INOVAÇÃO E DISRUPÇÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLY CHAIN)

Negocios Disruptivos

“Muitas empresas líderes ainda não perceberam que ofertas disruptivas já ganharam mercado e que o passado não retorna no pós crise…”

A Inovação Disruptiva é um conceito que foi analisado e definido por Clayton M. Christensen em 1995 e representa mudanças (“inovações”) de alto impacto e que redefinem cadeias de valor, alterando significativamente o seu “status quo”.

Nem toda inovação é disruptiva, por mais sucesso que ela venha a obter.

Quando percebemos que os líderes de um determinado mercado reagem ao impacto gerado pela inovação, tentando manter o seu domínio de mercado (ex.: Uber vs. Taxi convencional) estamos diante de uma possível disrupção.

Embora uma grande corporação pode investir e inovar disruptivamente e “agredir” assim o seu próprio negócio, é mais comum estas inovações surgirem de ambientes não diretamente relacionados aos líderes destes mercados.

A inovação disruptiva tem um risco associado muito maior do que os processos de inovação mais incrementais ou evolutivos, mas a partir do momento que aquela ideia ganha o mercado, a penetração é muito mais rápida e o impacto muito maior.

Combinação Inteligente

É evidente que atualmente todos associam estas inovações disruptivas às soluções tecnológicas que estão sendo desenvolvidas, onde gigantes como Google, Facebook, Apple, Microsoft estão sempre tentando se manter na dianteira das inovações. Mas, reparem que é normalmente alguém de fora, que também pensa “fora da caixa”, que acredita e investe muito na sua ideia e que acaba, em muitas vezes por acaso, descobrindo a inovação disruptiva.

E essa inovação é sempre tecnológica? Não necessariamente!

O próprio Christensen destaca a importância da evolução das inovações de um foco tecnológico para um foco de modelagem de negócios (mercado, indústria, serviços…). O que importa economicamente falando é mais o modelo de negócio e não necessariamente a própria tecnologia.

Assim, de acordo com a própria teoria, entende-se porque muitas inovações disruptivas não são “tecnologias avançadas“, mas apenas combinações de soluções já existentes, aplicadas de forma inteligente.

E por falar em combinação, sem discutir se é ou não uma inovação “disruptiva”, vale entender rapidamente a inovação “PokemonGo”…

Pokémon GO (Combinação Inteligente)

– Niantic, Inc.: é a empresa que desenvolveu o Pokémon Go. Formada em 2010, como uma startup interna no Google, tornou-se independente em agosto de 2015. Em setembro de 2015 anunciou o desenvolvimento do Pokémon GO, em conjunto com Nintendo e a The Pokémon Company, para iOS e Android. Jogo que foi lançado em julho de 2016 e que, em apenas uma semana, quebrou recordes de downloads, obtendo um engajamento de usuários incrível.

– O Jogo (1989): Satoshi Tajiri, criador do Pokémon, teve as primeiras iniciativas datadas de 1989, quando o Game Boy foi lançado.

– Realidade Aumentada (1968): Ivan Sutherland, engenheiro elétrico da Universidade de Haward, cria em 1968 o primeiro sistema funcional de realidade aumentada e virtual.

– “Smartphone” (1971): O conceito que combina telefonia com computação foi elaborado em 1909, por Nikola Tesla, mas o primeiro protótipo foi criado por Theodore G. Paraskevakos, em 1971.

– Jogo Eletrônico (1947): A tecnologia parecida a um vídeo game deriva de 1947, “dispositivo de entretenimento com tubo de raios catódicos”, patenteado por Thomas Goldsmith Jr. e Estle Ray Mann.

– Geolocalização (1968): O primeiro uso do termo GIS – Geographic Information System, base da geolocalização por IP, foi feito por Roger Tomlinson, em 1968.

Supply Chain Disruption

E na Supply Chain? O que tem acontecido de disruptivo e como as empresas estão se preparando?

Essa pergunta vale “ouro”, não? Nas experiências de projetos nas áreas de Supply Chain e Gestão Organizacional da IMAM Consultoria, pode-se observar que cerca de 20% das empresas estão realmente preocupadas em discutir e planejar soluções inovadoras, mas menos de 10% destas empresas efetivamente se arriscam e implementam tais projetos.

São inúmeros os fatores que dificultam o desenvolvimento e a efetiva implementação de soluções mais inovadoras. Sendo assim, vale destacar alguns destes fatores:

1.Sobrevivência: empresas que estão preocupadas apenas em sobreviver e por isso o grande foco de seus investimentos é redução de custos.

2.Qualificação: equipes inseguras e mal qualificadas influenciam negativamente os acionistas.

3.Bonus: executivos podem apenas ser remunerados pelo resultado de curto prazo e investimentos com retorno de médio e longo prazo podem perder relevância.

4.Erros: em boa parte das empresas, profissionais tem dificuldades em trabalhar com erros e falhas.

5.Estado: as poucas iniciativas de incentivo à inovação não superam as dificuldades impostas pelo Estado.

Apesar disso, no Brasil, ainda existem “heróis” – empresas que não se contentam com as soluções baseadas em modelos convencionais, apostam no desenvolvimento de propostas mais inovadoras e efetivamente implementam tais soluções.

Inovação na Cadeia de Suprimentos

Entre tantos projetos de inovação na cadeia de suprimentos (Natura, DHL, Avon, Boticário, Martins, Volkswagen etc), destaca-se aqui o de uma empresa que é referência em moda infantil: Brandili, localizada em Apiúna, SC.

A partir de uma análise de toda sua logística de distribuição, feita pela divisão de Supply Chain da IMAM Consultoria (www.imam.com.br), bem como de sua realidade operacional frente às empresas da região, que disputam os mesmos recursos, foi desenvolvido um projeto que poderia ser mais um dos inúmeros projetos convencionais que se viabilizam na maioria das empresas brasileiras. Mas não, este caso foi um projeto (análise, planejamento e implementação) bem mais complexo, com maior investimento em recursos, na busca de soluções que tinham apenas como referência, projetos que não tinham se viabilizado técnica e/ou economicamente.

Wagner Salzano, gerente da divisão de Supply Chain da IMAM e também do projeto Brandili destaca: “a adequada integração de conceitos, processos, tecnologia e pessoas, em uma efetiva gestão do projeto foi a principal responsável pelo sucesso”.

Foram aproximadamente 3 anos entre as primeiras análises, até alcançar o desempenho real previsto no projeto.

Quem visita a operação atualmente conclui que é apenas mais um projeto de automação como tantos outros, mas em função da complexidade, não visualiza aspectos importantes do sistema integrado (por exemplo, o primeiro sistema FSS no Brasil, implementado pela empresa ULMA e que viabilizou o projeto integrado etc). A disrupção neste caso está na integração.

Visão Ampliada na Supply Chain

Soluções disruptivas demandam uma visão mais integrada e ampliada das oportunidades de transformação na cadeia de suprimentos.

Por exemplo, a RFID – Identificação por Radiofrequência, tecnologia que já existia desde a 2ª Guerra Mundial, ganhou força e inovou a partir da visão ampliada dos potenciais ganhos em toda a cadeia.

Essa visão ampliada é maior na medida que se deixa o “EU” de lado e começa a se trabalhar o “NÓS”.

Isso significa que a soma do conhecimento, experiências e visão de diferentes profissionais que atuam na cadeia de suprimentos (vide diagrama acima com alguns integrantes da equipe IMAM), embora seja mais oneroso, possibilita uma chance maior de se encontrar soluções disruptivas.

Observe que é exatamente essa junção de competências, por meio das iniciativas e, “startups”, que fazem do Vale do Silício o mais significativo polo mundial de criação e desenvolvimento de soluções disruptivas. E os nossos polos no Brasil?

Existem vários! Embora sejam ainda nichos de excelência, onde temos a felicidade de ser convidados a contribuir, o desafio é ampliar cada vez mais esta realidade.

Supply Chain Disruption

Para contextualizar a disrupção na Cadeia de Suprimentos, observe no gráfico abaixo as curvas disruptivas propostas por Gerd Leonhard*, somadas às principais inovações e tendências que o Instituto IMAM, por meio de seu diretor e autor do livro “Tecnologia da Informação aplicada à Logística”, tem monitorado no Brasil e no exterior, bem como trabalhado com as mesmas no ambiente de projetos de Supply Chain (ex.: Logística 4.0).

