Iberdrola inaugura parque eólico de 1,4 mil milhões de euros na Alemanha

Parque eólico offshore de Wikinger, na Alemanha D.R.

O primeiro parque eólico de uma empresa espanhola em águas alemãs já está em operação e é inaugurado esta segunda-feira

 É o primeiro parque eólico offshore que a Iberdrola põe em operação na Alemanha. E, como é prática nesta indústria, é na escala que está o ganho: trata-se de um investimento de 1,4 mil milhões de euros, que permitiu instalar a cerca de 40 quilómetros de Sassnitz, na ilha de Rügen, um total de 70 torres, cada uma com um aerogerador de 5 megawatts (MW).

O parque, com os seus 350 MW de potência, já está em operação desde o final de 2017, injetando na rede alemã energia equivalente ao consumo de 350 mil famílias. A Iberdrola, após um período de testes que avaliou como cumprindo os objetivos, inaugura oficialmente esta segunda-feira o empreendimento, um marco na expansão internacional da elétrica espanhola, que é um dos principais concorrentes da EDP no desenvolvimento de projetos eólicos, quer em terra quer no mar.

O parque de Wikinger é um projeto que a Iberdrola adquiriu a um outro promotor já em 2010, tendo apenas em 2014 tomado a decisão final de investimento. A construção do parque arrancou em 2016, com a instalação das estruturas de fixação das torres eólicas no leito do Mar Báltico, a cerca de 35 metros de profundidade.

A baixa profundidade permitiu ao grupo espanhol recorrer a estruturas de suporte das torres muito usadas na indústria eólica offshore (designadas “jacket”), plataformas com quatro pés presos ao fundo do mar. O parque de Wikinger situa-se junto a um outro parque eólico offshore, propriedade da alemã E.On, com um suporte diferente, em que cada torre tem uma coluna única que a prende ao leito do mar, em vez de ficar assente numa plataforma.

Em águas mais profundas esta solução de fixação das torres eólicas não é viável, e é isso que explica que em Portugal a EDP tenha optado por desenvolver o seu primeiro parque offshore (ao largo de Viana do Castelo) com plataformas flutuantes, concebidas pela empresa Principle Power.

A indústria eólica offshore é hoje uma fonte de produção de eletricidade cara, comparada com outras tecnologias, mas nos últimos anos os fabricantes de turbinas têm desenvolvido aerogeradores cada vez mais potentes (acoplados a pás cada vez maiores), que aumentam o volume de energia que se consegue produzir a partir de cada torre. Um dos desafios da indústria é baixar o custo de instalação de eólicas offshore e dos seus vários componentes, da turbina às pás, passando pelas torres e pelas estruturas de suporte e fixação ao fundo do mar.

O parque de Wikinger, que a Iberdrola agora inaugura, é um marco para a empresa por ser o seu primeiro projeto na Alemanha, mas a elétrica espanhola já tem em operação desde 2014 um parque offshore de 389 MW ao largo da Irlanda (o mercado britânico é igualmente uma aposta da EDP, que aí irá instalar um parque eólico de grande dimensão ao largo da Escócia).

Neste seu projeto alemão, situado próximo das fronteiras marítimas com a Polónia e a Dinamarca, a Iberdrola contará com uma remuneração de 194 euros por megawatt hora (MWh) durante cerca de 11 anos, por ter adquirido um projeto licenciado ao abrigo do antigo regime alemão de apoio às eólicas offshore. Entretanto a Alemanha pôs em marcha concursos para atribuição de nova capacidade renovável, que têm obrigado os interessados a oferecer preços mais baixos para a venda da sua energia. O valor que a Iberdrola aqui receberá é quase o triplo do atual preço da eletricidade no mercado grossista ibérico.

Patricia Salamanca, diretora do projeto de Wikinger, garante que a Iberdrola está empenhada nos projetos offshore. “Estamos claramente a apostar nas renováveis e no mar”, afirmou em declarações à imprensa numa visita ao parque eólico antes da inauguração.

A responsável da Iberdrola não afastou nem admitiu a possibilidade de a empresa vir a investir em parques eólicos offshore em Portugal, mas sublinhou que a Iberdrola está para já focada na concretização dos projetos que já tem em mãos noutros mercados, nomeadamente França e Estados Unidos da América, além de uma expansão, já prevista, junto ao parque de Wikinger. “Investimos em países que tenham regulação estável e condições técnicas”, acrescentou.

Em Portugal a Iberdrola está atualmente a investir 1,5 mil milhões de euros no complexo hidroelétrico do Alto Tâmega, que deve entrar em funcionamento em 2021.

FONTE: EXPRESSO