Home office integral é realidade de apenas 4,2%

Levantamento da ABRH mostra que o formato totalmente presencial é o adotado em quase metade das empresas pesquisadas.

Os formatos de trabalho estão em transformação. O levantamento mais recente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, feito em parceria com a HR Tech Umanni, mostra que 49,6%, entre 900 respondentes, seguem o modelo totalmente presencial, enquanto 46,2% estão no regime híbrido. O home office integral é hoje realidade de somente 4,2%, com uma significativa redução em relação à pesquisa anterior (23,9%), de 2022.

Quem opta pelo trabalho totalmente a distância alega que o formato funcionou bem na pandemia, manteve ou aumentou produtividade e melhorou o bem-estar das pessoas. “Os funcionários dão muito valor”, diz Patrícia Karam, head de RH da Körber Supply Chain, de soluções para cadeias de suprimentos. A empresa mantém escritórios em Blumenau (SC) e Campinas (SP), mas não obriga ninguém a ir. “Determinados times, por demandas específicas, vão ao escritório e se reúnem às vezes”, diz. Segundo ela, cerca de 15% dos 130 funcionários frequentam o local de forma mais habitual.

Em janeiro, a companhia abriu 40 vagas para posições técnicas, com alto grau de exigência em relação às competências e necessidade de inglês fluente. Em dois meses conseguiu preencher praticamente todas, restando apenas cinco. “Se colocasse o formato híbrido não teria tido esse sucesso”, acredita Karam.

Patrícia Pacheco, gerente de gestão e pessoas da Capemisa, da área de seguros, comenta que o RH recebe contato de profissionais que estão buscando, acima de tudo, uma empresa onde possam trabalhar a distância. Dos 450 funcionários da companhia, 300 estão totalmente remotos. “Temos encontros mensais com grupos de funcionários e percebemos que as necessidades vão evoluindo”, diz. Um dos últimos pontos levantados pelos empregados foi a interação, algo na linha do “gosto do remoto, mas quero interagir de vez em quando”. “A empresa passou a promover happy hours, alguns encontros presenciais, e estimulou gestores para que encontrem o time caso haja necessidade da equipe”, explica.

Renato Bagnolesi, sócio-gerente da Fesa Executive Search, de recrutamento, diz que o desafio das lideranças é, no presencial, “criar espaços onde a experiência das pessoas gere um valor maior do que se ficarem em suas casas”. “Assim, naturalmente, as pessoas vão querer frequentar esses espaços”. Ele entende que “existe um problema e as empresas estão experimentando modelos”. “O que mais escuto é que ainda existe uma assimetria de interesses e do valor gerado. Uma grande parte da geração que ainda adota o modelo comando e controle e que não conecta com as outras gerações existentes do mercado.”

FONTE: https://valor.globo.com/carreira/noticia/2024/03/21/home-office-integral-e-realidade-de-apenas-42.ghtml