ESTUDANTES DESENVOLVEM IMPRESSORA 3D DE CHOCOLATE

TURMA DE ALUNOS DE ELETRÔNICA ADAPTOU UMA IMPRESSORA 3D – JÁ EXISTENTE NO LABORATÓRIO DE INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE DO CEFET-MG – PARA IMPRIMIR ESTA DELÍCIA!

A páscoa tá chegando e imagina ter a possibilidade de imprimir seu próprio chocolate… A pesquisa e a tecnologiatambém estão aí para matar nossos desejos mais gulosos. Alunos do curso técnico de Eletrônica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) se dedicam a desenvolver uma impressora 3D de chocolates que seja precisa e tenha menor custo. Este tipo de equipamento já existe no mercado, mas os estudantes querem soluções mais baratas.

Uma das jovens pesquisadoras envolvidas no projeto é a Carolina Kuroda. Segundo ela, o trabalho consistiu em adaptar uma impressora 3D – já existente no laboratório de Instrumentação e Controle do CEFET-MG – para imprimir chocolate.

“Primeiramente, reconhecemos o território e estudamos as partes da impressora 3D. Depois, soubemos como funciona a extrusora convencional, braço mecânico responsável pela impressão. O modelo que temos é a Repetier. Ela já vem com interface homem-máquina, dimensiona peças, define camadas e espessuras. Estudamos o Arduíno (plataforma de microcontrolador) e seus códigos de programação. Por fim, conseguimos mexer em parâmetros para acertar a impressão de chocolate”, explica.

A jovem trabalhou com os colegas Danilo Garcia Mariano e Caio Cesar Vieira sob a orientação do professor Ronan Drummond e a coorientação do professor Enderson Neves. A pesquisa foi uma das selecionadas para participar da 17º Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), sediada na Universidade de São Paulo (USP), entre os dias 19 a 21 de março.

UM TRABALHO, MUITAS MÃOS!

De acordo com o professor Ronan Drummond, o trabalho dá continuidade a outros projetos desenvolvidos no laboratório e relacionados com automação e tecnologia de alimentos. “Meu objeto é trazer para sala de aula processos que proporcionam uma ideia real do que é Controle para os alunos”, explica.

Antes da equipe de Carolina, que se dedicou a efetuar a impressão da iguaria, outros estudantes já haviam estudado as temperaturas ideais para temperar chocolate, um procedimento essencial à confeitaria. Outro grupo desenvolveu a extrusora de chocolate, com peças produzidas pelo próprio braço mecânico. Os próximos passos, segundo o professor Ronan Drummond, são melhorar a qualidade de impressão.

“O desempenho não é fabuloso como as impressoras do mercado, mas fizemos a troca de peças por equipamentos acessíveis e os estudantes participaram propondo soluções. O objetivo não é chegar à melhor impressora de chocolate, mas talvez um dia até a indústria se interesse em nosso modelo mais barato”, explica o orientador.

Carolina Kuroda foi voluntária na pesquisa. Foto: Arquivo dos pesquisadores

Foto: Arquivo dos pesquisadores

Carolina Kuroda participou voluntariamente da pesquisa. O projeto contou com apoio da equipe de robótica do CEFET-MG, Trincabotz, que permitiu ao grupo da Eletrônica usinar peças a serem usadas na impressora. O setor de manutenção da escola também ajudou a furar algumas peças e emprestou equipamentos. Até o setor de artes, que têm impressora 3D, auxiliou produzindo alguns componentes. “Tudo isso deixou o processo mais barato. A seringa usada na impressão, por exemplo, é possível comprar na farmácia”, conta a estudante.

DESAFIOS

Trabalhar com chocolate não é nada fácil. “É um material delicado e com ponto de fusão muito diferente do plástico. Se fica frio, solidifica o bico da seringa e pode estragar a impressora. Se fica muito quente, as camadas não se solidificam para formar o desenho impresso. Até a temperatura da mesa da impressora é importante. Mexemos no código da máquina para melhorar o sistema de ventilação e ajudar a resfriar o chocolate. Há uma série de detalhes, pois estamos lidando com um alimento”, afirma Carolina Kuroda.

Os jovens pesquisadores convencionaram o uso do chocolate ao leite, mais usado para derretimento na confeitaria. Chegaram a testar o uso de ganache e creme de avelã, mas a impressão não ficou legal.

Segundo Carolina Kuroda, a pesquisa é tão detalhada que gastaram algum tempo para escolher qual seria a base que receber o chocolate após a impressão: papel toalha, papel manteiga ou plástico. Decidiram pela segunda opção. “Veja que é um projeto interdisciplinar com várias coisas que estudamos no ensino médio. Tem relação com física, química e outras ciências”, avaliar a aluna.

O professor Ronan Drummond destaca o envolvimento dos alunos. “Os problemas aparecem, mas eles tiveram motivação com as conquistas que sugiram a cada dia. Mesmo sendo uma impressora de baixo desempenho, eles procuraram as melhores soluções”.

Equipe foi selecionada para participar da 17º Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), Foto: Arquivo dos pesquisadores

FONTE:  MINAS FAZ CIÊNCIAS