Hipcamp, o ‘Airbnb dos campings’, já vale US$ 300 mi

Por Pedro Arbex no Brazil Journal

Num mundo em que todo mundo quer tirar uma casquinha do valuation do Airbnb… alguns conseguem. A Hipcamp — uma startup que conecta donos de terrenos e campings com pessoas interessadas em acampar — acaba de levantar US$ 57 milhões e ser avaliada em US$ 300 milhões, mais que o dobro do valuation de sua última captação, há apenas um ano. Sim: até o camping — a própria definição de fuga da tecnologia — foi subvertido e empacotado pelo VCs como um negócio de tech. A Série C — liderada pelo Index Ventures e pela Bond Capital, da ex-analista-chefe de tecnologia do Morgan Stanley, Mary Meeker — vem em meio a uma explosão das reservas de camping nos EUA, com os americanos substituindo o avião por viagens de trailer para destinos ao ar livre. A Hipcamp já havia atraído fundos como o Benchmark — um dos primeiros investidores do eBay e do Uber — Andreessen Horowitz e August Capital. O cantor Jay-Z e o ator Will Smith também são investidores. A notícia foi dada em primeira mão pelo The Information, um site especializado em tech. Fundada em 2014 por Alyssa Ravasio — uma apaixonada por camping desde criança — a Hipcamp nasceu como um site que fornecia notícias e informações sobre campings. Anos depois, começou a cadastrar proprietários de terras dispostos a alugar parte de sua área para pessoas montarem suas tendas ou estacionarem seus trailers. Hoje, a plataforma tem mais de 400 mil espaços listados, desde áreas próximas a piscinas naturais em São Francisco até terrenos em Portland e nas proximidades de Nova York. A Hipcamp opera num nicho do turismo que foi beneficiado pela pandemia. Apesar de ter visto seus bookings despencaram 80% em março, a startup teve uma das recuperações mais rápidas da pandemia: no verão americano, as reservas decolaram com muitos americanos fazendo pequenas viagens para o campo em busca de atividades ao ar livre. Segundo o The Information, o número de transações no site da Hipcamp mais que quadruplicou de junho a agosto, em comparação com o mesmo período de 2019. “A demanda está tão alta que é algo que nunca vimos antes. Estávamos completamente sold out na Califórnia antes dos incêndios. As reservas são três vezes maiores que as do ano passado e os proprietários de terras estão ganhando dezenas de milhares de dólares na plataforma em seus primeiros meses,” Alyssa disse numa entrevista à Forbes em agosto. “A covid aumentou o interesse das pessoas por experiências ao ar livre.” O grande risco da Hipcamp é justamente esse: conseguir convencer os usuários que ganhou na pandemia a continuarem viajando para acampar depois que todos estiverem vacinados e as viagens internacionais totalmente liberadas. Além disso, a startup terá que bater de frente com o Airbnb, que já disse publicamente que pretende investir mais em viagens locais e ao ar livre — e que está com o caixa cheio depois do IPO. No ano passado, a Hipcamp fez sua primeira aquisição internacional — a australiana Youcamp — e anunciou sua entrada no Canadá.

FONTE: https://braziljournal.com/hipcamp-o-airbnb-dos-campings-ja-vale-us-300-mi