Iniciativas ESG são oportunidade para startups, mas ainda é preciso amadurecer soluções

Movimentando trilhões de dólares em investimento mundialmente, mercado ainda enfrenta lacunas para atender demandas de grandes empresas em fase de reinvenção

Painel “O futuro do ESG”, com participação de Maria Paula Castro, head de inovação da Ecotrace, e Lucas Nicoleti, fundador da Ecomilhas (Foto: PEGN)

Nos últimos anos, a sigla ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) ganhou tração e começou a pautar discussões dentro e fora das empresas. Segundo dados da Bloomberg Intelligence, o investimento no mercado global de ESG deve ultrapassar US$ 41 trilhões em 2022, chegando a US$ 53 trilhões até 2025. Com as áreas de compliance das empresas correndo para se adequarem às melhores práticas, surgem oportunidades para negócios que as ajudem nesse desafio. “As empresas que não trilharem esse caminho vão ficar pior colocadas em relação aos concorrentes daqui a alguns anos”, declarou Matthew Govier, diretor de Sustainability Services da Accenture na América Latina, durante o Cubo Conecta 2022.

Na abertura do painel “O futuro do ESG”, o executivo pontuou como o mercado ainda é incipiente e como isso se desenha como grande oportunidade para os empreendedores. Para ele, a reinvenção deve se tornar regra para que as grandes empresas alcancem os seus objetivos ESG —  e é no ecossistema de inovação que elas podem encontrar os atores para cumprir as metas. Nesse sentido, destaca a necessidade de melhorar as soluções que já são oferecidas. “Empresas reclamam de falta de padrões, de poucas soluções maduras o suficiente para confiarem ou complexas demais para entenderem”, avalia.

O tema é amplo e permeia muitas indústrias, desde a neutralização da emissão de carbono, passando pela rastreabilidade da jornada de matérias-primas, até o uso de tecnologias mais sustentáveis, que demandam menos uso de energia. Inaugurado em junho de 2022, o hub de ESG do Cubo está debruçado na questão do carbono inicialmente, mas não descarta a ampliação para as outras frentes da sigla no futuro.

Após a apresentação de Govier, o painel reuniu Maria Paula Castro, head de inovação da Ecotrace, e Lucas Nicoleti, fundador da Ecomilhas, em um bate-papo mediado por Filipe Guimarães, community leader do Cubo e responsável pelo hub ESG.

A Ecotrace atua na rastreabilidade de commodities de ponta a ponta com o uso da tecnologia blockchain, trabalhando nas cadeias de bovinos, aves e têxtil e ampliando a atuação para o couro, a partir de demanda de importadores após a mudança de regulações na Europa. “Os mercados estão chegando organicamente e não conseguimos absorver. Vamos captar uma rodada em breve para ampliar e atender a cadeia de suínos”, afirmou Castro. Segundo ela, também há forte procura para a rastreabilidade do café, da soja, da cana e do ovo.

Já a Ecomilhas é um programa de milhas urbanas para cidades inteligentes que atua na neutralização de carbono a partir da venda de emissões de pessoas físicas para grandes empresas, também a partir do uso da tecnologia blockchain e da tokenização. “ESG é cultura. Converso com empresas que não têm estrutura, enquanto outras já têm métricas e objetivos que querem alcançar”, explicou Nicoleti.

Para ambos, a participação do consumidor final é determinante na mudança da cultura para a adoção de práticas mais sustentáveis – e é uma tendência crescente. O fundador da Ecomilhas ressalta a importância de levar a conversa para pequenos e médios empresários, mercado com grande potencial, enquanto Castro pontua que o varejo tem atuado na conscientização. “O consumidor final está entrando cada vez mais na jogada, querendo consumir de maneira mais ética, enquanto o varejo está fazendo a curadoria do que vai vender para aquele não tão maduro”, finalizou.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2022/09/iniciativas-esg-sao-oportunidade-para-startups-mas-ainda-e-preciso-amadurecer-solucoes.html