Grandes empresas migram para novos espaços de coworking

Quando se fala em coworking, é comum associar o conceito ao de espaço de trabalho e recursos compartilhados por profissionais autônomos ou por equipes de pequenos negócios. E, embora, na origem, o modelo tenha surgido dessa forma, hoje em dia, engloba também grandes companhias. Muitas têm optado por transferir algumas de suas áreas para ambientes do gênero, outras levam sedes inteiras.
Na WeWork, formada por 26 unidades que servem de espaço de produção para 23 mil pessoas no Brasil, estão corporações como Itaú, Bradesco, Quinto Andar, Ernst & Young, entre outras. Em Porto Alegre, onde uma das operações da rede funciona desde dezembro, as companhias Yara Fertilizantes, OLX, Agrofy e a Easy Translation Service dividem a estrutura junto com outras 45 empresas menores.
Ocupando quatro andares em prédio localizado na avenida Carlos Gomes, a sede gaúcha da WeWork tem capacidade para 300 posições de trabalho. Ali se encontram, em sua maioria, empresas dos setores de tecnologia e serviços (incluindo escritório de advocacia, agência de viagens, marketplace, consultoria, e bancos). “A unidade fica próxima a restaurantes, academias, shoppings e espaços culturais, além de ser pet friendly e oferecer bicicletário e vestiário para membros”, destaca o Community Manager da WeWork em Porto Alegre, Lucas Costa. Segundo ele, até fevereiro, serão 700 posições no total.
Para além de espaços customizados, a rede de coworking oferece três modalidades diferentes de locais de trabalho em seus prédios: Hot Desk, que dá direito ao uso de uma posição em áreas comuns; Mesa Dedicada, em sala compartilhada por membros de uma mesma empresa; e Escritório Privativo, com espaços fechados que podem ser trancados e usados por grandes equipes. Estabelecida, desde que abriu as portas no Brasil, em uma das unidades da WeWork na capital paulista, a Agrofy é um exemplo de empresa cuja estrutura está totalmente ligada à rede de coworking.
A plataforma digital de vendas de máquinas e equipamentos para o setor de agronegócio conta com operação fixa, que reúne 34 profissionais trabalhando em uma das salas distribuídas em cinco pisos ocupados pela rede de estrutura compartilhada em um prédio em São Paulo.
Junto com a operação de marketplace, equipes de diversas startups de moda e tecnologia, consultorias, headhunters, fintechs, escritório de advocacia, entre outras, ocupam o local. “São empresas diferentes, funcionando uma do lado da outra, que conseguem conviver com respeito, sem ter aquela coisa de muita gente falando alto, e mantendo o ambiente organizado – aliás, esses são dois valores fortes dentro desse espaço de compartilhamento”, comenta o country manager da Agrofy no Brasil, Rafael Sant’Anna. Ele foi o primeiro integrante a ocupar uma das posições da WeWork, no final de 2018. “Da sala de uma posição passamos para uma de quatro posições, e, conforme fomos expandindo no Brasil, adicionamos mais e mais posições.”
Em Porto Alegre, a Agrofy conta com três profissionais ocupando o escritório localizado em unidade de compartilhamento de estrutura, mas a meta é aumentar a equipe em solo gaúcho. “Em um coworking você encontra estrutura bem planejada e pensada para o trabalho autônomo e coletivo. Tem a oportunidade de manter e aumentar o networking com pessoas de diversas áreas e estilos”, justifica Sant’Anna. Mais do que a gestão facilitada e unificada do espaço em si, o compartilhamento de áreas comuns, “cada vez mais usadas também para reuniões, acaba fomentando conexão e interação entre pessoas e empresas”, concorda o Community Manager da WeWork.
Costa comenta que todos os membros da rede (desde os que contratam estação de trabalho não fixa até os que ocupam escritórios privativos) têm acesso entre si por meio de um aplicativo que permite que se comuniquem virtualmente. “Também se integram em eventos formais e informais promovidos em nossos espaços para estimular conexões – e uma grande parte dos membros da WeWork pelo mundo de fato já fez negócios entre si.”
Segundo o porta-voz da unidade gaúcha, dados do primeiro Reporte Global de Impacto Econômico da WeWork, lançado em abril do ano passado, apontam que, em São Paulo, 65% dos membros afirmaram que a rede ajudou a empresa a acelerar seu crescimento. “No Rio de Janeiro, o percentual é de 62%.”

Tecnologia, custo menor e estrutura moderna atraem profissionais

O apelo de um espaço que reúne modernidade, tecnologia e inovação foi um dos principais motivos que levou a Agrofy para um coworking. “Nos beneficiou pela proposta de valor, pela estrutura moderna e muito bem organizada para iniciar uma operação e focar no que realmente importa”, explica o country manager da Agrofy no Brasil, Rafael Sant’Anna. Além de profissionais trabalhando em posições da WeWork em São Paulo e Porto Alegre, a empresa ainda conta com equipe em um outro espaço de coworking em Curitiba. “Nosso custo de locação (que varia entre R$ 1,3 mil e R$ 2 mil, dependendo do lugar) é muito vantajoso”, comenta Sant’Anna.
“Além de não precisar investir em mobiliário de um escritório e ter os custos de luz, internet, e outros inclusos no valor da locação, considerei o fato de que o ambiente permite interação com pessoas diferentes”, comenta a advogada Carolina Sanvicente, proprietária da Perroni Sanvicente Advogados. Ela trabalha em um espaço da WeWork em Porto Alegre, junto com outros três funcionários. “O que mais me deixa feliz é que os nossos clientes acham o espaço sensacional”, comenta. “É um ambiente multidisciplinar, extremamente confortável”, explica Carolina. Além da praticidade de manter um escritório, ela considera positivo poder utilizar salas da rede em outras cidades da Região Sul onde há posições e aproveitar “pequenos luxos”, como fazer massagem e manicure uma vez por semana, sem precisar sair do prédio.
O Comumunity Manager da WeWork em Porto Alegre, Lucas Costa, reforça que, além dos serviços e benefícios incluídos no valor da mensalidade (como segurança 24 horas, sete dias por semana, internet de alta velocidade, espaços decorados e mobiliados, recepção, copa com café, chá, água e cerveja, serviços de impressão e papelaria, salas de reunião, cabines telefônicas, entre outros), as empresas têm flexibilidade de poder expandir ou diminuir o espaço de maneira dinâmica, conforme a necessidade. Os preços variam conforme localização e são válidos desde a abertura. Na WeWork Carlos Gomes, os valores vão desde R$ 1.160,00 (hot desk) a R$ 1.660,00 (escritório privativo) por posição.
FONTE: JC