Inteligência artificial: Bard poderá bisbilhotar seu Gmail para responder perguntas. Mas só se você autorizar

Chatbot do Google rival do ChatGPT passa a se integrar a outros serviços da Alphabet, como YouTube, Maps e Google Search. Pesquisa inclui e-mails e documentos pessoais.

O Bard, o robô de inteligência artificial (IA) generativa do Google, ganhou uma série de novos recursos, chamados de extensões, seis meses após seu lançamento. Os novos recursos permitem que o chatbot busque informações não só na internet, mas também se apoie em dados usados pelo próprio usuário. Mas tudo vai depender da decisão de cada um autorizar esse tipo de integração.

A partir de agora, o rival do ChatGPT pode interagir com outros serviços do Google, como Gmail, Youtube e Maps, para aprimorar respostas sob medida para seus usuários. A atualização mostra que o Google vem buscando incorporar a IA generativa — capaz de produzir conteúdo, como textos e imagens — a seus outros produtos.

Agora, para responder a uma pergunta, o chatbot não mais buscará informações apenas na internet: a procura vai incluir dados do próprio usuário. O Bard vai interagir com outros serviços do Google, como Gmail, YouTube e Maps.

Com essa integração, o principal concorrente do ChatGPT consegue captar informações mesmo que elas estejam em aplicativos ou serviços diferentes. Entretanto, há limitações de idioma: apesar de o Bard estar disponível no Brasil, essa busca integrada, por enquanto, só funciona em inglês.

Exigência de permissão

A integração ajudará o usuário, por exemplo, a encontrar uma informação que ele sabe estar no seu e-mail, mas não consegue encontrar — algo compreensível para caixas de mensagens criadas há anos, que podem acumular dezenas de milhares de e-mails.

Na página do Bard, basta digitar sua busca (mas terá de ser em inglês) especificando “@Gmail”. Será aberta então uma caixa de diálogo pedindo sua permissão para conectar com o Google Workspace. A busca no Gmail só será feita se você concordar.

Esse mesmo processo pode ser usado para encontrar algo no Google Docs ou Drive, por exemplo, sempre usando o “@”. Segundo o Google, essa integração tornará o Bard um “parceiro criativo” do usuário.

Sem uso de dados

O fato de dar ao Bard acesso a seu e-mail pessoal e a seus documentos pode gerar questionamentos sobre privacidade e uso de dados. O Google, no entanto, assegura que não usará essas informações para treinar seu chatbot e que elas não serão vistas por humanos que revisam o input de dados no Bard. A empresa disse ainda que não usará os dados para publicidade direcionada.

E é preciso ter em mente que, apesar de ser obrigatório dar a permissão para que o chatbot faça uma busca em seu Gmail e Docs, pode-se desabilitar esse consentimento a qualquer hora.

— Reunir todo o poder dessas ferramentas vai poupar o tempo das pessoas. Em 20 segundos, ou minutos, você poderá fazer algo que levaria uma hora, talvez mais — disse à rede CNN Sissie Hsiao, gerente-geral para Google Assistant e Bard.

Outro novo recurso é a possibilidade de carregar fotos na busca do Bard e obter nas respostas imagens do Google Search. Também será possível modificar as respostas do Bard, para que fiquem mais simples, longas, curtas, mais profissionais ou mais casuais. Este recurso está disponível em todas as línguas disponíveis no chatbot.

Segundo o Google, usar imagens nas perguntas feitas ao Bard “pode desbloquear um novo nível de criatividade.”

O Bard também terá integração com Maps, YouTube, Hotels e Flights, o que tornará possível obter informações em tempo real sobre reservas de hotéis e voos disponíveis, além de orientações sobre como chegar ao aeroporto, por exemplo.

Unindo todas as plataformas, será possível pedir que o Bard encontre no Gmail datas de uma viagem que funcionem para um grupo de amigos, bem como disponibilidade de voos e hotéis.

Também será possível, por exemplo, pedir ao Bard um modelo de discurso de casamento e ainda indicar vídeos no YouTube que sirvam de inspiração.

Jack Krawczyk, diretor de Produto do Google, disse ao site The Verge que é a primeira vez em que um chatbot interage com dados pessoais. Segundo ele, a ideia é ampliar a integração do Bard para outros produtos que não sejam do Google.

Checagem de respostas

O Bard também lançou um “botão de checagem”, que permitirá aos usuários verificarem a exatidão das respostas apresentadas. Ao clicar no botão que apresenta o símbolo do Google, trechos da resposta serão destacados, informando se os resultados da busca concordam ou discordam do chatbot.

Essa dulpa checagem visa combater as chamadas “alucinações” da IA, quando a ferramenta apresenta uma resposta que parece verdadeira, mas que não tem qualquer base em fatos.

— Estamos constantemente trabalhando para reduzir essas alucinações no Bard — explicou Sissie à CNN.

O Bard também vai permitir que um usuário compartilhe com outra pessoa uma conversa com o chatbot. Essa pessoa, então, poderá ampliar a conversa, com suas próprias perguntas.

O Google justificou esse recurso afirmando que “a criatividade, com frequência, é inspirada pelo trabalho de outras pessoas e, quanto mais ideias tivermos para trabalhar, maior a probabilidade de chegar a algo realmente inovador.”

FONTE: https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2023/09/20/inteligencia-artificial-bard-podera-bisbilhotar-seu-gmail-para-responder-perguntas-mas-so-se-voce-autorizar.ghtml