Faturando nas nuvens

Com receita bilionária no ano fiscal de 2022, Wipro tem planos no Brasil de manter parcerias com gigantes e continuar sua expansão para o Nordeste.

“A expectativa é de continuar crescendo, sendo que não passamos por uma normalização de resultados pós-pandemia” Wagner Jesus Country Head da Wipro no Brasil. (Crédito: Claudio Gatti )

A Índia está dominando o mundo de TI. Um relatório da Ernst & Young mostrou que a exportação de serviços no país cresceu 14% nos últimos 20 anos, chegando a US$ 254 bilhões entre 2021 e 2022, os de TI representam 61% do total, alcançando US$ 157 bilhões no período. Em 2023, segundo a Nasscom, todo o setor de TI indiano pode chegar a US$ 245 bilhões e os executivos do setor no país estão otimistas. Com uma força de trabalho gigante que alcançou 5 milhões de colaboradores diretos no ano passado, sem contar terceirizados e outras modalidades, o potencial do país é gigante e ele deve continuar a ser um dos líderes em TI nos próximos anos, competindo sempre no topo. Entre as maiores empresas indianas de tecnologia da informação está a Wipro, que faturou US$ 10 bilhões no ano fiscal de 2021-2022 e espera continuar a crescer neste ano, inclusive com a contratação de 500 posições no País para aumentar o quadro global de 280 mil funcionários.

Com um valor de mercado de US$ 23 bilhões, conforme dados da bolsa de Nova Iorque em 28 de março, a empresa investe atualmente 1% do faturamento em P&D, tendo mais de 2 mil patentes solicitadas e mais de 1.000 concedidas. Sua atuação se divide em quatro principais ofertas: a FullStride Cloud de recursos de nuvem da Wipro, com aplicativos nativos, arquitetura e infraestrutura de nuvem, modernização de apps, estratégia e migração de nuvem. O segmento de Enterprise Futuring oferece soluções voltadas para transformação empresarial em larga escala, com insights e dados inteligentes, plataformas de aplicativos, operações digitais e segurança cibernética. Engineering Edge, uma das áreas mais recentes, foi lançada em 2022 para avançar a posição da companhia como líder global em serviços de engenharia, com ofertas em tecnologias, como Cloud, 5G, Indústria 4.0, IoT (Internet das Coisas), Design de Silício, Sistemas Embarcados, Dados e Plataformas de IA. Por fim, a oferta de Consulting que impulsiona o aprimoramento das melhores práticas e o compartilhamento de experiências para clientes.

US$ 245 bilhões pode alcançar o setor de ti indiano. segmento já representa 61% do total de exportação de serviços do país

Um portfólio extenso que explica o faturamento expressivo e que tem perspectiva para crescer ainda mais nos próximos anos. “Temos a expectativa de continuar crescendo e não passamos por uma normalização de resultados pós-pandemia, inclusive nem fizemos layoffs”, disse à DINHEIRO Wagner Jesus, Country Head da Wipro no Brasil.

AQUISIÇÕES A empresa tem se preparado para expandir as ofertas mundialmente através do M&A. As duas últimas aquisições foram em março de 2021, quando realizou a maior aquisição da história da companhia, a compra da Capco, uma consultoria global de gestão e tecnologia para a indústria de bancos e serviços financeiros, por US$ 1,4 bilhão, com capacidade de integrar, fim a fim, consultoria, digital, cloud e serviços de transformação em escala. Em abril do ano passado, adquiriu também a Rizing, consultoria especializada em SAP, por US$ 540 milhões para expandir suas capacidades em consultoria. “O M&A é parte forte da cultura da empresa, inclusive aqui no Brasil”, afirmou Jesus. No Brasil, uma das principais aquisições foi a da IVIA Serviços de Informática, com escritórios em Fortaleza, Recife e Natal, sendo um dos principais vetores de expansão da companhia na região Nordeste do País. Nos próximos meses a empresa irá abrir um novo escritório na região para promover melhor experiência para seus associados e clientes. “O Nordeste é uma região com potencial de oferecer talentos”, afirmou. “Queremos colaborar com a região com o objetivo de trazer nossas soluções para clientes locais”.

A liderança global em tecnologia da informação, consultoria e serviços de processos de negócios rendeu para a Wipro a confiança da Petrobras no projeto de transformação digital da empresa, visando suprir uma demanda por automação de processos e modernização das aplicações de negócios. Segundo anúncio feito no ano passado, um dos desafios enfrentados seria o alto custo com infraestrutura, manutenção de ativos de TI, além dos sistemas legados. Outro era a necessidade de eliminar processos manuais, executados por cerca de 46 mil colaboradores, que impactavam na gestão do negócio e na sobrecarga de trabalho. Em resposta a isso, o projeto da Wipro visa aprimorar o gerenciamento dos serviços de TI e simplificar a rotina dos usuários por meio de uma solução de ServiceNow (plataforma automatiza processos e fluxos de trabalho do dia-a-dia das organizações) com suporte a gestão das equipes de tecnologia da informação. Com um escopo de parceria a longo prazo, o projeto trará benefícios como automação dos processos, redução de custos e maior alinhamento entre as áreas de TI e negócios. Jesus comenta que a parceria com a petroleira não deve parar por aí e a expectativa é que novos projetos possam surgir nos próximos anos.

FONTE: https://www.istoedinheiro.com.br/faturando-nas-nuvens/