A estratégia da Conta Simples para chegar ao breakeven

Fintech de conta digital PJ e gestão de despesas para PMEs transacionou R$ 11,5 bi no ano passado.

Quando levantou R$ 120 milhões com investidores para lançar uma vertical de crédito, a Conta Simples acertou no timing mesmo sem saber. A última rodada da fintech, em outubro de 2021, ocorreu antes da disparada dos juros e da consequente correção nos preços dos ativos de tecnologia – mas a fintech já estava com o caixa cheio.

Com o capital da série A, a Conta Simples pôde recalibrar os planos. Ao invés de acelerar a vertical de crédito, como era o plano original, a fintech fundada há pouco mais de três anos por Rodrigo Tognini decidiu concentrar os esforços no serviço de gestão de despesa para PMEs, o principal negócio da startup.

“Quando olho para crédito, entendo como uma alavanca, mas o core é a gestão de despesas e o benefício que ela gera”, disse Tognini ao Pipeline. A Conta Simples ainda vai entrar em crédito e está fazendo testes, mas a velocidade de implementação será bem mais lenta, tomando a devida cautela para um momento de custo de capital nas alturas.

“A estratégia de crédito vai acontecer, mas agora o horizonte é de dois, três anos”, disse. Tognini lembrou que as fintechs de crédito estão entre aquelas que mais sofreram com a correção dos valuations, o que também recomenda prudência. “Com inflação e juros altos, há menos apetite por crédito e maior chance de inadimplência”, afirmou o fundador da Conta Simples.

A ideia de concentrar os esforços na gestão de despesas já levou a algumas decisões relevantes. No fim do ano, a Conta Simples mudou a estratégia de precificação da conta digital PJ, que era gratuita. Agora, o serviço de banking só é grátis para as companhias que usam o cartão corporativo, gastando ao menos R$ 1 mil por mês. A mensalidade é de R$ 44,90 para aqueles que não chegam a esse valor mínimo.

A mensalidade da conta digital é uma forma da Conta Simples incentivar o uso dos cartões pré-pagos — de onde faz receita a partir das taxas de intercâmbio. “Estamos criando alavancas para direcionar o cliente para o nosso cartão de gestão de despesas. Quando ele entra nesse produto, a chance dele continuar usando a Conta Simples aumenta”, contou Tognini.

Com a recalibragem feita ao longo do últimos ano — o que incluiu algumas demissões, mas não nas proporções de layoffs generalizados como em outras startups do mercado —, a Conta Simples espera chegar ao breakeven em 2024. A situação de caixa é confortável, segundo o fundador. “Estamos num caminho muito claro para o breakeven. Se não quiser levantar rodada nesse caminho, podemos. Uma rodada é só se tiver alguma alavanca para acelerar e não por necessidade”, disse Tognini.

No ano passado, a Conta Simples dobrou de tamanho, com os clientes transacionando R$ 11,5 bilhões. A fintech possui 25 mil clientes ativos e 360 mil cartões (a maior parte deles é virtual) utilizados. Entre os principais investidores da fintech, estão a JAM (veículo do fundador do Tinder, Justin Matte), Valor Capital, Base10, Y Combinator, Quartz e Big Bets.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/a-estrategia-da-conta-simples-para-chegar-ao-breakeven.ghtml