Escritórios de contabilidade se transformam em empresas de tecnologia especializadas em consultoria contábil
Foi-se o tempo em que o contador se limitava a calcular impostos, acompanhar o cumprimento de obrigações e entregar relatórios. Com a avanço da IA (inteligência artificial), os escritórios de contabilidade se transformaram em empresas de tecnologia que embarcam a ciência contábil em seus serviços. É o que afirma Roberto Dias Duarte, conselheiro da fintech Omie e uma das especialistas que compartilhará seus conhecimentos no We are Omie, no dia 8 de agosto em São Paulo (SP). No evento, organizado pela fintech, ele participará da trilha ‘A empresa contábil perfeita’.
O novo paradigma da contabilidade traz desafios. “O primeiro deles é acompanhar essa evolução, que – antes de ser tecnológica – é comportamental”, diz Duarte. Para ele, o momento exige que se aliem os conhecimentos científicos da contabilidade à inteligência socioemocional e criativa. “Mesmo com toda a automação, o cliente quer contato com gente atenciosa, que ouve suas demandas, serve um cafezinho e busca soluções. Além do resultado, é preciso oferecer a experiência”.
Machine learning (aprendizagem de máquina): traduz comandos em ações e aprende padrões. Para isso, precisa de um alto volume de dados. “A partir de notas fiscais emitidas em São Paulo, por exemplo, é possível criar um algoritmo matemático que aprenda a calcular o ISS no município”, diz Duarte.
Deep learning: potencializa o volume de dados por meio da colaboração entre diversas fontes. Cria uma espécie de rede neural para viabilizar o aprendizado – consolidado e compartilhado – dos padrões que irão reger o comportamento da máquina.
RPA (Robotic Process Automation): desenha o fluxo de um processo e a tarefa que a máquina deve realizar em cada etapa. Uma vez gravado o processo, um bot (robô) passa a executar a ação periodicamente, quando for programado ou só quando ocorrer um evento – como o email de um cliente solicitando uma certidão de débito na Receita Federal. “No exemplo, o mecanismo entende o comando, traduz e aciona o robô de RPA para seguir o passo a passo junto à Receita Federal”, diz Duarte. Ele ainda destaca a necessidade que as máquinas têm de ser treinadas até que aprendam o padrão correto.
Investimento em qualificação
Segundo o conselheiro da Omie, as tecnologias de inteligência artificial tendem a absorver grande parte das tarefas operacionais dos contadores – em especial aquelas ligadas ao cumprimento de obrigações fiscais e tributárias. Se a previsão se concretizar, vai chacoalhar as estruturas de muita gente. “Da receita mundial dos escritórios de contabilidade, 87% vêm de atividades ligadas ao compliance”, afirma.
Junto com os desafios, vêm as oportunidades. “Quem investir em requalificação – não apenas técnica, mas de competências socioemocionais e criativas – tem diante de si um mercado ávido por empatia e soluções não estruturadas”, diz Duarte. Ele também recomenda que os escritórios foquem suas ofertas em produtos de caráter consultivo e segmentados – seja por atividade, setor, perfil comportamental, porte ou característica operacional.
FONTE: PEGN