Inovação aberta: liberdade para cocriar potencializa o desenvolvimento de produtos e serviços disruptivos

Inovar não é só construir: é combinar estratégias e ferramentas. Dividir experiências e conhecimentos é a chave para o crescimento e a sustentabilidade dos negócios.

Por muito tempo, o conceito simbólico de inovar ficou atrelado a invenções de grandes gênios, como Alexander Graham Bell, Temple Grandin, Marie Curie e Alberto Santos Dumont. Embora suas contribuições sejam inegáveis – e tenham auxiliado a humanidade em sua evolução –, a história recente mostra que a cocriação é ainda mais benéfica para o crescimento da sociedade. Na prática, apesar de disruptivos, notáveis como Steve Jobs e Mark Zuckerberg contaram com a ajuda de “mentes brilhantes” para alavancar suas ideias.

As empresas também perceberam que o modelo cooperativo com terceiros para encontrar soluções inovadoras é uma importante ferramenta para a sustentabilidade dos negócios. E isso não é algo novo. O conceito de Open Innovation – ou inovação aberta, em português – foi apresentado há 20 anos pelo professor Henry Chesbrough, da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos.

Inovar não é só construir uma nova tecnologia, ou ter uma ideia completamente inédita. É também combinar estratégias e ferramentas já existentes, de uma maneira diferente. Afinal, ao extrair o que há de melhor dos pensamentos de diversos atores, agregando, por exemplo, produtos desenvolvidos por startups – conquista-se a liberdade, pois, a companhia não fica dependente de uma única estratégia, solução e equipe –, o que diminui o tempo de ideação, desenvolvimento e chegada de produtos e serviços ao mercado, melhorando, assim, a qualidade, a eficiência e a experiência, além de reduzir custos.

No Brasil, o modelo tem sido bem aceito. De acordo com o Panorama da Open Innovation & Startups no Brasil, o número de relações de inovação aberta entre corporações e startups no país saltou de 8.050, em 2019, para mais de 26 mil, em 2021. Nessa via de mão dupla, todos ganham, inclusive as startups, que somam experiência no desenvolvimento de projetos sob demandas escaláveis, com oportunidade de ver seus produtos e serviços se tornarem factíveis. Em alguns casos, podem ser até aceleradas ou adquiridas.

Entre os pontos mais importantes na implantação de uma estratégia que tenha inovação aberta, destaco três:

1-Aceleração da estratégia digital: normalmente, startups tem uma parte da estratégia tecnológica desenvolvida ou idealizada, e as empresas podem usar essas soluções para resolver ou mitigar problemas, melhorar processos e serviços, aumentar a participação no mercado, verticalizar-se ou expandir, oferecendo melhores experiências ao cliente.

2-Oferecimento de soluções mais disruptivas: em grande parte dos casos, as startups não têm o mesmo core business da companhia que busca seus serviços, o que amplia sua visão de mercado e potencializa ideias mais criativas.

3-Inovação mais acessível: em comparação à closed innovation, caracterizada pelo investimento em iniciativas proprietárias da empresa e parcerias com big techs, a estratégia de usar ideias já desenvolvidas por startups poupa grandes aportes a longo prazo em pesquisa e desenvolvimento.

A inovação aberta já faz parte do dia a dia de empresas de diferentes ramos e, com certeza, norteará as estratégias empresariais nos próximos anos, com benefícios que se estendem desde o crescimento tecnológico até oportunidades sustentáveis. Atualmente, companhias mais avançadas no processo, especialmente da área da saúde, denominam essa parceria como “engajamento com startups”, que abrange uma relação de parceria para sanar uma “dor”. Neste segmento, o Open Innovation pode ser visto na prática com a otimização de processos de agendamento de exames ou cirurgias, aquisições de materiais em hospitais ou, então, na coordenação de cuidado e melhorias da experiência do paciente

Para quem quiser se aprofundar no conceito, deixo aqui como dica de leitura o livro do professor Henry Chesbrough, “Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology”. Vale a leitura.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/colunas/coluna/2023/01/open-innovation-liberdade-para-cocriar-potencializa-o-desenvolvimento-de-produtos-e-servicos-disruptivos.ghtml