Impressão 3D: até a cirurgia plástica pode ser facilitada!

Na odontologia, dentaduras, pontes e coroas dentárias, entre outras peças podem ser produzidas por meio de impressão 3D (Foto: ThinkStock)

Veja as novas possibilidades que a tecnologia traz quando falamos em cirurgia plástica, odontologia, audiologia e produção de medicamentos

Maior customização, mais rapidez do desenvolvimento e teste de novas peças, otimização da matéria-prima, simplificação do design. Esses são alguns dos benefícios frequentemente citados quando o tema é impressão 3D. Também conhecida como manufatura aditiva, a tecnologia permite criar objetos sólidos tridimensionais a partir de modelos digitais.

Quando focamos em algumas áreas específicas, porém, vemos que o impacto que a impressão 3D traz pode ir além. Na área da saúde, ela abre novas possibilidades de comunicação entre médico e paciente, pode ajudar a prover atendimento em áreas remotas, tornar implantes mais confortáveis e discretos.

Vamos tomar como exemplo um avanço recente. No ano passado, o aparelho Voluson, da GE Healthcare, foi a primeira máquina de ultrassom a enviar imagens digitais diretamente para uma impressora 3D, que imprimiu o molde de um órgão, camada por camada, a partir dos dados do arquivo.

 As aplicações dessa novidade são inúmeras. Numa consulta, por exemplo, o médico pode usar o molde para ajudar o paciente a visualizar qual é o problema diagnosticado e o que pode ser feito em relação a isso. Ao mesmo tempo, essas peças podem ajudar cirurgiões a se prepararem para a realização de procedimentos complexos.

Para ter uma ideia do potencial transformador da impressão 3D na saúde, confira o que já vem sendo feito em quatro áreas distintas: odontologia, audiologia, cirurgia plástica e produção de medicamentos.

ODONTOLOGIA
Líder quando se fala em material para impressão 3D na área odontológica, a NextDent recebeu, em fevereiro, o prêmio de Healthcare Application do Ano, conferido pela publicação 3D Printing Industry. A empresa aposta no uso da tecnologia na produção de dentaduras, pontes e coroas dentárias, entre outras peças. Em comparação com os métodos adotados tradicionalmente na produção desses itens, a impressão 3D se mostra mais rápida, barata (pois utiliza menos material) e precisa.

Já a startup Archform viu na tecnologia a chance de baratear os tratamentos ortodônticos, ajudando a democratizar esse tipo de atendimento. A empresa oferece o suporte necessário para que o próprio dentista imprima, em seu consultório, os aparelhos para alinhamento dos dentes – aquelas placas transparentes que envolvem a arcada dentária. O software desenvolvido pela Archform apresenta, com base nos dados obtidos por um scanner intra-oral, modelos que levam em conta as metas intermediárias do tratamento, para o alinhamento gradativo dos dentes. O custo? A empresa cobra US$ 50 por paciente.

CIRURGIA PLÁSTICA
Modelos customizados, feitos em impressora 3D, são uma referência visual e tátil importante na sala de operações durante procedimentos de rinoplastia. Ao refletir tanto a anatomia do paciente como a versão a ser alcançada, essas peças ajudam o médico a tomar decisões importantes. É o que afirma um artigo publicado em junho na “Plastic and Reconstructive Surgery”, publicação official da ASPS (Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, na sigla em inglês).

Os autores destacam, ainda, os benefícios na comunicação com o paciente, para explicar as possibilidades e as limitações da intervenção. Com um custo médio de US$ 300, os modelos demoram cerca de uma semana para serem criados.

A tecnologia já vem sendo utilizada em outros tipos de cirurgia craniofacial, reconstrutivas, em casos que envolvem danos causados por doenças, acidentes e anomalias. Na área cosmética, contudo, a impressão 3D ainda tem recebido pouca atenção. E as rinoplastias, particularmente, são procedimentos muito desafiadores e muito comuns – 219 mil cirurgias desse tipo foram realizadas em 2017, de acordo com a ASPS.

MEDICAMENTOS
As impressoras 3D também abrem novas portas na indústria farmacêutica, permitindo a fabricação de remédios feitos sob medida para as necessidades de cada paciente, levando em conta, por exemplo, sua idade, peso, nível de gordura corporal… Em 2015, a FDA (agência regulatória americana) aprovou o primeiro medicamento feito por meio dessa tecnologia: Spritam, remédio para epilepsia, que, por meio da impressão 3D, ganhou uma textura mais porosa e fácil de engolir.

O pesquisador Lee Cronin, da Universidade de Glasgow, criou um banco de dados para registrar todos os remédios criados e um sistema de impressão 3D que permita produzi-los sempre que necessário. A ideia tem como foco hospitais, farmácias e centros de saúde em lugares remotos, para que essas instituições possam sempre fornecer, com rapidez, o tratamento necessário a seus pacientes.

AUDIOLOGIA
A Materialise é uma companhia que trabalha com impressão 3D em diversas áreas, da aeronáutica à moda, passando por arquitetura e indústria automotiva. Na área de saúde, têm experiência com modelos anatômicos, implantes etc. Menos popular, mas também muito importante, é o uso da tecnologia na produção de aparelhos auditivos.

Mais uma vez, as principais vantagens estão relacionadas à rapidez e à customização. O modo de produção tradicional, segundo a empresa, demandava muitos ajustes feitos manualmente por profissionais altamente especializados, até que a peça enfim se encaixasse confortavelmente no canal auditivo do cliente, o que tornava o processo demorado. Com a impressão 3D, é possível digitalizar as informações relativas à anatomia do paciente, desenvolvendo um aparelho que se encaixe não só de forma confortável, mas também mais profunda, tornando a peça praticamente invisível. A novidade também trouxe ganhos no aspecto acústico.

De acordo com a Materialise, a nova forma de produção, desenvolvida a partir dos anos 2.000, já beneficiou, até agora, mais de 10 milhões de pessoas.

FONTE: ÉPOCA