Esta startup conquistou R$ 10 mi de Galló, da Renner, e Lambrecht, da 99

Os empreendedores Bruna Negrão e Fábio Blanco receberam um aporte em seu site de compras de supermercado automatizadas, a startup Shopper.com.br

Sócios da Shopper, Fábio Rodas Blanco e a Bruna Vaz Negrão: a Shopper.com.br projeta a expansão da equipe e de suas operações, mantendo um aumento mensal de 20 a 35% no número de clientes ativos (Germano Lüders/Exame)

Os então estudantes Bruna Negrão e Fábio Blanco se inspiraram na gigante do comércio eletrônico Amazon para montarem sua startup, há quatro anos. A ideia se tornou a Shopper.com.br, site de compras de supermercado automatizadas, e atraiu recentemente os olhos de empreendedores conhecidos no varejo e na tecnologia.

A startup anunciou a captação de uma rodada de 10 milhões de reais de nomes como José Galló, ex-presidente da varejista Renner, e Ariel Lambrecht, fundador das startups de mobilidade urbana 99 e Yellow.

Com o aporte, a Shopper.com.br projeta a expansão da equipe e de suas operações, mantendo um aumento mensal de 20 a 35% no número de clientes ativos. A startup acumula 100 mil cadastros e atende “milhares” de clientes ativos hoje, por meio de 2.100 itens supermercadistas.

Oportunidade na economia

Bruna Negrão e Fábio Rodas se conheceram na faculdade — ela estudava administração e ele estudava economia no Insper, em São Paulo. “Estávamos buscando uma solução melhor para o abastecimento doméstico de produtos. Ir ao supermercado diversas vezes nos parecia algo ineficiente”, diz Rodas.

Os estudantes tomaram como principal inspiração o modelo Subscribe & Save (“Assine e Poupe”), da gigante de comércio eletrônico Amazon. Segundo a empresa de 936 bilhões de dólares, o Subscribe & Save permite programar as entregas de seus produtos favoritos e pagar até 15% menos. É possível cancelar essa assinatura de entrega quando o cliente desejar.

Negrão e Rodas fundaram a startup Shopper.com.br em 2015. A plataforma tem como objetivo auxiliar consumidores e planejarem suas compras de supermercado e economizarem com isso.

O cliente escolhe dentre 2.100 produtos no site ou no aplicativo (produtos de limpeza, higiene pessoal, alimentos não perecíveis, bebidas ou frutas, por exemplo) e programa uma data de entrega, como em qualquer comércio eletrônico.

A partir da primeira compra, o usuário entrará em um modelo de recorrência mensal. Uma notificação será mandada ao seu smartphone alguns dias antes de a entrega inicial completar 30 dias. É possível cancelar o serviço de vez ou apenas mudar itens da cesta. Também dá para programar o melhor canal de lembrete mensal, desde notificação do celular e WhatsApp até ligação telefônica.

Além da comodidade, a Shopper.com.br defende que compras programadas barram impulsos e geram menos custos finais. “O cliente toma consciência dos seus gastos e do que sua casa realmente precisa, no lugar das viagens picadas ao supermercado. Somos uma ferramenta de economia e organização pela recorrência”, afirma Negrão.

A Shopper.com.br registrou 100 mil cadastros e atende “milhares” de clientes ativos. O pedido mínimo da plataforma é de 150 reais, com frete de 9,90 reais. Não há frete para compras acima de 250 reais, caso de 95% dos clientes ativos da Shopper.com.br. O tíquete médio fica entre 400 e 550 reais por compra. A grande maioria realiza apenas uma aquisição mensal.

A startup projeta ter gerado uma economia de 1,9 milhão de reais aos seus clientes. Uma parte dessa economia vêm dos novos hábitos e outra das margens da Shopper.com.br, que afirma ter cestas de compras em média 12% mais baratas do que as feitas em e-commerces de apenas um supermercado.

Tanto a Shopper.com.br quanto os supermercados compram direto das fabricantes dos itens. Mas menores estoques dão a possibilidade de a startup não embutir custos de armazenamento e tirar daí a margem que sustenta sua operação. “Só negociamos com a fabricante a partir do momento em que a pessoa confirmou a compra. Se estocássemos, nosso centro de distribuição precisaria ser de seis a dez vezes maior”, afirma Rodas. A Shopper.com.br ocupa um espaço de 2,3 mil metros quadrados em São Paulo.

Aporte e expansão

A Shopper.com.br já havia recebido alguns aportes de investidores-anjo, de valores não revelados. Esta é a primeira rodada institucional da startup. O investimento de 10 milhões de reais veio do fundo de José Gallo (Renner), de Juscelino Martins (do Grupo Martins, de vendas por atacado), de Ariel Lambrecht (99, Yellow) e do fundo de investimentos sementes Canary (investidor de negócios como Facily, Gupy, Loft e Volanty).

“O Galló tem uma obsessão constante em treinar funcionários para encantar o cliente. Acreditamos que ele pode agregar muito com a experiência de décadas no setor de comércio”, diz Negrão. “O Ariel [Lambrecht] sabe muito de tecnologia e da interação dela com o usuário, por meio da experiência do cliente”, completa Rodas.

A startup tem 120 funcionários e  atende 500 bairros da cidade de São Paulo e da próxima Alphaville. Com o aporte, projeta dobrar sua equipe e chegar a mais 300 bairros, incluindo a região do ABC, também próxima à cidade de São Paulo. As principais contratações serão em tecnologia e operação (do empacotamento à entrega).

“Queremos manter nosso padrão de serviço e, ao mesmo tempo, continuar com um crescimento mensal de 20 a 35%. O aumento da base de clientes ativos permitirá negociar preços melhores com a fabricante e proporcionar ainda mais economia”, afirma Rodas.

O modelo de assinatura

A previsibilidade de estoque é comum aos modelos de compra recorrente. Exemplos são os clubes de assinatura, como Leiturinha (livros infantis) e Wine (vinhos), que enviam caixas similares a todos os seus assinantes.

Na Shopper.com.br, porém, há um armazenamento semi-previsível: cada consumidor escolhe o que vai receber e pode mudar sua cesta todos os meses, com apenas alguns dias de antecedência. É um modelo de estoque que fica entre o clube de assinatura e o e-commerce.

A última capa de EXAME realiza uma análise sobre a expansão do modelo de recorrência nos últimos anos. No Brasil, um estudo da ABComm, associação das empresas de comércio eletrônico, identificou um crescimento de 167% no número de clubes de assinatura em quatro anos, de 300, em 2014 para mais de 800, em 2018, com faturamento somado de 1 bilhão de reais.

FONTE: https://exame.com/pme/esta-startup-conquistou-r-10-mi-de-gallo-da-renner-e-lambrecht-da-99/