Google desenvolve “cheiros digitais” com a ajuda de inteligência artificial

Pesquisadores utilizam IA para criar odores para a indústria de fragrâncias antes que os nossos narizes destruam o planeta.

O objetivo da pesquisa é criar uma próxima geração de moléculas de aroma para perfumes, xampus, velas e outros produtos.

“A visão e a audição foram digitalizadas, mas não o olfato – nosso sentido mais antigo e profundo”. Essa é a frase que abre o site da startup Osmo, uma ramificação do Google Researchcom sede em Cambridge, Massachusetts, nos Estados Unidos. O objetivo da pesquisa é criar uma próxima geração de moléculas de aroma para perfumes, xampus, velas e outros produtos.

Só que existe um porém: se conseguimos mapear, por exemplo, uma roda de cores ou as frequências dos sons, esse trabalho tão preciso ainda não foi feito com os odores. E, com a ajuda da Inteligência Artificial, cientistas do Google estão trabalhando para montar esse mapa, agrupando moléculas com cheiros semelhantes para tentar reproduzi-las.

Como funciona a Inteligência Artificial?

Até agora, os cientistas conseguiram agrupar em seu catálogo os dados de 5 mil moléculas de perfumes e cheiros já existentes. A inteligência artificial analisa as moléculas, as classifica — por exemplo, se o perfume é frutado, amanteigado ou amadeirado — e, a partir da análise, consegue prever como um ser humano a descreveria.

Depois do computador ser “calibrado” com os cheiros que reconhecemos, os pesquisadores da Osmo pediram para a IA analisar 400 moléculas projetadas em laboratório e que nunca foram produzidas. A máquina consegue prever como seriam os odores para um ser humano utilizando somente a sua estrutura — e antes mesmo de sua produção.

Inteligência artificial

A complexidade do nosso olfato

Dizem que um perfume é uma coisa muito pessoal. A ciência ainda não conseguiu recriar digitalmente toda a complexidade que envolve o olfato do ser humano. Somos capazes de identificar milhões de odores diferentes. O olfato é responsável por desencadear reações emocionais e comportamentais, e também desempenha um papel importante para identificarmos e saborearmos os alimentos.

A capacidade de sentir cheiros é mediada por receptores olfativos localizados em uma camada fina de tecido no topo do nariz. Esses receptores são sensíveis a uma ampla gama de moléculas e cada um é capaz de responder a uma variedade de odores diferentes.

Seria a salvação da Floresta Amazônica?

A indústria mundial de fragrâncias movimenta cerca de 30 bilhões de dólares por ano. Algumas das matérias-primas utilizadas nessa produção estão difíceis de serem obtidas – ou a forma como são colhidas se tornou polêmica do ponto de vista ambiental nos dias de hoje.

Além disso, as recentes mudanças climáticas atrapalham, por exemplo, a produção de flores para a utilização na indústria de perfumes. Algumas alternativas sintéticas estão enfrentando proibições regulatórias por questões de segurança.

A ideia da Osmo é criar moléculas para a indústria de fragrâncias que sejam fortes, livres de alérgenos e biodegradáveis. Tudo isso sem a extração de fontes vegetais ou animais da natureza.

FONTE: https://www.terra.com.br/byte/google-desenvolve-cheiros-digitais-com-a-ajuda-de-inteligencia-artificial,2bed93c155bb95c6e5d748d37402bda66mst8gt3.html