Identidade digital é a próxima disrupção

O novo precisa vir, para resolver inúmeros problemas, como o caso da identidade digital, considerada a próxima geração de disrupção tecnológica.

Silenciosamente, a identidade digital está catalisando a próxima geração de disrupção tecnológica, afirma a Accenture. A próxima geração de inovação não acontecerá se continuarmos usando os velhos modelos de identidade. A convergência físico-digital pressupõe a derrubada das paredes que separam empresas e governos das jornadas físicas e digitais das pessoas e só as formas emergentes de identificação digital conseguirão fazer isso, gerando uma torrente de mudança.

Setores mais inovadores estão descobrindo que a identidade digital não é apenas para reforçar as omissões do passado, mas também para proteger o futuro das empresas, proporcionando formas de compartilhamento e propriedade de dados drasticamente diferentes.

Diante desse cenário, identidades centrais nascidas digitalmente estão começando a surgir, em movimentos liderados por governos e parcerias público-privadas. Várias utilizam técnicas de IA para auxiliar na identificação inequívoca de pessoas, como reconhecimento biométrico de rosto, voz e impressão digital, bem como análise de comportamento e reconhecimento de padrões. Ao analisar grandes quantidades de dados em tempo real, sistemas de IA podem verificar a identidade de pessoas e objetos com maior precisão e velocidade do que os métodos tradicionais.

Mas também existem várias maneiras pelas quais a IA usada em sistemas de identidade digital centralizados pode colocar em risco a identidade digital. Rastreamento e criação de perfil de indivíduos, vieses ou erros no processo de identificação estão entre os principais riscos, diz um novo relatório do Fórum Econômico Mundial. Na opinião de seus autores, as IDs digitais são excludentes por natureza e podem facilitar a vigilância, a discriminação e até a perseguição de indivíduos ou grupos. Riscos que podem ser amplificados se as IDs digitais forem combinados com as Moedas Digitais do Banco Central (CBDCs).

“Algumas nações estão começando a entender a ID digital como um pré-requisito para o desenvolvimento de uma moeda digital do banco central (CBDC) e outras inovações de pagamento”, diz o relatório. O que é preocupante, porque “quando o acesso a um bem ou serviço está condicionado à posse de uma forma de identificação, e essa identificação é generalizada, os indivíduos podem ser efetivamente coagidos a obter essa forma de identificação, mesmo que não haja base legal para exigi-la”, completam os autores do relatório.

Para mitigar esses riscos, os autores do relatório do WEF defendem a adoção de sistemas de identidades digitais descentralizados (IDD), que “permitem que indivíduos controlem o compartilhamento de seus dados, e que várias entidades emitam credenciais que garantam a esses indivíduos o acesso a bens e serviços”. Para as organizações, a utilização da IDD minimiza os riscos nas interações, bem como agiliza a verificação eletrônica de dados e otimiza a auditoria das informações.

As vantagens das abordagens distribuídas, às vezes conhecidas como identidade auto-soberana (SSI), são mais segurança, proteção e confiança, mas a natureza da descentralização torna as coisas mais difíceis de construir, como percebemos no painel “A identidade descentralizada na Web3 e seus impactos no setor financeiro”, no Febraban Tech 2023. Mas usabilidade, interoperabilidade e temores sobre a recuperação de contas são alguns dos muitos desafios que prejudicam a adoção em massa.

Reimaginar sistemas de identidade sem intermediários centrais, baseados em blockchain, é o caminho trilhado por iniciativas como a UK Digital Identity, a European Commission EBSI, a Canadian DIACC e a New Zealand Digital Identity, entre outras. À medida que esses exemplos ganham credibilidade em todo o mundo, o interesse de outros governos e empresas em estruturas de confiança baseadas em blockchain aumenta.

Essas estruturas visam reduzir a burocracia (menos ineficiências), construir uma democracia mais resiliente (por facilitar o engajamento online seguro), criar ambientes de dados mais seguros (sujeitos menos crimes cibernéticos) e liberar oportunidades de trilhões de dólares para a economia global ao proporcionar benefícios sociais e rendimentos mais elevados para todos.

Não por acaso, em outubro do ano passado a Linux Foundation anunciou a criação da OpenWallet Foundation (OWF). Que, em vez de publicar credenciais ou padrões de identidade, deseja criar software de código aberto visando democratizar o processo, permitindo que qualquer organização desenvolva sua própria carteira digital.

Mas alcançar a adoção generalizada vai requerer esforços educacionais significativos e um foco na experiência do usuário. Mudar de sistemas familiares, como e-mail e senhas, para identificadores descentralizados, chaves privadas, carteiras e senhas obrigará o aprendizado e o ensino de novos hábitos. As pessoas continuam despreparadas para assumir a responsabilidade por seus dados na era da Web3 e da tokenização.

Importante:

  • A União Europeia exigirá a identidade digital sob o eIDAS 2.0, que entrará em vigor em setembro de 2023.
  • Como funciona o Singpass, sistema de identidade digital de Singapura, e a análise do Banco Mundial a partir de um estudo de caso.

FONTE: https://theshift.info/hot/identidade-digital-e-a-proxima-disrupcao/