Instituto Campus Party quer implantar laboratórios de robótica em regiões carentes de Alagoas

Projeto Include busca transformação social por meio da tecnologia, com capacitação de crianças e adolescentes carentes.

Projeto pretende capacitar jovens de comunidades carentes de Alagoas por meio de cursos de robótica — Foto: Divulgação/Secom-JP

Diminuir distâncias e criar oportunidades. Essa é a proposta de um projeto idealizado pelo Instituto Campus Party que pretende instalar laboratórios de robótica para capacitar crianças e adolescentes carentes em Alagoas. O primeiro município beneficiado será União dos Palmares, mas a implantação ainda depende de apoio das iniciativas pública e privada.

Serão pelo menos 10 laboratórios, por meio do projeto Include, divididos entre periferias de Maceió e cidades mais carentes do interior do estado, com jovens vulneráveis à violência. A instalação do laboratório em União, o “Espaço Quilombo de Robótica”, não foi por acaso.

É em União que fica a Serra da Barriga, Patrimônio Cultural do Mercosul que antigamente abrigou o Quilombo dos Palmares, maior centro de resistência negra do Brasil Colonial. O nome do laboratório foi escolhido por causa do poder simbólico que o antigo Quilombo representa para esses jovens e da narrativa de liberdade da histórias de Zumbi dos Palmares.

“Serão chamadas crianças de regiões periféricas do município, de escolas públicas e do Quilombo do Muquém, o critério é que tenham entre 10 e 18 anos. Não são necessários requisitos escolares. Priorizaremos negros e pobres, sendo metade das vagas para meninas. Dentre esses fatores, o mais importante é a pobreza e falta de acesso à tecnologia”, detalhou o coordenador do projeto no estado, Raphael Augusto.

Um morador da comunidade, Cláudio Caíque, atuará como monitor. Ele é formado em sistema de informações e desenvolveu um aplicativo para informar gratuitamente à população sobre o risco de enchentes, que já destruíram casas localizadas próximo ao Rio Mundaú. Ele atuará de forma voluntária.

“Vivo em uma comunidade que ainda engatinha em termos de tecnologia, pouquíssimos são os jovens que têm acesso a este universo. O projeto Include representa um marco, a realização de um sonho”, disse Caíque, que é de origem simples e também teve a vida mudada, graças à tecnologia.

A previsão é que o Espaço Quilombo de Robótica comece a funcionar no próximo ano, atendendo 75 jovens a cada semestre.

Funciona assim

O projeto Include, como o próprio nome diz, nasceu com o objetivo de promover inclusão em comunidades carentes e com a meta de implantar 10 mil laboratórios de robótica em todo o país. O primeiro funciona em Canudos, no interior da Bahia, e foi lançado no dia do aniversário de 120 anos da Guerra de Canudos, no dia 5 de outubro de 2017.

Também há outras unidades em funcionamento na Bahia, no Piauí, no Paraná e em Brasília. Além de Alagoas, estão sendo implantados mais de 100 novos laboratórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Rondônia.

A ideia é buscar transformação social, através da aproximação com a tecnologia, por meio de capacitação, combatendo a exclusão tecnológica, a violência urbana e o racismo.

O curso tem a duração de 5 meses e as aulas ocorrem aos fins de semana.

“Durante a semana, o laboratório fica aberto para o uso e experimentação dos alunos, acompanhados de um monitor. Após os 5 meses de aulas, os alunos podem continuar frequentando o laboratório. As atividades desenvolvidas serão desenho em 3D com software livre, projetos e impressão 3D, conceitos de programação, eletrônica, Arduino e software livre, além de oficinas com drones e óculos 3D”, explicou o coordenador do projeto, Raphael Augusto.

O include também prevê que o trabalho desenvolvido nos laboratórios beneficie não só os jovens, mas a comunidade local como um todo.

“A ideia é que eles usem o laboratório para desenvolverem soluções para sua comunidade. Que possam desenvolver, por exemplo, um sistema de irrigação para atender a agricultura familiar local; ou alarmes de incêndio que podem ser instalados em pequenos comércios, entre outras possibilidades. Que consigam levar soluções para a própria comunidade usando a tecnologia, sem depender da ajuda externa”, diz o coordenador do projeto em Alagoas.

FONTE: G1