank. Unicórnios são startups com avaliação de mercado de um bilhão de dólares ou mais.

“O mercado de fintechs hoje reflete muito o mercado financeiro, com uma baixa representatividade feminina, especialmente em posições de liderança”, diz Ingrid Barth, diretora da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e fundadora do banco digital focado em startups Linker.

“Nossa equipe hoje tem 50% de presença feminina e 50% de presença masculina e eu tenho certeza que isso só se dá por termos uma fundadora mulher. Inconscientemente, a gente acaba atraindo outras mulheres. É uma demonstração empírica da importância de se ter uma mulher em um cargo de liderança.”

Desafios para empreendedoras mulheres
Um dos principais desafios para empreendedoras mulheres em startups está em confrontar o olhar dos investidores, também parte de um mercado em sua maioria masculino.

O International Finance Corporation, braço financeiro do Banco Mundial, aponta que 8% dos fundos de Private Equity ou Venture Capital na América Latina têm mulheres na equipe de liderança. Em 2019, 20 bilhões de dólares (13% dos recursos deste ano) foram aportados mundialmente em startups fundadas e cofundadas por empreendedoras.

Alguns destaques foram Cindy Mi e Jessie Chen, que levantaram uma rodada série D de 150 milhões de dólares para sua plataforma de aulas com professores de inglês americanos VIPKID; Shivani Siroya, que levantou 110 milhões de dólares em uma rodada série D para sua startup de serviços financeiros queniana Tala; e Kelly Tiller, que criou a startup de produção de biomassa Genera Energy e já captou um investimento de 118 milhões de dólares.

Outro obstáculo está em fazê-las se enxergarem como donas de uma startup ou como boas profissionais. O Cubo Itaú realiza há dois anos iniciativas para discutir a liderança feminina entre mulheres que já o são ou querem ocupar essa posição de destaque. Também desenvolve o Women in Tech, programa que incentiva, capacita e aumenta a participação das mulheres nos mercados de empreendedorismo e tecnologia.

“Ainda é necessário criar incentivos constantes”, afirma a codiretora Renata Zanuto. Ela mensalmente lidera o encontro presencial Mulheres ao Cubo, reunindo empreendedoras e funcionárias do espaço. Elas ainda têm receio de se candidatar a uma vaga para a qual tenham chance caso não preencham 100% dos requisitos, por exemplo.

No espaço de empreendedorismo tecnológico Cubo Itaú, há mais de 300 startups participantes de seu espaço físico na cidade de São Paulo ou de sua plataforma digital. Cerca de 42 delas são lideradas por mulheres.

A proporção ainda é similar à vista no mercado de startups como um todo – mas tem tudo para se transformar diante dos últimos passos dados por quem promove o ecossistema de inovação.

FONTE: PEGN