Frustrada com atendimento, ela criou e-commerce de joias artesanais que fatura R$ 60 mil por mês

Bárbara Maciel, 27 anos, fundou a Maciel Ateliê após ter problemas na compra de uma joia que deu de presente. Empreendedora também transforma peças usadas dos clientes em novos acessórios.

Bárbara Maciel, fundadora da Maciel Ateliê Divulgação

O Natal de 2019 não foi só de alegrias para Bárbara Maciel, 27 anos. Ela decidiu dar um presente especial para a sua mãe, e contratou um artesão para criar uma joia. No entanto, o profissional atrasou três vezes a data de entrega, e a jovem de Campinas, no interior de São Paulo, acabou precisando comprar outro presente para dar no dia. No fim, ela recebeu o acessório — mas o pingente quebrou depois de uma semana de uso.

“Foi muito frustrante. Eu já acreditava que joalherias artesanais deveriam ter uma qualidade superior e oferecer uma atenção diferenciada aos clientes. Mas não foi isso que recebi”, diz Maciel. A experiência negativa foi o pontapé para ela criar a Maciel Ateliê, e-commerce de joias artesanais que fatura R$ 60 mil por mês, vendendo cerca de 200 peças. Os clientes podem escolher toda a personalização das joias no próprio site, incluindo tamanho, material, textura e pedras a serem adicionadas. A empreendedora também transforma joias usadas dos clientes em novos acessórios, como uma forma de reaproveitar materiais com significado.

Ainda no final de 2019, motivada a aprender a fazer suas próprias joias, a empreendedora passou a assistir a vídeos de tutoriais no YouTube. Na época, Maciel trabalhava como designer de interiores em uma rede de lojas de materiais de construção e decoração durante o dia. No início de 2020, o acaso apresentou uma oportunidade.

“Uma cliente elogiou o alargador que eu estava usando e comentou que o marido dela era joalheiro. No mesmo momento eu pedi para conversar com ele”, diz Maciel. “Ele me falou sobre como é uma profissão bela transformar algo da mente em joias. Fica lindo nas pessoas, e é lindo fazer. A conversa durou 30 minutos, e mudou a minha vida.”

No mesmo dia, ela chegou em casa, se matriculou em um curso de joalheria artesanal e começou as aulas. Inicialmente, fez joias para ela mesma e postava imagens das produções nas redes sociaisForam os amigos e familiares que começaram a enviar mensagens pedindo a ela que vendesse os itens. “Eu gosto de fazer umas joias mais brutas, com aparência mais texturizada. Sempre coloquei o meu estilo pessoal nelas e as pessoas gostaram disso. Parei e pensei que daria realmente em um negócio”, afirma.

No final de março, pediu demissão da empresa em que trabalhava para se dedicar integralmente ao novo empreendimento. Vendeu o carro que tinha e investiu o dinheiro das primeiras vendas em compras de materiais para desenvolver novos acessórios.

Para se destacar na internet, ela apostou em comentários inusitados nas redes sociais, especialmente no Twitter. Por exemplo, em notícia de separação de casais famosos, ela comentava que, se eles ainda tivessem alianças, poderia transformar as joias em novos pingentes. “O pessoal gostava do comentário e visitava o meu perfil para conhecer o meu trabalho”, afirma a empreendedora.

Com o crescimento do negócio, Maciel conta que recebeu até pedidos de celebridades. No entanto, algumas optaram por não fechar negócio por conta do tempo de entrega. “O meu prazo é o mesmo para todas as pessoas, independentemente de serem famosas ou não. E muitas delas não estão dispostas a esperar”, afirma. As entregas são a partir de 65 dias úteis para joias de prata e 20 dias úteis para itens feitos em ouro. O e-commerce também vende algumas peças a pronta-entrega, sem personalizações.

Maciel diz que seu diferencial está justamente no que ela sentiu falta quando era cliente: o atendimento. “Faço questão de dar todo o suporte porque não confio que outra pessoa daria a mesma atenção que eu. Percebi que não é necessário muita coisa quando o serviço oferecido é bom. Meus próprios clientes fazem a divulgação boca a boca”, afirma.

Todas as vendas são por meio do site, mesmo para os consumidores que a empreendedora recebe em seu ateliê, com horário marcado, para tirar dúvidas. “Tem sempre a pessoa que quer ver a joia pessoalmente antes de comprar”, afirma Maciel.

Hoje, a empreendedora não tem planos de expandir o seu negócio ou contratar mais pessoas. “Quero que mantenha o aspecto humano porque eu quero fazer parte dessas histórias”, afirma. “Por enquanto não consigo aumentar a produção e receber mais pedidos, porque aumentaria também o prazo de entrega e não seria interessante. Cheguei a um ponto em que estou muito realizada.”

Ainda assim, ela pretende ser mais conhecida fora do Brasil. “Recebo mensagens de pessoas do exterior interessadas em comprar as minhas joias. Quero encontrar uma forma de fazer entregas para fora também.”

FONTE: https://revistapegn.globo.com/mulheres-empreendedoras/noticia/2023/01/frustrada-com-atendimento-ela-criou-e-commerce-de-joias-artesanais-que-fatura-r-60-mil-por-mes.ghtml