HRTECHS USAM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA INOVAR A ÁREA DE RECURSOS HUMANOS

Uso de tecnologia na seleção de funcionários ajuda a reduzir o turnover e a melhorar o engajamento dos profissionais (Foto: Divulgação)

O processo de recrutamento de funcionários é um desafio para qualquer empresa. Selecionar o profissional mais adequado à vaga garante ganho em produtividade e evita prejuízos e gastos desnecessários com a rotatividade de pessoal, o chamado turnover. No Brasil, essa rotatividade apresenta índices elevados: bateu quase 40% em 2016, segundo o Ministério de Trabalho.

Levantamento feito pela Harvard Business Review traz mais dados preocupantes para gestores: 80% do turnover é resultado de contratações equivocadas. O dado da revista reflete a realidade do mercado americano, mas não foge muito do que acontece por aqui. “Atualmente, o salário não é o mais importante. As pessoas estão priorizando outras coisas, como serem elas mesmas”, comenta Isabella de A. Botelho, cofundadora da Pin People.

Considerada uma HRTech, uma empresa especializada em inovação para o setor de RH, a startup é uma das empresas brasileiras que estão desenvolvendo soluções com uso de inteligência artificial para melhorar o processo de contratação e reduzir as perdas com recolocação de profissionais. “Quando a pessoa adequada é selecionada, ela é mais feliz no trabalho e isso reflete na sua produtividade e no engajamento com o contratante”, comenta Isabella.

Conheça algumas das principais HRTech brasileiras:

1 – Revelo

Fundada em 2014 pelos sócios Lachlan de Crespigny e Lucas Mendes, a Relevo nasceu como Contratado.ME com a missão de facilitar a busca por talentos. Com o uso de inteligência artificial e machine learning, consegue poupar em até 70% o tempo dos gestores durante o processo de seleção e reduz custos. O site funciona como uma espécie de marketplace de profissionais, com foco principalmente em áreas mais técnicas.

Qualquer candidato interessado pode participar, basta fazer a inscrição no site. Em seguida, ele passa por uma série de testes, que irão avaliar seu grau de proficiência nas habilidades que alegou ter. De acordo com Alexandre Pedretti, diretor de Contas Estratégicas da startup, apenas 5% dos candidatos permanecem na plataforma. É essa nata de profissionais que é apresentada às empresas. “Nós fazemos a avaliação prévia para o recrutador, evitando que ele perca tempo revisando a avalanche de currículos que recebe”, comenta.

Os números da Revelo são animadores para o setor: são mais de 12 mil ofertas de emprego, 70% de economia no tempo do processo de seleção e 10,3 entrevistas, em média, feitas por semana. Recentemente, a empresa recebeu um aporte de R$ 14 milhões em uma rodada de investimentos liderada pelo fundo Valor Capital.

2 – Chance

A startup foi fundada pelo francês Ludovic de Gromard para dar visibilidade e oportunidade a pessoas em busca de uma colocação em cargos operacionais. A ideia do negócio surgiu durante uma temporada que Gromard passou trabalhando nos Emirados Árabes. Para encontrar os funcionários adequados a uma empresa, ele precisou viajar para vários países e fazer mais de mil entrevistas. “O sistema atual de recrutamento para cargos operacionais está quebrado, os resultados ficam muito abaixo do esperado”, comenta.

Além de revelar talentos “invisíveis”, a Chance nasceu com a missão de ser uma empresa de alto impacto social e ajudar na entrada do mercado de trabalho. Para encontrar o candidato ideal, a startup primeiro mapeia o perfil adequado para determinada posição. Isso pode ser feito por meio de uma breve entrevista com o gestor e ainda com um  levantamento de características dos profissionais de alto rendimento que ocupam vagas semelhantes.

Para os candidatos, o caminho de entrada é ainda mais prático: não é preciso preencher nenhum cadastro. Todas as conversas, entrevistas e processos de coaching são feito pelo chat do Facebook. Cabe à Chance sistematizar essas informações e transforma-las em um mapa virtual, que facilite encontrar a pessoa ideal com base nas suas potencialidades.

No modelo de negócio proposto, o custo para as empresas varia conforme o número de vagas disponíveis. O valor, no entanto, não ultrapassa o salário a ser pago. “Esse custo é revertido na ponta final, já que conseguimos 10% de aumento no desempenho e 10% de redução no turnover”, comenta Gromard.

A Chance é liderada por Pr. Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz, e apoiada pelo Google.

3 – Pin People

“As empresas contratam com base nas habilidades técnicas, mas não dão valor ao lado comportamental”, comenta Isabella de A. Botelho, cofundadora da Pin People. Em 2013, ela deixou o cargo de consultora da Endeavor para criar, ao lado da sócia Frederico Lacerda, uma plataforma que permitisse avaliar a questão comportamental durante o processo de seleção. O objetivo era desenvolver a melhor ferramenta para encontrar o perfil mais compatível, nos aspectos humanos e técnicos, para determinada vaga.

A metodologia da startup inclui uso de inteligência artificial, people analytics e psicologia. Na prática, faz o mapeamento da cultura de cada área e aplica um questionário de 15 minutos a todos os concorrentes. Em seguida, cruza os dados e dá uma nota a cada um, de acordo com sua compatibilidade com o que a empresa procura.

Uma vez que o profissional é contratado, a Pin People acompanha sua jornada durante o primeiro ano. Nesse período, ele responde outros quatro questionários que medem seu grau de satisfação consigo mesmo, com o gestor e os colegas de trabalho e com a empresa no geral. Dois questionários breves também são enviados ao gestor nesse período. “O objetivo é acompanhar a jornada do funcionário e, com os dados coletados, aprimorar nosso conhecimento sobre a empresa e sobre o processo”, comenta Isabella.

FONTE: PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS