A inovação na União Europeia – uma fonte de inspiração para políticas públicas no Brasil?

O benchmark com outros países é um caminho para a troca de conhecimento com as melhores práticas, aprendizados e impacto de ações efetivas.

O Brasil acaba de fazer a transição para um novo governo para a gestão dos próximos quatro anos. Junto dos desafios em diferentes áreas da economia e da sociedade, um dos aspectos fundamentais para a competitividade e desenvolvimento de um país é o seu investimento em “inovação”, seja em nível público ou privado.

Ações de políticas públicas são fundamentais para a promoção da inovação no mundo todo, não seria diferente aqui no Brasil – ainda mais num país de tamanho continental. O benchmark com outros países é um caminho para a troca de conhecimento com as melhores práticas, aprendizados e impacto de ações efetivas. Desta maneira, é possível desenhar programas que façam sentido para a realidade de cada região.

A União Europeia, por exemplo, tem priorizado a inovação como chave do desenvolvimento econômico, social e, sobretudo, ambiental. A ambição da Europa é apoiar e ampliar tecnologias inovadoras para se manter competitiva globalmente, garantir a soberania tecnológica e enfrentar os desafios atuais, como a crise energética e climática, para o benefício dos cidadãos europeus. Especial atenção é dada à melhoria da chamada “innovation divide” e “diferenças entre os países europeus em seus respectivos níveis de inovação e desempenho”.

Por esta razão, a Comissão Europeia lançou um programa único, o “European Innovation Council (EIC)” – um fundo de inovação com mais de 10 bilhões de euros a aplicar até 2027. O EIC centra-se na “Deeptech” e destina-se a apoiar empresas inovadoras em estágios iniciais até a fase de comercialização. As empresas inovadoras podem optar por se inscrever em diferentes iniciativas, dependendo de seu status de desenvolvimento e necessidades de capital.

O EIC Accelerator é o mais popular, não só pelos significativos fundos disponíveis, até 15 milhões de euros por empresa, mas também pela componente de equity, onde a EIC atua como um investidor paciente. As áreas prioritárias incluem, por exemplo, energia, tecnologia médica, biotecnologia, tecnologia alimentar, quantum, espaço e novos materiais.

O Programa de Trabalho da EIC para 2023 fornece detalhes sobre os desafios específicos relacionados a cada uma das indústrias, bem como outras várias iniciativas sob a égide da EIC, mobilizando diferentes partes interessadas no ecossistema europeu de inovação, como empreendedores, investidores, municípios, governos locais e assim por diante. Para citar alguns: Prêmios EIC para Mulheres Inovadoras, Capital Europeia da Inovação, Innovation Procurement Awards, Hop on Facility e esquema Plug-In.

Os objetivos estratégicos e os KPIs do EIC estão relacionados ao apoio a mais mulheres inovadoras, mais empresas de países em expansão e áreas tecnológicas prioritárias, comercialização de pesquisas, captação de investimentos e aumento geral do número de scale-ups europeias.

Em 2022, o Brasil ganhou três posições no Índice Global de Inovação, passando da 57ª para a 54ª posição do Global Innovation Index. No entanto, para dar um salto qualitativo e continuar a crescer como referência em inovação do mundo, precisamos de uma ambição a longo prazo, com programas que desenvolvam os ecossistemas locais, com sistemas de incentivos desburocratizados, apoio ao P&D com foco no mercado com o desenvolvimento de deep techs, além de aproveitar a diversidade que caracteriza o Brasil para todo esse processo.

Este início de ano parece ser um bom momento para a reflexão e planejamento de um futuro mais construtivo para o país.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/colunas/coluna/2023/01/a-inovacao-na-uniao-europeia-uma-fonte-de-inspiracao-para-politicas-publicas-no-brasil.ghtml