Fundo se prepara para levantar ‘novo Vale do Silício’ em Brasília

Integral Brei espera fazer a primeira emissão antes do fim do ano, quando planeja captar até R$ 1,5 bilhão dos R$ 5 bilhões previstos para o projeto

Vitor Bidetti, CEO da Integral Brei: gestora vai captar R$ 5 bilhões para financiar distrito de inovação em Brasília (Foto: Divulgação)

A capital do país pode passar a ser também a capital da inovação no Brasil. O projeto Parque Tecnológico de Brasília – BioTic vai transformar uma área de 1 milhão de metros quadrados no Plano Piloto em um distrito de inovação, no modelo de smart city (cidade inteligente), abrigando residências, escritórios, centros de ensino e pesquisas, empresas – muitas startups –  e rede de transporte, comércio e preservação ambiental.

Para financiar o BioTic, a Integral Brei, gestora escolhida por chamamento público, pretende levantar os R$ 5 bilhões previstos para o projeto, por meio do primeiro fundo imobiliário ESG (Ambiental, Social e Governança Corporativa) do país. “Quando fui apresentado ao BioTic, na hora identifiquei a possibilidade de desenvolvê-lo via fundo imobiliário ESG, o que cria uma atratividade ainda maior para um projeto que já tinha todos os elementos para ser um sucesso”, conta a Época NEGÓCIOS Vitor Bidetti, CEO da Integral Brei.

Segundo Bidetti, urbanistas, arquitetos, gestores, entre outros profissionais, estão no momento fazendo o detalhamento dos equipamentos-âncora que vão compor o projeto. E a partir daí, serão definidos os detalhes da primeira emissão do fundo.

O BioTic é um projeto da Terracap, uma autarquia do governo do Distrito Federal, e que se espelha em outros projetos no modelo smart city, como o MIND – Milano Innovation Distric, em Milão, e o Distrito de Inovação de Boston, nos Estados Unidos, ambos com a assinatura do escritório do arquiteto italiano Carlo Ratti, referência em projetos de cidades inteligentes e que também responderá pelo projeto em Brasília.

Para a primeira fase, que será a mais robusta das quatro planejadas, o foco está na atração de empresas de tecnologia, startups, condomínios de shoppings, escritórios, residências e uma universidade pública. “Vamos criar um Vale do Silício em Brasília, cidade que se tornou um grande hub nacional, que reúne três milhões de habitantes, empresas, embaixadas e centros educacionais”, destaca Bidetti, que lembra ainda da infraestrutura de mobilidade, com estradas e aeroporto internacional.

O plano é que o distrito de inovação funcione nessa cidade planejada com tecnologia embarcada, conectividade, espaçamentos, mobilidade, edifícios inteligentes, compromissos sociais e certificações relacionadas à tecnologia e sustentabilidade. De acordo com Bidetti, são 200 empresas listadas em negociação para ocupar um lugar no BioTic, que vai atuar integralmente no modelo de locação, incluindo os imóveis residenciais. “Nos EUA, esse modelo é um business maior até mesmo que o de escritórios”.

O distrito de inovação ocupará uma área entre dois corredores ecológicos, o Riacho Torto e o Ribeirão Bananal, e preservará 42 mil hectares de cerrado. Hoje, já abriga um embrião do projeto, abrigando datas centers de bancos públicas, startup, incubadora e operando com o 5G da Huawei.

ESG

Bidetti avalia que a crise sanitária causada pelo novo coronavírus acelerou o olhar do mercado nacional para fundos verdes e investimentos responsáveis. “Fora do Brasil, os fundos ESG já eram uma tendência, aqui tinha umas iniciativas incipientes, mas ainda era uma nova fronteira. E já há um tempo que passamos a olhar com mais atenção aos ESG. Vimos que cada vez mais investidores, seja de fundos soberanos ou de fundos de pensão, estão alocando em investimentos desse tipo”, avalia Bidetti.

O executivo destaca ainda que os fundos ESG são importantes para agregar valor aos negócios e construir uma agenda positiva. “Adicionalmente, é dever dos gestores estarem sempre atentos e buscarem evoluir na maneira como fazem os seus investimentos”, complementa.

Até novembro a Integral Brei fará a primeira emissão para levantar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, montante dedicado à primeira fase do projeto. Bidetti diz estar trabalhando junto a grandes investidores, como fundos soberanos e fundos de pensão, estes últimos, segundo o executivo, com um importante potencial de investimento.

“Os fundos de pensão têm algo em torno de R$ 1 trilhão de patrimônio. Deste total, por volta de 5% estão alocados em investimentos imobiliário, só que podem investir até 20%. Portanto, há muito espaço ainda.”

Com a redução da taxa de juros para 2% ao ano, alguns investimentos têm tido rendimento real negativo, pressionando investidores a diversificar, ressalta Bidetti, logo, o momento “é muito compatível com a agenda dos fundos, que têm que buscar investimentos de longo prazo”.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/Mercado/noticia/2020/08/fundo-se-prepara-para-levantar-novo-vale-do-silicio-em-brasilia.html?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=post