Fintechs buscam conquistar mercado com produtos mais atrativos ao consumidor

Para se estabelecer no mercado as startups do setor financeiro enfrentam desafios. O segmento mais explorado pela fintechs brasileiras são crédito e financiamento. Conheça o perfil dos fundadores e investidores.

As fintechs, as startups do setor financeiro, já conquistaram espaço. Hoje são quase 400 no Brasil.

Você sabe quais são os segmentos mais populares? E em quais vale a pena investir? Um estudo feito pela Associação Brasileira de Fintechs mapeou o perfil das empresas que estão no mercado.

As fintechs não estão apenas transformando o mercado, elas também estão ajudando a mudar a vida de pessoas como o Renato Gomes, empresário e cliente da fintech. “Há alguns anos que eu venho buscando formas, caminhos, pra gente aumentar o nosso capital de alguma forma, pra poder dar esse ‘up’ no nosso faturamento”, conta.

Ele tem uma empresa que usa material reciclável para fazer peças de decoração. Conseguiu um empréstimo através da plataforma criada pelo Fábio Takara e pelo Lemuel Simis, uma solução para quem não tem acesso a crédito pelos meios tradicionais.

“A gente faz uma análise dos empreendedores, da saúde financeira dos seus negócios, e cria as campanhas dentro da plataforma para, do outro lado, pessoas que querem se tornar investidores sociais possam apoiar esses projetos e ajudar a multiplicar oportunidades pra eles”, explica Lemuel Simis, fundador da fintech.

“Existe aqui no Brasil um pensamento de que pra ajudar alguém ou você faz filantropia, fazendo doações, ou trabalhos voluntários. A gente tem essa terceira via que é: você pode apoiar alguém emprestando esse dinheiro, porque com esse dinheiro o empreendedor vai conseguir crescer e ainda você vai ter esse dinheiro de volta”, avalia Fábio Takara, fundador da fintech.

A startup faz parte do segundo segmento mais explorado pela fintechs brasileiras: crédito e financiamento. Vinte e um por cento atuam nessa área, atrás apenas dos meios de pagamentos, que concentram 25% delas. Em terceiro, estão as que lidam com gestão financeira.

“Um ponto que as fintechs têm como característica muito clara é um foco num determinado nicho. Elas vão pegando pequenas fatias do mercado e se posicionando nelas, ofertando um nível de serviço bem diferenciado em relação ao mercado tradicional”, diz Rodrigo Soeiro, presidente da ABFintechs.

A fatia que uma empresa pegou foi criar um cartão para gastos em moeda estrangeira, isso em 2011. Logo depois surgiu uma demanda do mercado corporativo: abastecer o cartão em reais. E aí vieram outros.

“Hoje tem mesada, cartão com foco em desbancarizado, porque hoje aqui no Brasil tem muita gente que não consegue abrir conta em banco. O pré-pago entra pra ajudar nesse quesito. Mas o nosso foco principal aqui é o corporativo”, diz Tatiana Ziegler, superintendente da fintech.

O Renato Gomes, da empresa de artigos de decoração, conseguiu um empréstimo de R$ 12 mil, vai pagar em 24 vezes com juros de 7% ao ano e está a todo vapor produzindo as mercadorias de natal.

Assim como a empresa do Renato, as fintechs transformam produtos e serviços que já não atendem bem o consumidor em soluções mais atrativas e, assim, melhoram a experiência dos clientes.

“Cada vez mais as fintechs vão penetrando, ofertando um produto que é mais fácil de ser consumido”, explica Rodrigo Soeiro, presidente da ABFintechs.

Para isso, elas precisam enfrentar alguns problemas para se estabelecer no mercado:

– 50% têm dificuldade de atrair recursos humanos qualificados
– 42% acham difícil alcançar escala para operações
– 34% acham complicado conseguir visibilidade para o negócio

“A gente enxerga que apesar de termos a maior concentração de fintechs da América Latina, é um mercado que definitivamente não está saturado. Há muito ainda a se explorar e há muito ainda a penetrar”, completa Soeiro.

Perfil do investidor de fintechs

Você sabe quem é o empreendedor que investe em fintechs no Brasil? Se acha que é aquele jovem que acabou de sair da faculdade, saiba que esse perfil representa apenas um quinto dos empreendedores.

Entrar no setor financeiro, lidar com o dinheiro das pessoas é uma grande responsabilidade. “Ou você tem a qualificação necessária pra colocar o negócio de pé de ponta a ponta, ou você se cerca de pessoas que tenham essa qualificação”, alerta Rodrigo Soeiro, presidente da AB Fintechs.

Por isso, fundadores de fintech normalmente são pessoas com mais tempo de experiência no mercado. A maioria tem entre 30 e 39 anos. “Há também um pré-conceito de que startupeiros, pessoas que fundam suas startups, são jovens que acabaram de sair de suas faculdades e no caso de fintechs, não necessariamente”, diz.

Quase a metade já atuou no mercado corporativo; 31% têm formação na área administrativa e 42% dos empreendedores de fintech fizeram pós-graduação. “Esse setor demanda uma série de exigências, não só regulamentares, mas também de análise de dados para que ele obtenha sucesso”, completa.

Um ponto que precisa mudar é a diversidade: apenas 7% dos fundadores desse tipo de startup são mulheres. Rodrigo Soeiro acredita que essa transformação está acontecendo gradualmente. “A gente sente que as mulheres entrando, tende a mudar e muito a forma de venda, a gente já está tendo fintechs com soluções voltadas para mulheres. Então a mulher só vem agregar na maior assertividade do produto que está sendo ofertado”, avalia.

Ele tem um recado pra quem olhou para esses dados e pensou: não estou pronto pra abrir uma fintech. “O setor e o ecossistema tá permeado de consultorias que oferecem esse tipo de auxílio. As próprias aceleradoras auxiliam nesse sentido. Então não tenha receio de emergir caso você não domine, porque você consegue encontrar caminhos que te assessorem pra dar os primeiros passos”, completa.

FONTE:  G1