“Estamos vivendo a maior revolução de conhecimento que a humanidade já viu”, diz Ian Beacraft sobre o ChatGPT

Para o CEO da Signal and Cipher, a era da criatividade generalista chegou. Em painel no SXSW neste domingo (12), o especialista afirma que a inteligência artificial potencializa as habilidades que um profissional pode ter, e que é preciso pensar na forma como nos relacionamos com ela.

Ian Beacraft, CEO da Signal and Cipher, durante apresentação no SXSW — Foto: Getty Images

Para quem está preocupado em chegar no trabalho um dia e se deparar com um robô em seu lugar, Ian Beacraft, CEO da Signal and Cipher, um dos maiores especialistas em Web3 e metaverso do Vale do Silício, dá uma resposta curta e confiante. “Não vamos perder nossos empregos para a inteligência artificial”, afirmou o especialista, em palestra deste domingo (12) no South By Southwest (SXSW), que acontece em Austin, no Texas. “Mas possivelmente vamos fazer coisas muito diferentes do que fazemos hoje.”

Na visão de Beacraft, a inteligência artificial potencializa as habilidades que um profissional pode ter, mas não de forma apenas a melhorar a execução de atividades nas áreas onde já atua. Um designer não será mais apenas um designer, exemplifica. “Ele poderá assumir a vice-presidência de design da empresa”, diz, já que contará com a ajuda de um (ou vários) asistentes de IA. “Estamos na era da criatividade generalista. Pessoalmente, acredito que essa é a maior revolução do conhecimento que a humanidade já viu”, afirma.

Beacraft pontua que as ferramentas de IA fazem com que qualquer ser humano possa ser um especialista em “qualquer coisa” de forma muito rápida. “À medida em que os modelos evoluírem, os profissionais vão evoluir também. Isso é benéfico, porque faz com que você tenha à disposição uma ferramenta com 5 mil habilidades que você não tem. Você expande o conhecimento e tira esse trabalho dos seus ombros para se concentrar em outras coisas.”

Essa transição para uma era da “criatividade generalista” terá impacto profundo nas empresas. Beacraft aposta em um futuro onde os profissionais trabalharão de forma mais horizontal, de acordo com o que ele chama de “expertise on demand” – conforme a organização precisa suprir uma demanda específica, o colaborador pode buscar ajuda da IA para resolver o problema em questão.

“A inteligência artificial não vai tirar seu emprego, mas um profissional que saiba usá-la provavelmente vai”, afirma. “A IA vai tornar nossos papéis dentro das organizações mais horizontais. Pessoas genuinamente curiosas e apaixonadas, e especialmente aquelas com interesses variados, tendem a se sair melhor”, afirma.

Como vamos nos relacionar com seres digitais?

Durante o painel, Beacraft levantou uma discussão que ele acredita ser necessária e ainda pouco debatida — especialmente porque pode causar estranhamento. “Precisamos entender como vamos nos relacionar com os seres digitais e o que eles podem fazer em nosso benefício”, afirmou. Ele cita a possibilidade de que um profissional possa enviar um representante gerado a partir de IA para encontrar outro ser humano — pode ser uma reunião de negócios, por exemplo. Além disso, um avatar poderia encontrar outro avatar, ambos representando seus humanos.

“Nesse ponto, devemos nos perguntar: se estou me relacionando com a inteligência artificial, que tipo de sentimento desenvolvo por ela? Isso pode soar assustador, mas há casos reais de pessoas criando sentimentos, inclusive românticos, com seres sintéticos. E me pergunto: se criamos laços com outras espécies, com personagens, como é o caso de filmes, por que não com a inteligência artificial? É algo para se pensar”, afirma.

O futuro do metaverso

O especialista acredita que o metaverso será muito diferente do que um ambiente virtual acessado via headsets. “Imagine a dificuldade logística de fazer todo mundo ter um óculos de realidade virtual? Não acho que o metaverso será esse ambiente com avatares fazendo dancinhas”, brinca.

Ele imagina o metaverso de maneira muito mais orgânica, integrado à realidade física por meio de tecnologias de realidade aumentada e virtual. “Na realidade, é muito mais sobre conexão e sobre criar um espaço de comunidade. A inteligência artificial será fundamental nesse sentido, porque o metaverso precisa da IA para projetar esse espaço virtual. Com a tecnologia, o mundo será a nossa tela”.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/especiais/sxsw/noticia/2023/03/estamos-vivendo-a-maior-revolucao-de-conhecimento-que-a-humanidade-ja-viu-diz-ian-beacraft-sobre-o-chatgpt.ghtml