Mais satélites O3b mPOWER são lançados. Quais são os próximos passos?

A constelação dos satélites de internet O3b mPOWER, da SES, acaba de crescer. A empresa lançou dois novos satélites no dia 28 de abril, que vão se juntar a outros dois lançados no ano passado para oferecer conexão de alto desempenho aos seus usuários, independentemente de estarem na água, no solo ou no ar.

Mesmo com o céu encoberto, o lançamento dos novos satélites foi realizado por um foguete Falcon 9, da SpaceX. O veículo deixou a plataforma da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral às 19h12, no horário de Brasília.

Alguns minutos após o início da missão, o propulsor retornou para pousar na embarcação Just Read the Instructions, no oceano Atlântico. Este booster foi usado para lançar a missão Crew-6 à Estação Espacial Internacional em março e, após seu voo mais recente, vai passar por manutenção para ser usado em outras missões espaciais.

Enquanto isso, o primeiro estágio seguiu viagem, levando a dupla de satélites ao espaço. A SES já confirmou o contato com os novos dispositivos que, agora, vão passar alguns meses seguindo à órbita média da Terra para iniciar suas operações. “Hoje, estamos mais perto de cumprir nossa promessa de uma nova era de conectividade”, comemorou Steve Collar, CEO da empresa.

Os satélites O3b mPOWER

Construídos pela Boeing e revelados em 2021, os satélites O3b mPOWER vão compor uma constelação composta por 11 unidades; contudo, apenas seis delas são necessárias para começar a levar a conexão aos usuários. “Estes satélites vão orbitar a Terra e vão entregar um nível completamente diferente de conectividade a empresas, governos, regiões rurais, aviões no ar e navios no mar”, disse Collar, em entrevista ao Canaltech.

A SES planeja inicialmente 11 satélites em sua constelação, mas ela pode ser expandida, se necessário (Imagem: Reprodução/SES)

Ele destaca que um dos diferenciais dos satélites é a órbita deles: como foram projetados para ficar na órbita média da Terra, a cerca de 8 mil km de altitude, o tempo que leva para os sinais chegarem ao satélite e serem retransmitidos aos usuários é significativamente menor. “É como ter uma conexão terrestre”, explicou.

A SES planeja lançar novos satélites da constelação em junho e, em setembro, estima que vai poder começar a oferecer o serviço para os clientes; isso não significa, no entanto, que a empresa deve parar por aí. “Um dos aspectos únicos da nossa constelação e da órbita média da Terra é que ela [a constelação] é muito escalável”, observou Steve.

Em outras palavras, a empresa pode expandir sua constelação conforme receber os resultados e perceber a demanda — e já há planos para fazer isso no futuro, com um possível foco nos polos da Terra. “Nossa terceira geração provavelmente nos permitirá [oferecer] cobertura aos polos […] poderemos cobrir os polos sul e norte, e principalmente o norte, onde há voos de muitas linhas aéreas”, sugeriu ele.

Conexão via satélite no Brasil

Enquanto trabalha na expansão da constelação dos satélites O3b mPOWER, a SES conta há anos com os satélites O3b, pertencentes à primeira geração. Os primeiros chegaram à órbita média da Terra em junho de 2013 e seguem oferecendo conexão à internet — inclusive no Brasil.

A conexão dos satélites O3b mPOWER, da SES, já chegou a cidades da região amazônica (Imagem: Reprodução/SES)

O fornecimento de conexão a diferentes regiões do Brasil foi além, e prova disso foi apresentada no ano passado, quando a SES anunciou um contrato com a Embratel e Claro para levar conexão 4G e 5G a pelo menos oito cidades da região amazônica. “Nós investimos na infraestrutura, construímos uma torre e deixamos as operadoras compartilharem [a infraestrutura]”, explicou ele.

A infraestrutura foi construída no norte do Brasil e, depois de pronta, as operadoras interessadas podem usá-la para oferecer conexão por meio dela. “Nós diminuímos a barreira de entrada [para a conexão], e isso foi algo que criou este sucesso”, acrescentou. “Podemos esperar [a conexão dos satélites] O3b mPOWER aparecendo em mais e mais cidades no norte do Brasil”, adiantou Collar. Além da conectividade fornecida àquela região, a empresa vem trabalhando para levar a conexão dos satélites a locais mais afastados, como plataformas marítimas a centenas de quilômetros da costa brasileira.

Ainda, a SES quer buscar formas para integrar os serviços as capacidades às necessidades governamentais, aproveitando a grande capacidade de transmissão de dados dos satélites. “Nossa ambição é tornar os O3b mPOWER parte da infraestrutura nacional de diferentes governos, e acho que o Brasil é um exemplo perfeito de como os brasileiros e o governo podem ser beneficiados”, finalizou o CEO.

FONTE: https://canaltech.com.br/espaco/mais-satelites-o3b-mpower-sao-lancados-quais-sao-os-proximos-passos-249084/