Fundadora conta como superou preconceitos e criou startup de R$ 5 bi

Filha de imigrantes, Suneera Madhani teve dificuldades ao levantar fundos durante a gravidez, mas hoje tem uma das maiores do setor

Divulgação
“Meus chefes praticamente riram de mim na sala de reuniões, dizendo que nunca funcionaria”, diz Suneera Madhani

Em março passado, a fintech Stax alcançou o status de unicórnio após arrecadar US$ 245 milhões (R$ 1,3 bilhões). Também subiu do sexto lugar na lista das 50 empresas lideradas por mulheres de crescimento mais rápido da WPO de 2021 para o terceiro. A lista classifica empresas privadas lideradas por mulheres que geraram pelo menos US$ 500 mil (R$ 2,6 bilhões) em receita em cada um dos últimos cinco anos. E, pelo quarto ano, a fintech estava na lista Inc 5000, na 648ª posição em 2022, com crescimento de 972% em 3 anos. Alcançou o status de unicórnio e está avaliada em mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões).

O crescimento da Stax tem a ver com o crescimento geral da indústria de processamento de pagamentos, que deve sair dos US$ 90,4 bilhões (R$ 465 bilhões) em 2021 para US$ 569,2 bilhões (R$ 2,9 trilhões) em 2030, de acordo com a P&S Intelligence. Mas talvez o mais importante tenha sido que a Stax revolucionou o setor com preços fixos, fornecendo insights de clientes e facilidade de uso para pequenas empresas.

Suneera Madhani, fundadora e CEO da Stax, construiu seu negócio com base em insights e conversas com clientes sobre seus pontos quando ela trabalhou para outras companhias. E viu como essa indústria atendeu mal seu pai, um pequeno empreendedor. Como uma empresária imigrante de primeira geração que viu seu pai perseverar após fracassos nos negócios, ela não temia o fracasso. Madhani abraçou a superação de desafios.

Vinte por cento dos empresários nos EUA são imigrantes de primeira geração, embora sejam apenas 13% da população total. Empreendedores de sucesso precisam assumir riscos calculados. Os pais de Madhani são imigrantes paquistaneses. Seu pai era dono de cafés, restaurantes e lojas de conveniência, que usavam o processamento de pagamentos com cartão de crédito. Com base nas frustrações dele e de seus clientes quando ela trabalhava para outra empresa de processamento de pagamentos, ela e seu irmão, Sal Rehmetullah, lançaram a Fattmerchant em 2014. A empresa foi posteriormente renomeada Stax.

Na época, os processadores de pagamento tratavam as pequenas empresas como uma mercadoria. O relacionamento era transacional e não havia valor agregado. “A indústria de cartões se concentrou em receber, não em dar”, disse Madhani. “E havia todos esses intermediários cobrando taxas sem transparência”, diz. Sua ideia era cobrar uma taxa mensal fixa para níveis de volume específicos em uma plataforma SaaS fácil de usar que ajudasse os clientes a obter insights sobre seus negócios.

Formada em finanças na faculdade, Madhani é uma nerd autoproclamada. “Eu estava obcecada em aprender sobre os dados transacionais que estão ocorrendo”, diz ela. “Estava entrando em uma caixa preta, sem trocadilhos. Por que ninguém está fazendo nada significativo com esses dados?”, questionou. Os clientes da Stax podem usar dados para determinar quais de seus clientes estão retornando, com que frequência, quais são os horários de maior movimento e outras tendências.

Madhani apresentou a ideia ao processador de cartões de crédito onde trabalhava. “Meus chefes praticamente riram de mim na sala de reuniões, dizendo que nunca funcionaria”, diz. Implacável, ela começou sua própria empresa.

No começo, era ela quem entregava maquininhas
“Eu tinha zero experiência em construir software ou encontrar o Sr. Visa”, disse Madhani. Os 18 meses seguintes foram uma batalha difícil. “Fui rejeitada por vários processadores, investidores e bancos. Mas continuei aparecendo”, diz. No primeiro ano, ela vendeu terminais de pagamento no porta-malas de seu Volkswagen Beetle. Agora, a Stax tem 22 mil pequenas e grandes empresas na plataforma, movimentando mais de US$ 23 bilhões (R$ 118 bilhões) em pagamentos processados.

Quando Madhani relembra o quão difícil foi para ela, ela percebe que parte do problema foi o preconceito que experimentou como mulher em uma indústria. “Havia poucas mulheres, especialmente mulheres que não são brancas, na liderança, muito menos como CEO. O setor de serviços financeiros é dominado por homens, é obsoleto, branco e masculino”, disse. Madhani também era jovem, com apenas 26 anos. “Então eu acho que agora havia preconceito de idade também. Eu sou uma criança sem diploma de Harvard.”

Assim que a Stax teve tração – US$ 5 milhões (R$ 26 milhões) em pagamentos processados ​​– Madhani tentou levantar capital de risco para escalar a empresa. “Eu rapidamente encontrei tanto sexismo e preconceito no mundo dos empreendimentos também.” Como uma mulher não-branca de 26 anos, ela não foi levada a sério. Apenas 14% das startups com uma mulher na equipe fundadora levantaram capital de risco em 2015, de acordo com o Q2 2022 PitchBook-NVCA Venture Monitor. Foi apenas marginalmente melhor em 2021 – 17%. No entanto, ela persistiu até conseguir dinheiro.

Gravidez foi vista como problema
Ela enfrentou preconceito quando criou a série A da Stax e estava grávida de sua primeira filha. E durante a série B quando estava grávida de sua segunda filha. As perguntas que lhe foram feitas nunca teriam sido feitas a um homem que ia ter um filho.
O combate ao preconceito pode assumir muitas formas. As honras que você ganha são uma maneira de adicionar peso à sua biografia e adicionar ao seu status. É uma voz externa dizendo que você é ótimo, o que é mais confiável do que a seção “sobre” do seu site. Receber prêmios, como ser uma das 10 empresas de propriedade feminina que mais crescem no mundo, não é apenas prestigioso; ajuda a construir a credibilidade da empresa. “Estou incrivelmente orgulhosa.”

Madhani se juntou ao grupo Zenith da Women Presidents Organization para negócios que faturam mais de US$ 50 milhões (RS 258 milhões) anualmente. Esses grupos se reúnem anualmente para compartilhar conhecimentos e experiências de negócios em um ambiente confidencial com um facilitador treinado profissionalmente. É um lugar para discutir os desafios únicos que as mulheres enfrentam e como abordá-los com mulheres que estiveram lá e fizeram isso.”O empreendedorismo é difícil e pode ser solitário”, disse Madhani. “Há tantos altos e baixos. Você precisa de uma comunidade que possa apoiá-lo com conselhos estratégicos e apoio emocional.”

FONTE: https://forbes.com.br/forbes-mulher/2022/09/fundadora-conta-como-superou-preconceitos-e-criou-startup-de-r-5-bi/