Para superar a escassez de médicos na China, algumas empresas de tecnologia optam por máquinas que, graças à inteligência artificial, interpretam a frequência cardíaca ou as radiografias de um paciente.
Qu Jianguo, aposentado de 64 anos, coloca o pulso em um bracelete de metal colocado sobre a mesa. Alguns minutos depois, recebe em seu telefone celular uma análise médica realizada a partir dos batimentos cardíacos, tudo isso prescindindo de médicos.
Este aparelho criado pela empresa “Ping An Good Doctor” atraiu os olhares durante a Exposição Mundial de Inteligência Artificial, em Xangai, realizada entre 17 e 19 de setembro. Uma boa notícia para a China, que quer liderar os avanços tecnológicos no âmbito médico.
Diagnóstico express –
Os pacientes introduzem dados pessoais e seu histórico médico no aplicativo da empresa e então descrevem seus sintomas. Partindo desta base, a inteligência artificial emite um diagnóstico, que é enviado a um médico.
Este último ganha tempo: basta verificar e validar a pré-análise realizada pelo sistema e escrever, se for necessário, uma receita digital, de modo que os pacientes não precisariam ir a um dispensário.
“Sem dúvida isto pode ajudar a resolver o problema da escassez de médicos. A inteligência artificial pode eximi-los dos gestos banais, simples e repetitivos”, aponta o médico Liu Kang, ex-funcionário do prestigioso hospital Xiehe em Pequim.
“A China ainda se encontra em uma fase de recuperação neste âmbito”, reconhece.
Nos Estados Unidos e na União Europeia (UE), as start-ups e os pesquisadores já se lançaram há algum tempo ao desenvolvimento de tecnologias para resolver as questões de saúde.
A China se inspirou neles e, com a ajuda da inteligência artificial e de big data, cria dispositivos para facilitar o diagnóstico, realizar intervenções cirúrgicas com robôs e participar no desenvolvimento de novos medicamentos.
Um médico de verdade’ –
Há escassez de bons médicos no país, e estes se concentram nas cidades grandes.
“Imitamos ou reproduzimos as técnicas dos médicos qualificados, dos melhores hospitais, e as difundimos nas localidades menores”, explica Fang Qu, diretor técnico da Proxima, uma empresa especializada em diagnósticos de tomografia.
Falta convencer os pacientes do potencial desta revolução. Qu Jianguo, o aposentado que testou o aparelho que mede os batimentos, é cético.
“Ainda não é o mesmo que um médico. E além disso não entendo muito bem os resultados”, explica. “Continuo precisando de um médico de verdade na minha frente”.