Estudante da UFLA cria órtese de tornozelo utilizando impressora 3D

No projeto do curso de Engenharia Mecânica, o pulso elétrico do músculo sadio é enviado para a órtese, para que seja realizado o movimento desejado

Com ajuda de uma impressora 3D, Mohamed desenvolveu uma órtese de tornozelo automatizada

Possibilitar às pessoas que sofreram o Acidente Vascular Encefálico (AVE), também conhecido como derrame: uma recuperação dos movimentos mais rápida, esta é a proposta de uma pesquisa de conclusão de curso do estudante Mohamed Ali Zorkot, de Engenharia Mecânica, do departamento de Engenharia (DEG) da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

Com ajuda de uma impressora 3D, Mohamed desenvolveu uma órtese de tornozelo automatizada – um dispositivo externo capaz de auxiliar nos movimentos de membros afetados. “Utilizamos a eletromiografia, que é uma técnica de monitoramento que utiliza um sensor que funciona através de pulsos elétricos. O sensor é colocado em um musculo saudável, e, então ele capta o pulso elétrico daquele musculo e transmite a um equipamento que traduz e reproduz esse movimento na órtese com um atraso de tempo (delay), possibilitando, por exemplo, que aquela pessoa que teve um lado do corpo afetado possa ter um tratamento de reabilitação com maior eficiência”, disse.

Conforme explica Mohamed, quando uma pessoa sofre um derrame parte do corpo fica comprometido e existe o pulso elétrico, porém, ele não chega ao membro afetado, por isso, é necessário um estímulo de um membro não afetado. Atualmente, as pesquisas com neurotransmissores têm sido mais utilizadas e são mais conhecidas, já os estudos com sensores de pulso elétrico do músculo ainda são escassos.

A perna foi escaneada em uma empresa de São Paulo para obter uma perfeita modelagem do membro inferior e, com isso, foi possível desenvolver a órtese de acordo com a anatomia humana. Em seguida, o modelo do sistema pé/tornozelo e a órtese foram impressas em 3D no laboratório de processos de fabricação na UFLA. “Nas nossas revisões bibliográficas encontramos poucos materiais a respeito de aplicações para membros inferiores, por isso, esse estudo é um salto desse tipo de tecnologia”, diz o orientador da pesquisa professor Sandro Pereira da Silva do DEG.

Sandro destaca que atualmente são realizadas diversas pesquisas na UFLA relacionando desenvolvimento de tecnologia voltada a reabilitação humana, por isso, em 2016, foi criado o Grupo de Bioengenharia Aplicada a Reabilitação Humana (Bearh), do qual, Mohamed faz parte. “A intenção é aplicar o desenvolvimento tecnológico, no dia a dia das pessoas com o intuito de torná-lo melhor. Para isso, usamos um conjunto de ferramentas de engenharia aplicadas para o desenvolvimento de protótipos: como o projeto conceitual, os atributos de máquina, sistemas elétricos, robótica, inteligência artificial, entre outros. A ideia é  alcançar o estado da arte em cada linha de pesquisa e transformar isso em um equipamento de baixo custo e de ampla permeabilidade social”, afirma.

Conforme os pesquisadores, à medida que a órtese esteja exercendo sua devida funcionalidade, é previsto que, em decorrência do estímulo muscular, o indivíduo seja cada vez menos dependente do aparelho motor e, consequentemente, apresente progresso das suas condições. O professor médico ortopedista Ednaldo Bougleux da Silva Andrade, do Departamento de Ciências da Saúde (DSA), foi coorientador da pesquisa e contribuiu com informações sobre a área médica.

FONTE: O TEMPO