Mercado tech para pets na China cresce e tem até reconhecimento de focinho

A cada ano, aumenta em 15% o número de animas de estimação no país, o que abre espaço para startups e serviços neste mercado

Labrador Puppy with Dirty Nose

Em 1949, quando o Partido Comunista chegou ao poder na China, ter animais de estimação foi taxado como um capricho burguês. Agora, 70 anos depois, o número de pets registrados no país cresce 15% ao ano e já é o terceiro maior mercado do mundo – atrás de EUA e Japão. Neste cenário, startups e grandes empresas escalam com serviços voltados a este nicho.

Para a norte-americana Erin Leigh, que mora há sete anos na China, uma transformação cultural está em curso no país. “A mudança de mentalidade, especialmente em relação ao tratamento dos animais, é impressionante”, afirma, em entrevista à StartSe.

Sua tese é reforçada por uma série de transições na sociedade chinesa. Segundo a Reuters, a maior adoção de animais domésticos está relacionada ao crescimento da classe média, à urbanização massiva, ao maior número de idosos e à maior demora para pessoas casarem e terem filhos.

A mudança de mentalidade gera novas oportunidades de mercado – e não o contrário, na visão de Leigh, que se tornou uma empreendedora do meio.

Spare Leash

Há três anos, a norte-americana decidiu empreender fundou a startup Spare Leash, cujo principal serviço é uma espécie de “Airbnb” para cuidadores de animais de estimação, como ela mesmo descreve. A solução funciona da seguinte forma: um cuidador de pets, certificado pela equipe da startup, fica na casa do dono, enquanto ele está viajando, para supervisionar e alimentar o bicho. Eu tinha um cachorro idoso e era uma necessidade minha que ele não precisasse ficar em outro lugar enquanto eu estava fora”, explica Erin Leigh.

Desde então, a Spare Leash criou cinco novos serviços que conectam donos de animais domésticos a cuidadores: passeio de cachorros, check in (para os animais que não precisam de cuidados constantes, apenas uma visita diária), embarque de cachorros (em que o cão fica na casa do cuidador), visita de um veterinário e treinamento de cães.

Todo o modelo de negócio é baseado na ideia de que animais não devem ficar enjaulados – especialmente quando o dono está ausente, um período sensível para os pets – e, principalmente, na confiança entre os donos e os cuidadores. “Explicamos aos investidores que não estamos dispostos, neste momento, a abandonar a verificação pessoal de todos os cuidadores da plataforma, por que o nosso valor número 1 é a confiança”, revela Erin.

Quando a empreendedora iniciou seu negócio ao lado da cofundadora Elsa Medin, da Rússia, ela acreditava que estavam fazendo uma empresa de cuidadores de cachorros. “Depois de passar por aceleração na Chinaccelerator, percebi que liderávamos uma startup de tecnologia”, diz. Hoje, a plataforma já atendeu mais de três mil donos de animais de estimação.

Reconhecimento de focinho

A startup Megvii fez o caminho oposto: a empresa da área de tecnologia viu o potencial do mercado de pets na China. A Megvii é uma das fornecedoras de softwares de reconhecimento facial para o governo, e criou um sistema que consegue reconhecer a identidade de um cachorro pela biometria do focinho.

Como uma impressão digital de uma pessoa, o focinho de um cão tem certas características que o diferencia dos demais. Usando o app da startup, o dono pode escanear o nariz de seu animal de estimação para que ele entre na base de dados da plataforma. Assim, ele pode ser identificado em caso de perda por outras pessoas que usem o Megvii – com uma assertividade de 95%, segundo a empresa.

A empresa afirma que a tecnologia também pode ser usada pelo governo chinês afim de garantir boas práticas em relação aos animais. Por exemplo, evitar que cães andem sem coleira nas ruas ou que os donos deixem de limpar as fezes de seus bichos de estimação. Entre as investidoras da Megvii está a Alibaba, gigante do e-commerce, varejo e serviços digitais da China.

E-commerce para pets

Diversos sites de vendas de produtos para pets surfam no crescimento do mercado chinês. Entre estes, vale o destaque para o Boqii, cujo principal investidor é o banco Goldman Sachs.

A plataforma, com sede em Shanghai, já impactou 12 milhões de clientes e pretende fazer sua oferta inicial de ações (IPO) na bolsa de Hong-Kong para levantar US$ 100 milhões, segundo a Bloomberg. No e-commerce, há produtos para gatos, cachorros e também animais exóticos, como tartarugas, lagartos, coelhos, entre outros.

 FONTE: STARTSE