Fintechs entram na concorrência pela preferência das PMEs

Cresce a confiança nos bancos digitais e o seu uso está se disseminando principalmente entre os empreendedores mais jovens

Para o consultor do Sebrae-SP Felipe Chiconato, os empreendedores estão “perdendo o medo” das fintechs, como são chamadas as instituições financeiras digitais. De acordo com ele, o maior temor era o fato de essas instituições não terem uma agência física.

 “Muitos tinham relação próxima com o gerente, frequentavam a agência. Eles temiam não ter a quem recorrer se acontecesse um problema”, diz Chiconato.

Sobretudo por indicação de outros empreendedores, a confiança nos bancos digitais vem crescendo e o seu uso está se disseminando principalmente entre os mais jovens.

“Tem uma nova geração de MEIs que já nasce digital, com lojas em marketplace e uso intenso de redes sociais. Esse pessoal prefere meios de pagamentos e bancos digitais”, explica Chiconato.

Entre os cuidados na relação com as fintechs, o consultor aponta para a necessidade de o empreendedor sempre ter duas contas, uma pessoal e outra para o negócio, e sempre olhar para o longo prazo, evitando a tentação de resolver um problema agora, mas se esquecendo de pensar no futuro da empresa.

O benefício financeiro é o chamariz mais atrativo das fintechs para conquistar os empreendedores. Enquanto uma conta de pessoa jurídica nos bancos tradicionais tem uma taxa média de R$60 por mês, muitas fintechs não cobram nada. Além da mensalidade, serviços como DOCs, TEDs e saques em caixas eletrônicos costumam ser tarifados nos grandes bancos, com preços em geral mais altos que os das fintechs.

Além dos serviços bancários, há fintechs que oferecem aos empreendedores opções para pagamentos, recebimentos, cartões virtuais, financiamento e até antecipação de créditos a receber. Com mais bancos no mercado, há mais concorrência, e tanto o preço dos serviços, como as taxas e juros cobrados tendem a cair, beneficiando os empreendedores.

Uma das áreas em que o barateamento é mais notável é a de empréstimos e financiamentos. Com mais alternativas, o empreendedor não fica restrito às linhas de crédito dos grandes bancos e pode, inclusive, conseguir dinheiro com investidores privados, a taxas de juros menores.

Para Dan Cohen, CEO da Finpass, que faz antecipação de recebíveis e intermedeia empréstimos, a chegada das instituições financeiras digitais é uma concorrência real para os “bancões”, e já pressiona os grandes a diminuir encargos e juros.

Peak Invest, por exemplo, é uma fintech que conecta empreendedores que buscam empréstimos a investidores. O CEO da empresa, Marcio Berger, afirma que a maioria dos seus clientes é composta por pequenas e médias empresas. De acordo com ele, a maior vantagem de emprestar dinheiro diretamente com investidores é o menor custo.

“Os empréstimos diretos reduzem o spread e os juros”, explica. Spread bancário é a diferença entre a taxa de juros que o banco paga para captar um recurso e o quanto a mesma instituição cobra para emprestar esse dinheiro aos seus clientes.

Para os empreendedores, a concorrência mais acirrada após a chegada das fintechs tem efeito positivo em outro ponto sensível: as maquininhas de cartão. Hoje, praticamente todos os MEIs que trabalham com vendas diretas no varejo têm uma ou mais terminais de pagamento por cartão. Com tanta oferta, o custo para os empreendedores caiu.

Há até meios de pagamento que dispensam cartões, com toda a operação feita pelo celular. Com 10 milhões de usuários, a PicPay oferece um sistema de pagamentos totalmente digital. Quem tem o app paga diretamente os serviços e produtos de estabelecimentos credenciados.

“Os MEIs e as MPEs são carentes de serviços, criamos o app pensando neles. As grandes empresas têm departamento financeiro e muitos profissionais para cuidar do dinheiro. Os pequenos fazem tudo ou quase tudo sozinhos, não têm tempo de ficar movimentando seu dinheiro”, diz Elvis Tinti, diretor comercial da empresa.

Fonte: Jornal de Negócios do Sebrae-SP