Inteligência Artificial: o algoritmo está um passo à frente de nós

À medida que a tecnologia avança, provoca mudanças, algumas sutis, outras arrebatadoras. Nesse processo, é comum que sintamos medo, pois somos algo resistentes à mudança. Procuramos na vida rotina e constância, a fim de encontrar zonas de conforto. Logo, não raro o avançar da tecnologia tem de responder a temores e desconfianças.

É o caso da aplicação de inteligência artificial. Hoje, há casos variados de uso de sistemas que aplicam IA, automatizando processos e acelerando tomadas de decisão.

É só pensarmos em processos corporativos de seleção, que passam por avaliações e ranqueamento automatizados de candidatos para determinar os melhores perfis para as vagas abertas. Poderíamos citar também os métodos de análise de crédito ou mesmo a mecânica de direcionamento de anúncios na Internet – que, de repente, te trouxe até aqui.

Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial otimiza processos e reduz riscos Fonte: Getty Images

Simplificando bastante, os modelos citados baseiam-se em análise preditiva. Em resumo, algoritmos se encarregam de analisar dados históricos e, assim, preveem a probabilidade de determinados eventos ocorrerem e a melhor decisão para o cenário em questão.

No caso de crédito, por exemplo, a tecnologia pode definir o risco de determinado empréstimo deixar de ser pago, determinando, portanto, a melhor taxa a ser aplicada.

Afinal, devemos optar pela Inteligência Artificial ou não?

Há quem diga que, ao optarmos por recorrer ao auxílio das máquinas para tomada de decisões, estaríamos reduzindo pessoas humanas a um conjunto de números, os privando do benefício da dúvida e de suas capacidades de desafiar probabilidades.

Ao determinarmos a probabilidade de um indivíduo se encaixar em uma vaga de emprego olhando mecanicamente para o seu passado – currículo, experiências prévias etc –, estaríamos eliminando a possibilidade de que esse alguém viesse a superar as expectativas caso tivesse uma chance. As predições, que inicialmente não passam de um palpite, estariam sendo tratadas como certezas.

Contudo, apesar de qualquer receio, não há como negar que a aplicação da tecnologia acelera processos, traz assertividade e combate riscos. O fato é que qualquer tomada de decisão, humana ou mecanizada, está sujeita a erros e vieses.

Mais do que isso, não há e nunca haverá mundo perfeito. Nada garante que a mera colocação de seres humanos (subjetivos por natureza) a cargo exclusivo de decisões evitaria injustiças ou abusos. Na verdade, em muitos casos, a ciência demonstra exatamente o contrário: a objetividade dos algoritmos resolve muitos dos problemas decisórios.

Assim, em vez de cogitar banir o uso da tecnologia, talvez o melhor caminho seja tentar encontrar um equilíbrio: preservar o avanço tecnológico, mas prevenir a ocorrência de danos a partir da identificação e mitigação de riscos.

Essa é a proposta da Comissão Europeia para a regulação da inteligência artificial, que fez aniversário há poucos meses. Em síntese, a regulação requer que os sistemas de inteligência artificial passem por uma análise inicial de riscos envolvidos, que ditará o nível de obrigações a serem cumpridas pelos responsáveis.

No Brasil, o Senado Federal inaugurou uma Comissão de juristas para formatar nossa futura regulação sobre o tema, a qual, recentemente, recebeu contribuições de vários atores da sociedade em consulta pública.

Nesse contexto, torcemos para que a futura regulação brasileira promova o desenvolvimento econômico e a inovação e, assim, acolha a abordagem baseada no risco e na confiança digital corporativa, distanciando-se da temerária estratégia, dos que tem medo, que visa proibir e conter o avanço tecnológico.

FONTE: https://www.tecmundo.com.br/internet/245874-inteligencia-artificial-algoritmo-passo-frente.htm