Internet das Coisas é chave para o futuro do Brasil

De acordo com a ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), no ano de 2017 a balança comercial brasileira do setor de eletroeletrônicos registrou um déficit total de 23,8 bilhões de dólares (cerca de 80 bilhões de reais, em valores atuais). O Brasil gasta mais de quatro vezes aquilo que ganha neste setor. E essa é somente mais uma confirmação daquela nossa conhecida tendência ao desequilíbrio comercial, ao exportar matérias-primas e commodities e importar produtos manufaturados e de alta tecnologia.

Por outro lado, existem importantes sementes em germinação nos tempos atuais. Tecnologias emergentes podem mudar esse cenário, e estimular um novo tipo de desenvolvimento inovador, distribuído e cooperativo. Um dos maiores exemplos de horizonte aberto a soluções radicalmente novas é a Internet das Coisas. Trata-se de um campo em franca expansão, cujos diferentes mercados ainda estão longe de uma acomodação. A cada semana surgem soluções tecnológicas, aplicações e entendimentos que se desdobram em possibilidades totalmente novas.

A Internet das Coisas oferece soluções para diversas áreas: do planejamento urbano à produção agrícola, passando por logística, produção industrial e até a preservação do meio ambiente. O Brasil certamente tem demandas em todos esses campos. E tem à frente a oportunidade de tornar-se uma liderança internacional.

Apesar de honrosas exceções, entretanto, nossa história recente coloca o país em posição passiva, de mero consumidor de equipamentos eletroeletrônicos e de alta tecnologia. Quando muito, plantas industriais localizadas no Brasil produzem, integram ou montam equipamentos que foram projetados fora do país. Participamos pouco daquela que é justamente a etapa mais transformadora: a criação das soluções tecnológicas.

“O futuro da computação em nuvem e neblina / Internet das Coisas precisa adaptar-se para conectar pessoas, dispositivos e suas redes de forma otimizada, segura e dinâmica”, afirma Jon “maddog” Hall, CEO da OptDyn. “O Brasil tem plenas condições de utilizar sua criatividade, talento e força de vontade para assumir um papel central nestes campos.”

Em tempos hiperconectados, a própria natureza da inovação tecnológica transcende fronteiras, e é aí que estão as oportunidades. Um exemplo significativo é um projeto que vem sendo desenvolvido há quatro anos em cooperação transnacional, e agora começa a colher resultados. O Subutai Blockchain Router – https://subutai.io/router.html – é um produto de novíssima geração que reúne funcionalidades de roteador doméstico, servidor de nuvem P2P (peer-to-peer), gateway de Internet das Coisas e minerador de criptomoedas, com baixo consumo de energia.

Anunciado recentemente, o equipamento foi desenvolvido de forma cooperativa entre o LSI-TEC, uma design house brasileira; o CITI-USP, centro interdisciplinar localizado na Universidade de São Paulo (USP); e a OptDyn, empresa cujas equipes de desenvolvimento estão distribuídas entre Brasil, Turquia, Quirguistão, China e Malásia. O equipamento será fabricado em solo brasileiro, com data estimada de entrega a partir do segundo semestre de 2018. O roteador terá diferentes versões: residencial, comercial, industrial e de missão crítica.

“Estamos muito entusiasmados com o Subutai Blockchain Router”, afirma o Dr. Marcelo Zuffo, que lidera o Projeto de Internet das Coisas no CITI-USP. “O Subutai Blockchain Router, como gateway seguro de Internet das Coisas, pode possibilitar desde a Indústria 4.0 até projetos de Cidades Inteligentes no Brasil. Estamos muito empolgados de completar esta última parte do quebra-cabeça junto à OptDyn”.

São desenvolvimentos como este que iluminam os caminhos da Internet das Coisas e permitem ao setor de tecnologia brasileiro sonhar com a superação de barreiras históricas que nos colocam em relação assimétrica com os países centrais. Que estas iniciativas se desenvolvam e multipliquem!

FONTE: EXAME