Investida de Lemann e Softbank, Open Co faz fusão com BizCapital

Fintechs somam R$ 5 bilhões em operações de crédito sem garantia para pessoa física e PME.

Uma das pioneiras no empréstimo sem garantia para pessoa física no país, a Open Co (antiga Geru) acaba de anunciar uma fusão com a BizCapital. A transação marca a entrada da fintech no B2B e consolida um grupo agora com R$ 5 bilhões em operações originadas, numa estratégia para navegar melhor um cenário especialmente desafiador para o mercado de crédito. O negócio foi efetivado sem envolver capital financeiro, com a troca de participações.

“Como nunca fomos concorrentes diretos, esse namoro vinha acontecendo há algum tempo já. Eu acompanho a Biz de perto desde a fundação e cheguei a fazer parte do conselho. Somos os irmãos separados na maternidade”, brinca Sandro Reiss, CEO da Open Co. Mas por mais que as operações fossem naturalmente complementares, as conversas exigiram uma boa dose de planejamento por parte da dupla até um consenso de que era o melhor momento para unir operações, conta Francisco Ferreira, fundador da BizCapital. “O timing agora é muito bom.”

A própria Open Co nasceu de uma fusão em 2021, entre a Geru e a Rebel, e tem expandido sua atuação via M&A. A fintech incorporou, no fim do ano passado, a BoletoFlex e sua solução de buy now pay later (BNPL), a versão americana do velho crediário. Agora, com a entrada da BizCapital, passa a atender de forma mais estruturada pequenos e médios empreendedores — cerca de 20% do portfólio da empresa já apoiava negócios incipientes, mas via empréstimos em nome do fundador da contratante.

A Open Co atende cerca de 10 milhões de pessoas físicas, enquanto a BizCapital traz cerca de um milhão de PMEs para a base de clientes. Com 20 milhões de pequenos negócios ativos no país, há um grande espaço para crescer no segmento. O CEO permanece sendo Reiss, enquanto seu sócio Rafael Pereira ocupa o cargo de COO. Os cofundadores da BizCapital, Ferreira e Cristiano Rocha, coordenam a área de produto, como CTO e CRO, respectivamente. A marca será mantida.

“Hoje existe uma tendência natural da busca por crédito de forma integrada por parte das PME, justamente por conta de um gap absurdo que existe no mercado”, avalia Ferreira. “Acho que a gente caminha para ter cada vez mais soluções para esse público, ainda mais com o Brasil passando por avanços regulatórios e tecnológicos para baratear o crédito.”

Juntas, a Open Co e a BizCapital já levantaram cerca de US$ 190 milhões com equity, sendo a rodada mais recente um aporte do Softbank, em dezembro de 2021, na fintech para pessoas físicas. As duas fintechs já tinham alguns acionistas em comum, como Chromo Invest e Monashees. Ainda vão permanecer entre os principais acionistas a XP Asset, o IFC e o LTS, fundo de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

Enquanto os juros altos enxugam a liquidez de capital de risco e tornam captações mais desafiadoras, os executivos da Open garantem estar em uma posição financeira confortável com a monetização de sua base de clientes, ainda que o negócio continue queimando caixa por decisão estratégica.

“O ciclo de mercado recente não é de crescimento, tem juro alto, inadimplência, e a gente sempre se financiou via mercado de capitais. Só que a gente tem um negócio provado, altamente escalável, uma base de clientes ativa forte. Nossos planos no curto prazo têm mais a ver com continuar investindo para melhorar o portfólio de produtos e fortalecer relações com parceiros”, explica Reiss.

FONTE:

https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/investida-de-lemann-e-softbank-open-co-faz-fusao-com-bizcapital.ghtml