Guarda-vidas testam drone com boia inflável para salvamentos no litoral gaúcho

Sistema foi desenvolvido por empresa privada e cedido ao Corpo de Bombeiros para utilização durante o verão

Os guarda-vidas da Operação Golfinho começam a testar, neste veraneio, uma nova tecnologia com potencial para evitar mortes por afogamento nas praias gaúchas. Trata-se de um sistema de auxílio ao salvamento, composto por um software desenhado especificamente para esse fim e por uma boia inflável, acoplados a um drone do Corpo de Bombeiros.

A ideia é que, da guarita, um salva-vidas possa enviar a boia em poucos segundos até a vítima, por via aérea, para que ela se mantenha à tona até a chegada da equipe de resgate. O alcance é de 800 metros a três quilômetros, o que permite abranger a área de várias guaritas.

O sistema foi entregue aos bombeiros e passou por uma demonstração na manhã desta quinta-feira (28), na orla de Tramandaí, durante festividades alusivas ao Dia Nacional do Guarda-Vidas. O equipamento foi cedido à corporação pela empresa Sky Drones Tecnologia Aviônica, de Porto Alegre. O interesse da companhia é que os testes oferecem subsídios para aprimorar o produto.

O CEO da SkyDrones, Ulf Bogdawa, disse ter tido a ideia de desenvolver o sistema a partir de uma demanda dos bombeiros. Há cerca de três meses, ele participou em Santa Catarina de um evento em que os profissionais do salvamento relataram sua experiência com drones.

— O modelo Phanton é extremamente popular, então bombeiros acabam comprando e usando para auxiliar no trabalho deles, porque a vista aérea é muito boa para achar alguém. Esse é o ponto positivo. O ponto negativo é que, quando acha a pessoa, ele só pode filmá-la se afogando, não pode fazer mais nada— relata Bogdawa.

A partir dessa constatação o empresário trabalhou no desenvolvimento de um aplicativo por meio do qual, com um único toque, o salva-vidas faz o drone decolar e começa a manejá-lo mar adentro, à procura da vítima. Quando a localiza na tela, ele dá um novo toque, que faz o drone soltar um dispositivo de auxílio à flutuação de fabricação alemã. Com pouco mais de 200 gramas, esse sistema tem um cilindro projetado para inflar a boia quando chega à água.

— Como o cilindro é compacto, o vento não o empurra para longe, o que facilita soltá-lo no lugar correto. Ele afunda e já volta à superfície como uma boia. A vantagem é que o drone chega mais rápido que o salva-vidas. Para fazer 100 metros a nado, vai levar um minuto. O drone realiza o percurso em segundos. Isso faz a diferença. Enquanto o salvamento não chega, a pessoa flutua — diz Bogdawa.

O sistema também fornece as coordenadas exatas do local onde a vítima se encontra, o que pode auxiliar os serviços de busca. Para o futuro, a ideia é usar Inteligência artificial, via processamento de imagens, de forma que o próprio drone localize a vítima, sem necessidade de navegação humana.

O sistema foi acoplado a um drone Phantom do Corpo de Bombeiros, mas a demonstração de hoje ocorreu em outro equipamento, mais robusto, da SkyDrone. Segundo o empresário, isso aconteceu por causa do vento, que faria o drone da Operação Golfinho esgotar a bateria em menos tempo. Bogdawa postou-se na areia, enquanto um guarda-vidas entrou no mar para simular o afogamento. Enquanto o CEO manejava o drone, outros dois salva-vidas correram para a água com a finalidade de fazer o salvamento simulado. O drone chegou rapidamente até a zona da arrebentação, mas levou algum tempo até que fosse posicionado exatamente em cima da vítima e que soltasse a boia. Mesmo assim, isso aconteceu um pouco antes da chegada do socorro humano.

O coronel Evaldo Rodrigo de Oliveira Júnior, subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros, participou da demonstração e disse que o plano é testar o sistema, durante este veraneio, em toda a costa gaúcha, incluindo o Litoral Sul e as praias de água doce. Caso o equipamento mostre-se útil, a corporação pretende comprá-lo para uso maciço a partir da próxima temporada.

— Iniciamos parceria com a empresa gaúcha que produz esse equipamento para colocar em teste neste veraneio e ver se atende à necessidade, se precisa de alguma nova adaptação. É um experimento. Vamos fazer com que ele seja submetido às mais diversas situações: tempo bom, tempo ruim, mar mais calmo, mais agitado. Se funcionar, partimos para a aquisição.

Uma equipe volante foi treinada para realizar os testes, que neste início de temporada serão realizados em Tramandaí.

Comando

O controle remoto do drone é acoplado a um tablet com o aplicativo do sistema de busca e salvamento. Basta um toque na tela para fazer o drone decolar. À medida que o drone se desloca, a câmera instalada nele envia imagens para a tela do tablet.

Drone

O equipamento dos Bombeiros, modelo Phantom, um dos mais populares do mercado, recebeu um software específico para a função de salvamento. A expectativa é que ele possa alcançar de 800 metros a três quilômetros.

Dispositivo de flutuação

Ao drone, a empresa responsável conectou um cilindro de 200 gramas que infla uma boia. Quando o profissional que maneja o drone localiza a vítima pela tela do tablet, ele dá um toque na tela para que o dispositivo seja liberado. Ele cai na vertical e, ao contato com a água, se transforma na boia.

FONTE: GAUCHAZH