Negocios Disruptivos

As curvas mostram que as tecnologias já consolidadas formam a base para as novas tecnologias. As aceleradoras são similares às incubadoras, onde a diferença principal está entre apoiar um negócio tradicional (incubadora) e apoiar um negócio inovador, escalável e repetível (aceleradora). Já a curva dos prováveis cenários disruptivos globais, que derivam também da evolução das inovações, impactam diretamente nos cenários disruptivos das Cadeias de Suprimentos, obrigando-nos a estar sempre atualizados.

* Gerd Leonhard é um futurólogo alemão, autor do livro “Technology vs Humanity, palestrante e consultor e possui mais de 25 anos de experiência em tecnologia e entretenimento, Já desenvolveu projetos nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Estuda as mudanças na produção e no mercado midiático, com foco nas consequências das novas tecnologias e no conceito de convergência. É considerado um pensador da era digital.

Abordagem Metodológica é necessária, mas não suficiente

A partir das experiências adquiridas nos últimos anos na busca da inovação, as empresas desenvolveram centenas de abordagens metodológicas para alcançar, de forma mais estruturada, a inovação e a melhoria contínua.

Porém, as experiências nos mostram que somente a metodologia não é suficiente e não assegura que o objetivo da Inovação “Disruptiva” seja atingido.

Existem fatores imponderados que estão fora do alcance das equipes e por isso o desafio é árduo.

Solução: desenvolva um processo que construa e mantenha um ambiente corporativo aberto para oportunidades.

Acesse aqui conteúdos extras em Inovação e Disrrupção:

Clayton Christensen (2012) http://www.claytonchristensen.com/key-concepts/

Harvard Business Review (2015) https://hbr.org/2015/12/what-is-disruptive-innovation

Fortune (2015) http://fortune.com/2015/11/17/uber-disruption-christensen/

McKinsey (2015) http://fortune.com/2015/07/22/mckinsey-disruptive

Deloitte (2012) http://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/ca/Documents/insights-and-issues/ca-en-insights-issues-disruptive-manufacturing.pdf

Techrunch (2016) https://techcrunch.com/2016/02/27/why-clayton-christensen-is-wrong-about-uber-and-disruptive-innovation/

Accenture (2016) https://www.accenture.com/us-en/insight-outlook-digital-disruption-fjord-trends-2016

The Telegraph (2016) http://www.telegraph.co.uk/sponsored/business/the-elevator/12168170/business-innovation-versus-disruption.html

Mobidisruption https://sites.google.com/site/mobidisruption/disruptive-innovations

Harvard Magazine (2014) http://harvardmagazine.com/2014/07/disruptive-genius

Chain Store Age (2016) http://www.chainstoreage.com/article/study-two-tech-trends-ready-disrupt-retail#

MIT Sloan Management Review (2016) http://sloanreview.mit.edu/article/how-useful-is-the-theory-of-disruptive-innovation/

Innovation Management (2015) http://www.innovationmanagement.se/2015/04/29/disruptive-innovation/

Supply Chain 247 (2016)http://www.supplychain247.com/paper/transforming_the_future_of_supply_chains_through_disruptive_innovation

Weforum(2016)http://www3.weforum.org/docs/Manufacturing_Our_Future_2016/Case_Study_7.pdf

The Economist (2015) http://www.economist.com/blogs/economist-explains/2015/01/economist-explains-15

Grupo IMAM

Uma organização fundada em 1979, que integra 3 negócios:

  1. IMAM Consultoria, com experiência de mais de 1.300 projetos realizados;
  2. IMAM Treinamento, que já realizou mais de 5.000 cursos para mais de 250.000 profissionais;
  3. Instituto IMAM, que já publicou mais de 100 livros técnicos e mais de 300 edições da revista LOGÍSTICA.

Possui 4 Divisões de Negócio:

  1. Supply Chain Management
  2. Estratégias e Performance
  3. Logística
  4. Engenharia de Produção/Operações

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Sucesso a todos!

FONTE: Linked in – por Eduardo Banzato