Huawei está pronta para produzir equipamentos 5G sem componentes americanos

Produção em massa começa em outubro, afirma Ren Zhengfei

HONG KONG — A Huawei está pronta para dar início à produção de estações base 5G sem componentes de fornecedores americanos, afirmou o fundador e diretor executivo da companhia, Ren Zhengfei . A produção em massa dos equipamentos começa no mês que vem e a previsão da companhia é que o volume mais que dobre no ano que vem, para atender o crescimento da demanda.

— Nós realizamos testes em agosto e setembro, e a partir de outubro vamos começar a escalar a produção — afirmou Ren nesta quinta-feira, segundo a Reuters, acrescentando que a produção inicial será de 5 mil equipamentos sem componentes americanos por mês.

A previsão para o ano que vem é 1,5 milhão de unidades produzidas, contra as 600 mil estimadas para este ano, incluindo aquelas com componentes americanos. Maior fabricante mundial de equipamentos para a infraestrutura de redes de telefonia, a Huawei está na mira do governo americano, que acusa a gigante chinesa de cinluir vulnerabilidades em seus produtos para favorecer a espionagem chinesa.

A companhia nega repetidamente. Especialistas em segurança cibernética também não acreditam na instalação intencional de “backdoors”, já que a descoberta de uma falha desse tipo seria uma mancha na reputação da empresa. Além disso, governos e empresas realizam análises minuciosas nos equipamentos antes de fecharem seus contratos.

Mesmo assim, o Departamento de Comércio dos EUA incluiu a Huawei numa lista de empresas impedidas de adquirirem peças e componentes de fornecedores americanos. Por isso, o mais recente smartphone da companhia, o Mate 30, não terá aplicativos do Google pré-instalados. E, nos hardwares para operadoras, a Huawei teve que fazer alterações nos seus produtos.

 Will Zhang, presidente de Estratégia Corporativa da Huawei, garante que a performance das estações sem componentes americanos “não é pior” e que a companhias “teve surpresas positivas”, sem, entretanto, fornecer mais detalhes.

Ren afirmou que gostaria de manter os componentes americanos se possível, porque a companhia criada por ele teria “laços emocionais” com fornecedores antigos. Anteriormente, Ren afirmou que poderia vender suas tecnologias 5G para firmas americanas, para que elas pudessem ser usadas nos EUA. Nesta quinta-feira, ele foi mais longe, dizendo que poderia licenciar as tecnologias para empresas americanas, sem temer o surgimento de uma rival.

FONTE: O GLOBO