Futuro das fintechs: veja o que esperar do mercado financeiro brasileiro

Empresas abriram seus processos seletivos para as áreas de tecnologia, comercial, administrativo, atendimento e marketing mesmo durante o isolamento social (Luke Garcia/ Stone/Divulgação)

Startups começam a investir além das soluções de pagamentos, se estendendo para áreas como crédito, seguros e câmbio

Uma pesquisa de 2016 da  PwC aponta que 76% das instituições bancárias se sentem ameaçadas pelo avanço das fintechs. E não é para menos: nos últimos anos, as startups de financeiros vêm ocupando espaço no mercado.

Segundo o Mapa de Fintechs do Brasil, publicado pelo Finnovation no ano passado, o país já conta com 504 fintechs em operação – o que representa um crescimento de 34% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 377 fintechs. Além disso, 26% das empresas são voltadas para soluções de pagamento, seguido por crédito (17%).

“A chegada das fintechs trouxe mais opções para as pessoas. Hoje já existe uma gama de possibilidades de contas de acordo com a necessidade e estilo do cliente”, explica Ingrid Barth, diretora da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), que ainda afirma que a chegada do open banking e a opção de sociedade de crédito direto prometem ampliar a atuação das startups. “Essas novas modalidades abrem um leque de opções e algumas verticais de fintechs vão começar a ganhar mais força, é o caso de seguros e câmbio, além de crédito”.

Competição ou colaboração?

Embora o crescimento das fintechs seja perceptível, os brasileiros ainda não confiam totalmente nas empresas. Uma pesquisa do Google, realizada em outubro do ano passado com 500 usuários de serviços financeiros, mostra que 41% não sabem se estariam dispostos a mudar para uma startup. Apenas 17% afirmam estar dispostos a se tornar clientes de uma fintech para abrir nova conta, trocar de cartão, mudar seus investimentos ou contratar créditos.

Por outro lado, a mesma pesquisa mostra que, dos consumidores que decidem se aventurar nas startups, 71% afirmam estar contentes com o serviço, enquanto 42% têm o mesmo sentimento em relação aos bancos.

Para não perder clientes, os grandes bancos estão se adaptando à nova realidade das startups, que tendem a trabalhar com equipes mais enxutas, estilo de liderança horizontal e projetos rápidos. É o caso da TecBan – detentora do Banco 24H. A companhia está há dois anos fazendo uma mudança cultural corporativa para adotar a metodologia de gestão de projetos fast forward, que trabalha com grupos para realizar as atividades.

Segundo Marina Bertollucci, superintendente de RH e Sustentabilidade da TecBan, a cultura empresarial precisa ser revisitada de tempos em tempos para garantir que os funcionários estão alinhados com a posição de mercado da companhia. “Quando a gente fala de bancos digitais, open banking ou peer-to-peer, todas essas iniciativas acontecem porque você tem um time flexível para olhar, juntar as competências individuais e ter prontidão para agir”.

Mais do que mudar o mindset das equipes, é preciso saber trabalhar com as concorrentes que estão surgindo. Como no último um ano e meio o volume de transações vindo de bancos digitais aumentou significamente, a TecBan criou um hub digital para receber esse volume e facilitar a conexão com as fintechs. “A gente mudou o nosso sistema para API e digitalizou os processos e contratos para conseguir conversar com as startups. A gente precisa falar a mesma língua para conseguir atender mais nichos e nichos cada vez mais específicos”, pontua Tiago Aguiar, diretor de Novas Plataformas da TecBan.

Oportunidades de emprego

Além do crescimento que já estava acontecendo, as startups financeiras também se tornaram uma opção no mercado de trabalho durante a pandemia do coronavírus. Empresas como Stone, Nubank, Mycon, Grupo Nexxera e PicPay abriram seus processos seletivos para as áreas de tecnologia, comercial, administrativo, atendimento e marketing mesmo durante o isolamento social.

Outras, lançaram soluções para ajudar durante o período de crise. As empresas PagSeguro, Mercado Pago e SumUp se colocaram suas tecnologias à disposição do governo para ajudar na distribuição do auxílio emergencial de 600 reais. Já a ThinkInvest, que iniciou suas operações em abril, ajuda no processo de declaração do Imposto de Renda – que teve a data de entrega estendida para 30 de junho; enquanto a EBANX lançou uma plataforma para que pequenos comerciantes e autônomos vendam vouchers dos seus serviços.

FONTE: vocesa.abril.com.br