Instituição financeira será a primeira do tipo da companhia em todo o mundo e começará a funcionar no final de março
Os chineses do Xuzhou Construction Machinery Group (XCMG) estão apostando na recuperação da economia brasileira a partir deste ano, e anunciaram nesta segunda a abertura de um banco no Brasil para financiar o setor de máquinas para infraestrutura. O XCMG é o sexto maior grupo mundial do setor de maquinário para infraestrutura e fatura US$ 30 bilhões por ano.
O banco do XCMG no Brasil é a primeira unidade no mundo — nem mesmo na China o grupo possui uma instituição financeira. É a primeira instituição, com capital 100% estrangeiro, a obter autorização de funcionamento junto ao Banco Central.
— No Brasil, todos os nossos concorrentes possuem bancos que financiam seus clientes e fornecedores. Por isso, o grupo XCMG decidiu apostar na abertura de um banco para financiar o crescimento da indústria — disse Way Chien, gerente jurídico da XCMG no Brasil e que esteve à frente das negociações para que a instituição chinesa fosse aprovada no Banco Central. O banco deve começar a funcionar no fim de março.
Haverá R$ 100 milhões de capital próprio para financiamentos. O banco também quer obter recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), via Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos) e pretende terminar 2020 com cerca de R$ 400 milhões em empréstimos.
Teremos outras fontes de captação, como CDI e CDBs para pessoas jurídicas. A ideia é consolidar a operação no Brasil e expandir para outros países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, entre outros – disse Roberto Pontes, presidente do banco, que foi recrutado no banco Daycoval. Outras 15 pessoas, profissionais com experiência em operações de crédito à indústria, estão sendo recrutados, especialmente em bancos de montadoras.
O grupo XCMG não é um estreante no mercado brasileiro. Em 2014, inaugurou um gigantesco parque industrial em Pouso Alegre, Minas Gerais, onde também vai ficar a sede do banco. O parque industrial tem capacidade anual de montagem de 7 mil máquinas, entre caminhões, guindastes, carregadeiras, escavadeiras, motoniveladoras e rolos compactadores.
O grupo começou a estudar o mercado brasileiro em 2011, quando as perspectivas de crescimento do país eram as mais otimistas possíveis. Instalou sua fábrica num área de 1 milhão de metros quadrados com 130 mil metros de área construída. O investimento foi de US$ 500 milhões. Em 2014, veio a crise.
— Quando se olhavam as estimativas para a economia brasileira eram as melhores possíveis, mas veio a crise. Hoje temos cerca de 40 mil metros para alugar — disse Way Chien.
O presidente global do XCMG, Wang Min, disse que a América do Sul é o quarto maior mercado para o grupo. O Brasil representa 60% do mercado sul-americana.
— Por isso escolhemos o país para fazer a fábrica greenfield (construída do zero). Buscamos talentos locais e integramos com as vantagens globais. Já são sete anos de construção. Com a desvalorização do real, muitas empresas fecharam ou reduzirá suas operações no país. Mas nós estamos aumentando — afirmou Min em seu discurso de lançamento do banco.
FONTE: ÉPOCA