Escola inteligente: como a inteligência artificial está transformando a educação

Soluções levam tecnologia à sala de aula, otimizam tempo de professores e provam que transformação digital da educação vai muito além do ensino à distância

inteligência artificial é uma tecnologia que está transformando todas as indústrias. Os algoritmos de I.A, quando alimentados por dados, geram automação, preveem comportamentos e criam experiências personalizadas. Na educação, softwares deste tipo têm o potencial de revolucionar o setor, desde a gestão até o aprendizado em si.

No entanto, segundo avaliação de Adriano Mussi, diretor acadêmico e de inteligência artificial da Saint Paul Escola de Negócios, “a educação é o setor menos inovador” no Brasil. O executivo apresentou uma palestra no Edtech Conference 2020, em São Paulo, na qual ressaltou que a educação do futuro precisará ser “orgânica e personalizada”.

Ensino personalizado

Quando se fala em inteligência artificial, um assunto recorrente é a substituição de profissionais por conta da automação. Especialistas na área da educação, no entanto, concordam que a tecnologia não substituirá o professor. Do contrário, ela vem como uma ferramenta para auxiliar o docente dentro e fora da sala de aula.

De acordo com Gabriela Diuana, diretora de gente, cultura e inovação da Cogna, o papel do professor pode mudar em um futuro de médio a longo prazo. “Será muito menos um provedor de conteúdo e mais um mentor. O conteúdo, por sua vez será menos abrangente e mais personalizado”, analisa a especialista durante o Edtech Conference. “O professor vai ‘alimentar’ e guiar a máquina com o conteúdo que o aluno receberá”, explica.

Gabriela afirma que os algoritmos já têm capacidade de identificar quais matérias um determinado estudante precisa estudar mais e, assim, recomendar conteúdos assertivos para que ele desenvolva o conhecimento específico. “Em vez de ele gastar tempo lendo livros e livros, é muito mais fácil ser direcionado para um conteúdo em que ele tem algum tipo de gap”, explica.

Reconhecimento facial e dados

Na mesma linha da executiva da Cogna, a startup e-Campus idealiza a IA como uma ferramenta que auxilia o professor, bem como o gestor de instituições de educação. Os algoritmos desta edtech são aplicados a reconhecimento facial para gerar dados relevantes sobre os alunos e, por consequência, melhorar a experiência de educação de cada um.

“Um ambiente acadêmico mais inteligente é um ambiente que entende como é a experiência das pessoas. Quantos passaram por ali? Quanto tempo ficaram em cada espaço? Hoje, a inteligência artificial aplicada ao reconhecimento de imagem consegue diferenciar as pessoas, identificar emoções e até captar microexpressões”, explica Rufo Paganini, CEO e fundador da e-Campus.

Assim, os algoritmos desenvolvidos pela startup têm diversas aplicações práticas. Por meio do reconhecimento facial, uma câmera inteligente realiza a “chamada” em segundos – o que aumenta o tempo útil em sala de aula e cria relatórios de frequência automaticamente. Mais além, a IA consegue identificar quais alunos estão atentos em que momento da aula e, do outro lado, aqueles que estão entediados ou com dificuldade de compreensão.

Para a gestão das escolas, estes são insights valiosos e podem, inclusive, antecipar quais estudantes têm maior propensão de evasão escolar ou mesmo apresentarem quadros de depressão, por exemplo. “As instituições de ensino podem testar metodologias e, com os dados, descobrir quais engajam mais os estudantes em sala de aula”, ressalta Paganini.

Robô no aprendizado

Uma aplicação prática da inteligência artificial na educação foi apresentada pela Saint Paul Escola de Negócios durante o Edtech Conference. A instituição de ensino desenvolveu um robô, chamado Paul, que interage com os estudantes e identifica conteúdos e formatos de aprendizado que se alinhem com o perfil de cada um.

“Se cada pessoa aprende melhor de um jeito, não faz sentido que todas sejam expostas a um mesmo tipo de aprendizagem”, afirma Adriano Mussi. De acordo com o executivo, o Paul hoje já tem a capacidade de, após traçar o perfil do aluno, criar uma jornada de conteúdos em diferentes formatos, de forma a maximizar seu aprendizado. Ele ressalta, no entanto, que, embora a máquina aprenda a cada experiência, a curadoria dos conteúdos é feita totalmente pelos professores (humanos) da Saint Paul.

Mussi descarta, porém, que o robô seja um substituto de livros, vídeos e outros formatos de conteúdo educativo. “É uma nova forma de aprender complementar. Estamos abrindo o leque de opções com um aprendizado ativo, que vem para dar maior protagonismo para o próprio aluno”, completa.

FONTE: STARTSE