Esta startup quer ser o ‘Mercado Livre dos resíduos industriais’ e já comercializou R$ 200 milhões

O marketplace Central de Materiais, da startup SYX Global, permite que empresas vendam insumos e equipamentos não utilizados. Empresas como Votorantim e Bosch são clientes.

Márcio Danielewicz, fundador da SYX Divulgação

Tratores, furadeiras usadas e sucata de papelão são alguns itens encontrados no marketplace Central de Materiais. A plataforma oferecida pela startup SYX Global possibilita que empresas vendam resíduos e equipamentos que não serão mais utilizados. Desde a sua fundação, em Campo Largo (PR), em 2012, já foram transacionados R$ 200 milhões.

A ideia de negócio foi de Márcio Léo Danielewicz, 48 anos. Ele já havia empreendido na área de tecnologia e com uma academia antes de apostar na reutilização de materiais. A inspiração surgiu quando ele teve a oportunidade de trabalhar em uma empresa que fazia reciclagem de resíduos industriais e percebeu que o processo era feito de forma desorganizada. Decidiu abrir um negócio que garantisse que as pessoas comprassem e vendessem com segurança e da maneira correta.

startup começou a operar em 2012, com um investimento de R$ 6 mil e um escritório de 20 m². Na época, a empresa se chamava Central de Materiais – nome que hoje é apenas do markeplace. Até 2017, o negócio funcionava de forma manual: as propostas eram colocadas no Excel e transformadas em PDF para o envio aos clientes. “Nós aprendemos muito fazendo sem tecnologia. Quando construímos o software, estávamos trabalhando com algo que já era validado”, conta o empreendedor.

Em 2016, a SYX participou de um programa da Endeavor, o que fez o empreendedor perceber que o uso da tecnologia era essencial para conseguir crescer. Ele contratou uma empresa de desenvolvimento de software e, em 2019, convidou o sócio William Domingues para cuidar da tecnologia.

Assim, o marketplace online tomou forma, englobando todos os equipamentos e materiais vendidos pelas empresas e recebendo as informações dos compradores em um único lugar. Segundo Danielewicz, os resíduos industriais não podem ser vendidos para qualquer pessoa, por isso é importante receber documentações dos compradores.

Com o desenvolvimento do software, o empreendedor conta que conseguiu melhorar a competitividade dos preços e passou a crescer cerca de 100% ao ano desde 2017. Diante da possibilidade de escalar os serviços, a startup passou a atender filiais estrangeiras de multinacionais, o que motivou a adoção do nome SYX Global, em 2022. Como a marca Central de Materiais já era conhecida no Brasil, porém, o empreendedor decidiu mantê-la no marketplace.

Segundo ele, a ideia é que o marketplace seja acessível para todos, de pessoas físicas a jurídicas. “Para uma pessoa que tem uma empresa menor, ter acesso a uma companhia maior é muito difícil. Queremos ajudar esses empreendedores menores a acessar produtos bons e os grandes a encontrar uma forma descomplicada para destinar os resíduos”, diz.

Além de disponibilizar o marketplace, a SYX Global orienta as companhias sobre a melhor forma de vender os seus materiais que seriam descartados, seja porque novos equipamentos foram comprados, seja porque vão descontinuar algum produto. A plataforma conta com 875 companhias vendedoras, que pagam a startup apenas quando as vendas são feitas. Entre os nomes atendidos estão Votorantim, Bosch e Klabin.

Periodicamente, os clientes têm acesso aos impactos ambientais do uso da solução. “Tem um indicador de ESG na nossa plataforma que faz a dedução de quanto estamos destinando de forma correta por dentro da plataforma e quanto a companhia está deixando de afetar o meio ambiente”, Danielewicz. O fundador estima que a SYX já evitou o descarte de 50 mil toneladas de minério de ferro e 8 mil toneladas de carvão, além da emissão de mais de 82 mil toneladas de carbono. Ele ainda pretende criar uma ferramenta que atualize esses dados em tempo real.

O marketplace hoje tem 50 mil usuários cadastrados e registrou R$ 55 milhões em transações em 2022. Para 2023, a meta é chegar a R$ 70 milhões. A startup, que começou apenas com Danielewicz, hoje conta com outros três sócios e uma equipe de 45 colaboradores. “Queremos ser a melhor forma de alguém achar um equipamento usado no Brasil e no mundo. Usamos o Mercado Livre para encontrar produtos variados. Queremos ser essa referência no reuso de materiais”, conta o empreendedor.

FONTE:

https://revistapegn.globo.com/um-so-planeta/noticia/2023/08/esta-startup-quer-ser-o-mercado-livre-dos-residuos-industriais-e-ja-comercializou-r-200-milhoes.ghtml