Esta startup mapeia o consumo de alimentos em empresas para evitar o desperdício e reverte em doações

Fundada por Alcione Pereira, a Connecting Food atende clientes como Grupo Pão de Açúcar, iFood, Assaí Atacadista, Nestlé, Bauducco e Danone.

Alcione Pereira, fundadora e CEO da Connecting Food Divulgação

Utilizar tecnologia para resolver problemas da sociedade era o objetivo de Alcione Pereira quando teve a ideia de criar a Connecting Food. Com sede na cidade de São Paulo, a startup de impacto social mapeia os processos internos de grandes empresas de alimentos para saber em quais momentos ocorrem os desperdícios — entre seus clientes estão Grupo Pão de Açúcar, iFood, Assaí Atacadista, Nestlé, Bauducco e Danone. Em posse dos dados, cria relatórios para evitar as perdas e doar os excedentes.

“Esses alimentos que não têm valor comercial — estão próximos da data de validade ou com algum ponto estético não aceitável para o consumidor — são identificados e destinados a organizações sociais”, afirma a empreendedora de 44 anos. Até o momento, o negócio já auxiliou na redistribuição de mais de 7 mil toneladas de alimentos.

A empresa usa uma ferramenta própria de gestão inteligente de redistribuição de alimentos que não tem integração com fornecedores externos ou clientes. “Além de realizar os processos de forma eficiente, a solução permite que os clientes tenham acesso a indicadores de desempenho sociais, ambientais e econômicos desse trabalho”, diz Pereira. Ela explica que esse sistema de gestão tecnológica interno usa inteligência artificial para alocar os alimentos da melhor forma. “A tecnologia vem para trazer eficiência para o processo, mas o componente humano da relação é essencial para que nosso trabalho de engajamento continue no dia a dia”, conta.

O faturamento — que a startup não revela — vem dos serviços prestados aos clientes que doam os alimentos, já que a foodtech auxilia no cumprimento de pautas da agenda ESG dentro das organizações, impedindo que os alimentos descartados sejam levados a aterros sanitários. Segundo a startup, isso reduz os custos relacionados à gestão e ao descarte de resíduos, além de permitir que o time das empresas clientes se dediquem a outras partes da operação.

A empreendedora conta que atuou por mais de 15 anos em grandes empresas nas áreas de logística e supply chain. “Resolvi usar todo esse conhecimento atuando no meio corporativo para uma grande causa de impacto”, afirma. Em 2015, iniciou um curso de empreendedorismo de impacto social e teve a ideia de criar a Connecting Food.

“Fiz uma grande pesquisa sobre soluções para desperdício de alimentos que já são implementadas no mundo”, diz a empreendedora, que apostou no networking para se inserir no setor. “A minha estratégia também foi mergulhar muito a fundo no universo do desperdício de alimentos no Brasil, conhecendo muito bem os atores da área, como técnicos, empresas e governos. Fiz um grande mapeamento.”

Em 2017, a empresa iniciou testes com três lojas do Grupo Pão de Açúcar. No ano seguinte, já estava em quase 150 lojas. Atualmente, se aproxima dos 600 pontos de varejo no Brasil inteiro.

Durante a pandemia, Pereira observou uma demanda crescente em seu serviço. “Metade das organizações que atendíamos estavam fechadas. Ao mesmo tempo, começou uma busca maior de alimentos por famílias”, afirma. “Também vimos que as empresas estavam mais interessadas em ações de impacto. A pandemia foi uma alavanca de mobilização social para doações.”

A empreendedora espera expandir os seus serviços. “Temos muito o que crescer no Brasil. Muitas redes varejistas ainda não fazem doação de alimentos”, diz Pereira, que também enxerga essa demanda dentro dos restaurantes — e pretende atendê-los um dia.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2022/11/esta-startup-mapeia-o-consumo-de-alimentos-em-empresas-para-evitar-o-desperdicio-e-reverte-em-doacoes.ghtml