Icred, fintech sergipana que já movimentou R$ 900 milhões com FGTS, levanta R$ 100 milhões

A startup de Aracaju também prepara uma oferta pública de FIDC no valor de R$ 300 milhões, prevista para janeiro de 2024.

Túlio Matos, iCred: emissão pública de FIDC de R$ 300 milhões nos colocará em outro patamar de originação (Divulgação/Divulgação)

A startup sergipana iCred caminha a passos rápidos no mercado nacional. Nos primeiros 10 meses do ano, a fintech já movimentou mais de R$ 900 milhões em empréstimos a trabalhadores formais com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O serviço é o seu principal produto e era o único até o começo deste ano. Em janeiro, a fintech começou a trabalhar com empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS.

Para reforçar a operação, a empresa acaba de levantar R$ 100 milhões por meio de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, FIDC, veículo de investimento a partir do qual os titulares de cotas têm rendimentos atreladas a recursos advindos de uma empresa.  Em pouco mais de um ano, essa é a segunda vez que a iCred usa a modalidade de investimento.

Além disso, a fintech prepara uma oferta pública de FIDC no valor de R$ 300 milhões, prevista para janeiro de 2024. Nas emissões anteriores, entraram apenas investidores profissionais, com mais de R$ 10 milhões investidos e atuação aprovada pela CVM (Comissão dos Valores Mobiliários).

A proposta agora é atrair investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão aplicados, e também os de varejo, cuja permissão para entrar em FIDCs começou a vigorar na última segunda, 2, após resolução da CVM. “Será uma emissão de primeira linha que vai turbinar a operação e nos colocar em outro patamar em termos de originação”, afirma Túlio Matos, CEO e sócio-fundador da iCred.

Como a startup foi criada

O negócio funciona como um correspodente bancário e chegou ao mercado em fevereiro de 2022 para oferecer a antecipação do saldo do FGTS, por meio do Saque Aniversário, recurso liberado no começo da pandemia de Covid-19.

Com o uso de inteligência artificial, a plataforma da Icred cruza as informações de diversos bancos de dados públicos de pessoas físicas e rastreia os recursos aos quais os trabalhadores têm direito. Segundo a empresa, a análise leva até 3 minutos. Quando a resposta é positiva, a startup faz o pix e os valores caem na conta em segundos.

Nascido em Salvador, Matos começou a carreira em negócios da família em Nordestina, município de 13.000 habitantes a 259 quilômetros de Salvador. Ele e a família passaram as últimas duas décadas trabalhando em várias etapas do crédito consignado, uma das linhas mais populares em cidades pequenas e médias.

Hoje eles são sócios da GVN, uma promotora de crédito sediada em Juazeiro, no norte da Bahia, cujo negócio é indicar clientes a uma rede de 15 bancos com alguma linha de financiamento de crédito consignado. Com 17 anos de operação, a GVN tem operação nacional tocada por mais de 1.200 profissionais de vendas associados.

Quando perceberam que os bancos, a partir de uso de tecnologia poderiam chegar aos mesmos leads estavam repassando, decidiram criar o próprio negócio. Morando em Aracaju, Sergipe, ele bateu à porta de programadores da Universidade Federal de Sergipe para desenvolver uma tecnologia de inteligência artificial capaz de dar vazão aos planos de criar a iCred.

Como funciona a operação da fintech

Na média, os usuários requerem em torno de R$ 1.000. Neste ano, a plataforma recebeu consultas para simulação de mais de 2,26 milhões de pessoas e efetivou a antecipação para mais de 1 milhão de pessoas. A expectativa é de que até o fim deste mês a startup ultrapasse pela primeira a barreira de 1 bilhão de reais.   

Outra frente na fintech entrou em operação no começo do ano, o consignado para pensionistas e aposentados do INSS. O produto teve uma expansão limitada nos primeiros e avançou no último mês, após o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovar a constitucionalidade de empréstimos consignados a quem recebe Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas).

“No último mês, os empréstimos já representaram a metade da originação”, afirma Matos. Nas contas da startup, a nova unidade de negócios deve encerrar o ano com R$ 100 milhões em geração de empréstimos. Embora tenha um volume menor, o tíquete médio é mais elevado, por volta de R$ 10.000.

A iCred ainda prevê a entrada de mais dois produtos no mercado ainda está ano.

  • Cartões de crédito para aposentados e pensionistas do INSS
  • Opção de portabilidade de crédito

O bom início da fintech não veio sem turbulência. No início do ano, o governo, a partir do Ministério do Trabalho, cogitou encerrar o programa de antecipação do saque de aniversário do FTGS, uma discussão que ainda deve render bastante caldo. Pelo impacto e a proporção que o programa tomou, o empreendedor acredita que o caminho deve ser pela manutenção.

“A antecipação já passou a ter uma relevância tão importante, principalmente como política de governo que, por mais que não tenha sido criada por esse governo e existam algumas coisas para melhorar no produto, a tendência é muito mais que se faça um ajuste do que destruir tudo”, afirma.

Segundo Matos, as discussões sobre o taxa de juros para consignados do INSS, levantadas pelo Ministério da Previdência, devem seguir na mesma  direção.

FONTE: https://exame.com/negocios/conheca-a-fintech-sergipana-que-ja-movimentou-r-900-milhoes-e-acaba-de-levantar-r-100-milhoes/