“Inovação não é ter a melhor ideia, é construir o modelo de negócio mais sustentável”, diz George Tsekouras

Pesquisador responsável pelo programa de inovação aberta INSPIRE, no Reino Unido, explica como criar empresas que sobrevivem a crises

Buscar parcerias, transformar a cultura da empresa, ou até mudar o paradigma de pensamento dos colaboradores pode fazer parte de uma estratégia de inovação (Foto: Unsplash)

De founders a executivos C-level, todo líder à frente de um negócio ou time precisou rever sua estratégia de inovação nos últimos dois anos. “Inovar não é ter a melhor ideia, mas criar um modelo de negócios sustentável. Isso é a base da inovação aberta”, afirmou George Tsekouras. Ele é head do Centrim (“Centro para mudança, gestão empresarial e inovação”, em tradução livre) da Universidade de Brighton, e é responsável pelo programa de inovação aberta INSPIRE, no Reino Unido.

Tsekouras participou nesta terça-feira (21) do painel online “Open Innovation for SMEs: The INSPIRE programme”, durante o festival SciBiz (Science meets Business), que acontece até 24 de junho, promovido pela FIA.

O executivo aposta na inovação aberta como principal estratégia de sobrevivência das companhias daqui para frente. Embora o programa INSPIRE seja voltado para pequenas e médias empresas, negócios de qualquer porte podem se beneficiar de um ambiente fortalecido por ferramentas de inovação aberta, segundo ele.

“Inovação é aquilo que permite às companhias sobreviverem e rapidamente mudarem as condições ao redor delas”, disse Tsekouras, dando o exemplo da Amazon, cujo lucro alcançou US$ 25 bilhões em 2021. “Pode-se gostar ou não, mas é um fato: a Amazon tem um trilho contínuo de ideias inovadoras sendo forjadas dentro da organização. Mais de 700 ideias foram colocadas em teste pela empresa nos últimos anos, a fim de escolher aquelas que sobreviveriam ao mercado e fariam a diferença para eles”, analisa o especialista.

Ainda que uma companhia não tenha a estrutura da Amazon para colocar em prática centenas de ideias, pensar inovação aberta pode significar, por exemplo, buscar parcerias, transformar a cultura da empresa, ou até mudar o paradigma de pensamento dos colaboradores.

A empreendedora Lucia Desperati, founder e CEO da Yocory, hub de negócios para freelancers e microempresários, também participou do painel. Lucia foi uma das empreendedoras que já fez parte do programa INSPIRE, e considera fundamental a parceria entre universidade e empresas para validar as ideias como criadora.

“Como founder, você sabe o que está fazendo porque tem visão e várias soluções criativas em mente, mas, às vezes, você não tem a estrutura certa para implementar ou a visão geral do que está acontecendo. Então, eu precisei do programa para validar que o que eu estava fazendo estava correto, e encontramos muitos problemas que pudemos solucionar”, contou.

Pensar a inovação aberta

O paradigma da inovação aberta difere de apenas inovar, segundo Tsekouras. Por exemplo, enquanto uma empresa inovadora pode pensar “os melhores talentos do mercado trabalham conosco”, uma companhia baseada em inovação aberta tem em mente: “Nem todos os melhores talentos trabalham dentro da nossa empresa. Precisamos trabalhar com pessoas espertas dentro e fora da companhia”.

Outra mudança de pensamento pode se relacionar ao modelo de negócios. Enquanto empresas não baseadas em inovação aberta podem pensar “a companhia que leva uma inovação ao mercado primeiro vai ganhar”, o paradigma da inovação aberta se baseia no fato de que “construir um modelo de negócios melhor é mais importante do que chegar logo ao mercado”.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2022/06/inovacao-nao-e-ter-melhor-ideia-e-construir-o-modelo-de-negocio-mais-sustentavel-diz-george-tsekouras.html