“A gente não tinha eventos dessa magnitude voltado só para startup e empreendedorismo, principalmente fora do grande centro, no caso São Paulo. É a primeira vez que isso acontece. É uma demonstração de como o setor vem crescendo”, afirmou Felipe Matos, um dos empreendedores pioneiros de startup no Brasil e integrante do movimento Dínamo pela articulação de políticas públicas para o setor.
Para o presidente do Sebrae Nacional, Vinícius Lages , o evento representa um momento de maturidadedo setor. “O Brasil acabou de ganhar algumas posições no Global Inovation Index 2018 [ranking mundial de inovação]. A política de inovação foi também modificada para permitir que, por exemplo, organizações como a nossa participem com encomendas tecnológicas, tenham uma atuação maior. Estamos longe ainda do que outros países construíram, tem uma outra metade que precisa ser desenvolvida, mas posso dizer que o copo está meio cheio”, analisou Lages.
Soluções que deram certo
A primeira tentativa de abrir uma empresa, ainda no início dos anos 2000, não deu certo para o catarinense Eric Santos. Depois de seis anos tentando desenvolver diferentes produtos na área de telefonia celular, Eric percebeu que o negócio não escalonou, mas rendeu experiência para futuras oportunidades.
Ele fechou a primeira empresa e passou a trabalhar em algumas startups, até que, em 2011, retomou a ideia de empreender e abriu a Resultados Digitais (RD), startup de marketing digital que se tornou referência nacional na oferta para grandes empresas de ferramentas tecnológicas de conquista de clientes, entre outros produtos.
A empresa surgiu há sete anos, praticamente junto com o conceito de startup no Brasil. Hoje, a RD tem mais de 600 colaboradores trabalhando em uma sede própria, atende a mais de 10 mil clientes no Brasil e em outros 20 países e tem parceria com mais de 1.500 agências de negócios.
Além do investimento em educação na área de marketing, por meio de palestras, eventos, distribuição de conteúdo, a empresa cresceu apostando em talentos. “Uma das coisas que nós conseguimos fazer é criar uma escolinha para atrair talentos para dentro do time, formar, desenvolver a parte técnica, intelectual e ajudar essas pessoas a continuar crescendo. Boa parte dos líderes da empresa são pessoas que entraram há 4 ou 5 anos e cresceram junto com a empresa. Vários começaram a fazer outras iniciativas, a empreender ou participar de outras coisas e a gente está vendo que isso vai plantar várias sementes e frutos serão colhidos ao longo dos próximos anos”, comenta Eric.
Outra startup catarinense que ganhou o mercado nacional e atravessou as fronteiras do país foi a Agriness, que atua há 17 anos no setor de suinocultora. A empresa encontra soluções tecnológicas de gestão e melhoria de produtividade para produtores de suínos. Atualmente, a Agriness atende a 90% do mercado brasileiro de suínos, 50% do mercado da Argentina e já tem entrada em outros países das Américas. A expectativa da startup é que o negócio cresça ainda mais, considerando a grande demanda por alimentos no Brasil e no mundo.
“ As agrotechs [startups na área da agricultura] estão entrando em alta agora, o que eu tenho visto mais são empresas e financiadoras privadas interessadas em aportar, em investir. Esses momentos como este aqui [Startup Summit] é que acabam aproximando as agrotechs e gente que tem os mesmos interesses. Mas, acho que o Brasil ainda precisa de políticas mais bem estruturadas”, disse Cristina Bittencourt, cofundadora da Agriness.
Outras regiões
Além de Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Recife, Fortaleza e Campinas estão na lista das dez cidades com mais startups do país. A região Norte também apresenta alguns casos consolidados, como o da startup Só Arquivos, que atua há dez anos no segmento de guarda e gerenciamento de documentos de grandes empresas.
“Estamos buscando aqui no Startup Summit poder participar e ingressar num segmento novo, além do conhecimento, a educação e a oportunidade de gerar parcerias também. Nós achamos muito interessante a abertura que existe em Santa Catarina, o ecossistema daqui, um entendimento bom de cooperativismo, de trabalhar em rede que a gente não vê em outros lugares. É um exemplo até pra ser levado para nosso estado também”, comentou a empresária amazonense Rosely Campos.
FONTE: ISTO É DINHEIRO