Eretz.bio amplia escopo para acelerar inovação corporativa em saúde

O hub Eretz.bio está passando por uma nova fase de evolução. O centro da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que mantém o Hospital Albert Einstein, está ampliando seu escopo de atuação com o intuito de impulsionar a inovação no setor de saúde.

Estabelecido em 2017 como uma incubadora de startups, o Eretz.bio nasceu com a missão de promover a conexão entre empresas e gerar inovação para as áreas internas do hospital. O hub contou com 55 startups incubadas em 2021, e aumentou a interação com startups internacionais. O ano passado foi encerrado com 16 projetos em discussão, cinco em negociação, 19 em contratação e 46 em execução, além de 34 iniciativas concluídas.

Mas o centro quer ir além do trabalho com startups. Para liderar a nova etapa de desenvolvimento, a Eretz contratou Alexandre Mosquim, que já orquestrou inovação em organizações como Votorantim Cimentos Vale, além de ser co-fundador do movimento Open Innovation Brasil e membro do conselho do Instituto Hélices, cujo foco é inovação colaborativa. Segundo o executivo, que assumiu em fevereiro deste ano, o hub construiu uma proposta de valor diferenciada desde sua fundação.

“Em outros lugares, precisei começar do zero e conscientizar as pessoas sobre o impacto e o poder da inovação aberta. A Eretz.bio, por outro lado, trabalhou na maturidade de produtos e serviços de inovação de uma forma muito forte e estratégica”, pontua o gerente de inovação da Eretz.bio, em entrevista ao Startups.

Apesar do histórico e tradição já estabelecidos no trabalho com startups early-stage, o hub atualmente é “muito mais que uma incubadora”, diz o executivo. “Hoje, nos posicionamos como aceleradora da inovação de organizações de saúde que nos procuram, que querem se transformar, crescer e evoluir”, aponta.

Ao longo dos anos, a Eretz construiu uma prateleira de produtos junto às startups incubadas. Exemplos de startups que passaram por lá incluem a MedRoomPsicologia Viva, N2B, Heart Care, WeCancer Escala. Mas as incubadas ainda enfrentavam desafios em fazer negócios com grandes empresas. “Mesmo com produtos maduros e prontos, estas startups tinham uma dificuldade muito grande de se conectar com o mercado”, diz Alexandre.

O desafio de acelerar

Um dos maiores desafios para a inovação no setor de saúde é, segundo o gerente de inovação, atingir a aceleração tecnológica em escala industrial. “Trata-se de um desafio para a inovação aberta como um todo, mas principalmente principalmente em saúde, que é um ecossistema tão regulado por bons motivos”, pontua o executivo.

“[Empresas do setor] tem uma quantidade gigante de pilotos de sucesso, provam que a tecnologia é comercialmente viável, e que a escala é possível. Trazer isso para o mundo real e escalar é a fase mais difícil”, acrescenta.

A partir destas constatações, o hub começou a investigar as necessidades de inovação do mercado de saúde: indústrias farmacêuticas, operadoras de saúde, redes de farmácias e drogarias, distribuidores de medicamentos. Além disso, o centro se aproximou ainda mais de outros tipos de fornecedoras para o setor, incluindo empresas de tecnologia e outros institutos de ciência e tecnologia.

O gerente de inovação da Eretz.bio, Alexandre Mosquim

“Apoiamos organizações no processo de evangelização, na transformação de fluxos internos para que elas possam criar formas de conexão com o ecossistema. O objetivo é possibilitar que startups possam oferecer seus produtos e serviços de forma fluida e dinâmica para o mercado como um todo, além de trabalhar nas demandas da Sociedade [Albert Einstein],” pontua. Atualmente, a Eretz trabalha com nomes como PfizerGSK e Raia Drogasil nestes projetos.

Nesse movimento de ir além da tradição inicial da Eretz.bio com inovação corporativa, Alexandre enfatiza que o hub não vai deixar de focar em startups. “As startups sempre serão o grande combustível e inspiração para as grandes corporações, em termos de sensibilização, evangelização de grandes corporações de saúde, e geram conexões de valor”, ressalta o executivo, acrescentando que o hub tem buscado automatizar processos para identificar e se conectar com startups, que ainda é predominantemente manual.

A verticalização da Eretz.bio

Entre as prioridades para os próximos meses para o hub de inovação do Einstein, está a verticalização. Exemplos deste movimento incluem o fortalecimento do eixo de medical devices e digital health, e a criação de novas áreas de atuação. Há duas semanas, o eixo de biotecnologia foi lançado, com foco em pesquisadores que podem se tornar empreendedores. Além disso, um eixo de soluções para saúde pública também está no horizonte.

Chamadas para a seleção de startups a serem incubadas em todos estes eixos estão em andamento ou no horizonte para os próximos meses. Segundo Alexandre, o número de startups incubadas deve aumentar naturalmente, mas a ideia não é focar na quantidade, e sim na qualidade das conexões. “Não veremos a Eretz dizendo que é a maior incubadora em termos de números de startups com as quais trabalhamos. O que buscamos, para além da quantidade, é o impacto no mercado de saúde”, ressalta.

No entanto, há uma intenção de buscar um equilíbrio em termos de áreas de atuação das startups. Por exemplo, biotecnologia atualmente representa 20% do portfólio, e a ideia é aumentar o percentual nesta área, assim como em medical devices. Atualmente, 60% das startups incubadas pela Eretz snao do segmento de soluções digitais.

Ao comentar sobre a visão para os próximos meses, Alexandre antecipa um fortalecimento dos novos eixos de atuação do hub, bem como da atuação junto a organizações na promoção de iniciativas de inovação corporativa. “Vemos cada vez mais redes e organizações focadas em saúde surgindo, principalmente pós pandemia. Seria muito bom ter uma rede extremamente colaborativa e gerar resultados, com todos se tornando aceleradores da transformação no setor”, ressalta o executivo.

“A Eretz.bio se consolidou no mercado como uma incubadora de startups e essa evolução para ser aceleradora do ecossistema de saúde como um todo não acontece da noite para o dia. Mas ela já está acontecendo a todo o vapor”, conclui.

FONTE: https://startups.com.br/noticias/eretz-bio-amplia-escopo-para-acelerar-inovacao-corporativa-em-saude/