Meta recomenda que empresas não sejam ousadas demais ao entrar no metaverso

Stephane Kasriel, head of Commerce & Fintech da empresa, afirma que o melhor modo de se lançar no ambiente virtual é oferecendo uma experiência muito parecida à do mundo físico.

Stephane Kasriel, head of Commerce & Fintech da Meta, e Sanjib Kalita, editor-chefe do Money20/20 — Foto: Ana Laura Stachewski

A Meta tem apostado todas as suas fichas no metaverso, com a promessa de revolucionar o modo como as pessoas interagem. Além das relações pessoais, a expectativa é que o consumo migre para esse universo, e empresas já têm se movimentado para levar produtos, serviços e experiências até ele. Mas, para Stephane Kasriel, head of Commerce & Fintech da Meta, elas não devem se empolgar demais com as várias possibilidades da realidade virtual. Ao menos, não inicialmente.

“Existem mundos com gravidade zero, nos quais você sente que está voando e literalmente não consegue colocar os pés no chão. É incrível, mas não como a primeira experiência”, disse, durante participação na conferência Money20/20, em Las Vegas, nos Estados Unidos. “Ela começa com a construção de uma presença no metaverso que parece e passa a mesma sensação da presença que você tem no mundo físico.”

Diante de uma plateia composta por executivos que atuam ou têm interesse no setor financeiro, ele usou os bancos como exemplo para ilustrar o seu argumento. “Eventualmente, haverá agências bancárias dentro do metaverso, e eu suspeito que elas serão muito mais legais do que as renderizações 3D de filiais que elas podem estar utilizando hoje.” A própria Meta, vale dizer, tem sido alvo de críticas pela qualidade dos seus avatares no metaverso.

A lógica dos serviços oferecidos também deverá ser ajustada a esse ambiente. Kasriel aponta, por exemplo, que o modo como as autenticações de usuários são feitas hoje não funcionam bem no metaverso. “Você está com seus óculos, e de repente há um alerta de segurança que o força a pegar seu telefone. Isso é péssimo”, diz o executivo. “Essa é uma das muitas coisas que foram desenhadas para a internet 2D, em que você está longe da tela. Na internet 3D, você está dentro da experiência.”

Questionado pelo mediador da conversa, Sanjib Kalita, editor-chefe do Money2020, sobre por que os agentes do setor financeiro deveriam se importar com o metaverso, Kariel respondeu rindo, em tom irônico: “Por que há muito dinheiro a ser feito?”. Ele aponta que muitas das experiências oferecidas no ambiente são versões 3D do que os aplicativos oferecem hoje. Ou seja, há oportunidades de vendas e oferta de planos de assinatura. “A maioria das pessoas nunca paga por nada, mas algumas querem ter acesso a uma experiência VIP.”

Sua recomendação final para empresários que querem entrar no metaverso é começar a usá-lo como consumidores. “Aproveite as boas experiências e veja o que tem problemas. Há muitas coisas que ainda não estão funcionando bem, e encontrar algo que provoque uma dor é geralmente uma boa fonte de inspiração.”

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/tecnologia/noticia/2022/10/meta-recomenda-que-empresas-nao-sejam-ousadas-demais-ao-entrar-no-metaverso.ghtml