Integração entre academia e mercado: uma peça fundamental para a inovação brasileira

O trabalho das fundações de apoio permite que a produção científica seja melhor aproveitada para impulsionar a inovação, por meio de investimentos em pesquisa e desenvolvimento com recursos de empresas privadas e programas de fomento federais.

O sucesso econômico do Brasil depende da integração entre ciência e mercado, mas a interação entre essas duas áreas apresenta desafios e conflitos devido aos seus diferentes objetivos e processos. Ocorre que a interação academia e mercado é repleta de desafios e conflitos. Essas são instituições diferentes, com objetivos distintos. Uma é voltada para a formação de pessoas e a produção de conhecimento, outra consiste na geração de riqueza e meios de produção. Por terem objetivos distintos, possuem processos distintos, valores, métricas e incentivos completamente diferentes. Logo, é natural que a relação entre essas instituições gerem conflitos

Para mitigar esses conflitos, foi promulgada a Lei nº 8.958/94, que criou as Fundações de Apoio. Essas fundações têm como objetivo apoiar instituições de ensino e pesquisa no gerenciamento de projetos, administrando recursos financeiros provenientes de convênios e acordos com universidades, agências de fomento e empresas. Além disso, elas também são responsáveis por prestar contas desses recursos aos órgãos de controle e à sociedade.

A relação entre universidades e fundações de apoio se intensificou a partir da década de 1990, com a reforma gerencial de 1995, e desde então foram promulgadas diversas leis e decretos para regular as ações dessas fundações, criando um ambiente juridicamente seguro para as relações entre universidades, centros de pesquisa e empresas.

Devido aos cortes nas verbas federais, as universidades e centros de pesquisa brasileiros têm buscado convênios com agências de fomento e empresas como fonte de recursos. No entanto, a gestão desses convênios ainda é um desafio devido a barreiras informacionais e organizacionais. Nesse contexto, as fundações de apoio desempenham um papel importante, profissionalizando a gestão desses convênios, acordos de parcerias e facilitando a prestação de serviços através da infraestrutura disponível nas instituições de ensino e pesquisa.

O trabalho das fundações de apoio permite que a produção científica seja melhor aproveitada para impulsionar a inovação, por meio de investimentos em pesquisa e desenvolvimento com recursos de empresas privadas e programas de fomento federais. Enquanto as fundações se concentram na gestão administrativa, financeira e prestação de contas, os pesquisadores podem se dedicar à ciência, tecnologia e inovação, proporcionando mais agilidade ao processo de contratação e desenvolvimento tecnológico.

Embora ainda haja muito a ser feito, nos últimos 20 anos o governo federal brasileiro trabalhou para viabilizar avanços tecnológicos em ciência, tecnologia e inovação. Foram estabelecidos marcos legais relevantes, como a Lei do Bem, a EC nº 85/2015 e a Lei de Inovação, além de investimentos na expansão da pós-graduação, sistema de pesquisa e políticas públicas de investimento em inovação.

Essas iniciativas têm contribuído para mudar gradualmente a cultura acadêmica, que está se estruturando e buscando mais parcerias com o setor produtivo. Os contratos firmados pelas universidades e centros de pesquisa públicos com o setor produtivo estão gerando rendimentos significativos, como aproximadamente R$ 10 bilhões em 2022 geridos exclusivamente por fundações de apoio, indicando uma etapa avançada no processo de integração entre ciência e mercado.

No entanto, esses resultados ainda estão aquém do potencial da ciência e da indústria brasileira para liderar mercados globais. É necessário conhecer e utilizar os mecanismos disponíveis no Brasil para promover a inovação de forma mais profissional, reunindo todas as peças necessárias para impulsionar a pesquisa da bancada ao mercado.

FONTE:

https://epocanegocios.globo.com/colunas/coluna/2023/07/integracao-entre-academia-e-mercado-uma-peca-fundamental-para-a-inovacao-brasileira.ghtml