Fundo chinês ZhenFund vê futuro nas entregas e ‘startups” tecnológicas

As entregas são uma das áreas mais apelativas para o fundo chinês de capital de risco ZhenFund que vai também avaliar a oportunidade de investir em ‘startups’ europeias, incluindo portuguesas.

“Ouvi falar bem das ‘startups’ portuguesas. Ouvi dizer que há apoio do governo para encorajar o empreendedorismo em Portugal, por isso, quero saber mais sobre isso”, disse à Lusa o diretor-geral da ZhenFund, Arthur Zhang, à margem de um painel onde se discutiu o “boom” das ‘startups’ chinesas na Web Summit, em Lisboa.

O ZhenFund que começou em 2011, em colaboração com o Sequoia Capital China, é o maior fundo de investimento chinês para ‘startups’ em fase “seed” (semente) e “early stage”(fase de arranque). Tem delegações em Pequim, Xangai e Silicon Valley (Estados Unidos) e gere um fundo de mil milhões de dólares contando atualmente com um portfólio de cerca de 700 empresas, essencialmente chinesas.

Arthur Zhang adiantou que já tem encontros marcados com 15 equipas de empreendedores de diferentes países para “conhecer as suas ideias”, entre as quais duas portuguesas.

O FUNDO ESTÁ À PROCURA DE ‘STARTUPS’ TECNOLÓGICAS COM POTENCIAL PARA SEREM UTILIZADAS NA CHINA.

“Temos um grande mercado e procuramos tecnologias que sejam escaláveis. Esperamos poder financiar empresas desse género ou apresentá-las à China”, disse Zhang, salientando que ZhenFund está aberto a oportunidades em Silicon Valley, sudeste asiático ou na Europa, embora ainda não tenha uma equipa dedicada a esta região.

Para já quer “aprender, conhecer o ambiente, saber como as pessoas pensam e responder a perguntas sobre a China” para poder “estabelecer parcerias e construir uma relação”.

O investidor salientou que a China tem feito “muitos esforços para encorajar o talento e as empresas que ajudem a resolver problemas”, criando um ambiente atrativo para as ‘startups’, e deu como exemplos a DiDi (uma espécie de Uber chinesa) ou o grupo retalhista de ecommerce Meituan, que também faz entrega de refeições.

 ZHANG DIZ QUE, ATUALMENTE, VALE A PENA INVESTIR DINHEIRO EM EMPRESAS DE ENTREGAS

“Estamos muito focados nas entregas. Os hábitos das pessoas estão a mudar, estão mais preguiçosas e querem refeições convenientes. Ir à mercearia e cozinhar leva tempo, as pessoas preferem encomendar ‘online’ porque é muito mais conveniente.

Arthur Zhang considera, por isso, que vale a pena investir dinheiro em empresas de entregas: “eu não vou a um centro comercial há cerca de um ano. Compro comida, roupa, livros, tudo ‘online’ e as empresas são especializadas. Até existe uma empresa de entrega de cosméticos cotada em bolsa. As pessoas querem entregas rápidas e isto é uma megatendência”.

No debate sobre as ‘startups’ chinesas, a vice-presidente do fundo GGV Capital, Robin Li e a sócia-gerente do Cherub Ventures, Tina Cheng) apontaram também a educação, a conveniência e os pagamentos como áreas merecedoras da atenção dos investidores.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa, devendo permanecer até 2028 no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Nesta terceira edição do evento em Portugal são esperados cerca de 70 mil participantes de mais de 170 países.

FONTE: SICNOTÍCIAS